WASHINGTON DC, 28 de set de 2020 às 08:51
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou oficialmente Amy Coney Barrett como sua indicada na tarde de sábado, 26 de setembro, para preencher a vaga na Suprema Corte deixada pela morte da juíza Ruth Bader Ginsburg.
Trump apresentou Coney Barrett em uma entrevista coletiva no Jardim das Rosas da Casa Branca. Agora, o comitê judicial do Senado deve programar audiências para a votação na Câmara Alta, que poderia ser realizada no final de outubro.
Ao anunciar a nomeação de Amy Coney Barrett, o Presidente dos Estados Unidos lembrou que "esta é minha terceira nomeação" para juízes da Suprema Corte. "Hoje é uma honra indicar uma de nossas mentes jurídicas mais brilhantes e talentosas".
Trump assegurou que Coney Barrett é "uma mulher de realizações incomparáveis, intelecto imponente, excelentes credenciais e lealdade inabalável à Constituição", assim como "eminentemente qualificada" para a Suprema Corte.
Por sua vez, a indicada à Suprema Corte disse que se sentia "profundamente honrada" com a decisão de Trump. "Prometo cumprir as responsabilidades deste trabalho com o melhor de minhas habilidades", acrescentou.
Barret nasceu em Nova Orleans e cresceu como a mais velha de sete irmãos, formou-se no Rhodes College e, depois, recebeu uma bolsa integral para a Faculdade de Direito Notre Dame, onde se formou como a melhor de sua turma.
Foi assistente jurídico do juiz Laurence Silberman e do falecido juiz da Suprema Corte, Antonin Scalia. Depois, dedicou-se a exercer sua profissão de forma privada. Em 2002, voltou para a Faculdade de Direito de Notre Dame para lecionar e em 2010 tornou-se professora.
A juíza elogiou Antonin Scalia como mentor intelectual e também por sua dedicação ao textualismo, que defende que a Constituição deveria ser interpretada no contexto no qual foi escrita.
Em um evento realizado em novembro de 2016, em Jacksonville, referindo-se a uma vaga anterior na Suprema Corte, Barrett disse que Scalia “resistiu à ideia de que a Suprema Corte deveria estar no negócio de impor seus pontos de vista de costumes sociais sobre o povo norte-americano", e que achava que deveria depender “do povo decidir” coisas na Constituição que não estavam explicitamente proibidas ou permitidas”.
A escolha de Coney Barrett foi muito aguardada, com muitos meios de comunicação assinalando-a como a principal candidata à indicação. Já havia enfrentado críticas de alguns meios de comunicação por causa de sua fé católica.
Durante sua audiência de nomeação em 2017 para o Tribunal de Apelações do Sétimo Circuito, a senadora Dianne Feinstein, do Partido Democrata, questionou Coney Barrett sobre seus valores pessoais e fé, dizendo que “quando lemos seus discursos, a conclusão à qual chegamos é que o dogma vive fortemente em você. E isso é algo preocupante”.
Pouco mais de duas semanas depois de Barrett ter sido confirmada no Tribunal de Apelações do Sétimo Circuito, foi adicionada à lista de possíveis candidatos à Suprema Corte do presidente Donald Trump, e houve rumores de que seria uma das finalistas para substituir o juiz Anthony Kennedy, que se aposentou do cargo em 2018.
Coney Barrett e seu marido têm sete filhos, incluindo dois haitianos adotivos. Em uma entrevista em um evento de ex-alunos da Notre Dame, em Washington, D.C., a juíza disse que criar os filhos é “onde você deve ter o seu maior impacto no mundo” e que ela não poderia imaginar nada maior.
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Em meio a um renovado escrutínio da vida pessoal e da fé de Coney Barrett, e enfrentando um difícil processo de confirmação de sua nomeação, Robert George, professor da Universidade de Princeton, alertou para as críticas anticatólicas usadas contra a juíza.
“Era de se esperar que, tendo se envergonhado de si mesmos da última vez depois de atirar sua lança contra a juíza Barrett para atacar sua religião, desta vez tivessem mais cuidado para expor seu preconceito em público. Mas não", disse no Twitter.
Durante as audiências de confirmação, a relação de Coney Barrett com a organização leiga People of Praise (Povo do Louvor) também foi questionada.
Os meios de comunicação qualificaram People of Praise como um "culto" e criticaram a organização por uma prática, modificada desde então, que consistia em chamar líderes de "cabeças" e "donzelas", que são referências a passagens bíblicas.
Mas o grupo é uma expressão comum do desejo cristão de comunidade e santidade, e não um motivo de preocupação, disse Dom Peter Smith, membro da organização, à CNA, agência em inglês do Grupo ACI.
People of Praise foi fundada em 1971 como parte de um “grande surgimento de ministérios e movimentos leigos na Igreja Católica” após o Concílio Vaticano II. O grupo começou com 29 membros que formaram uma aliança ou acordo, não um juramento, de seguir princípios comuns, como dar cinco por cento da renda anual ao grupo e se reunir regularmente para projetos espirituais, sociais e de serviço.
As comunidades da aliança, protestantes e católicas, surgiram na década de 1970 como parte do movimento da Renovação Carismática do Cristianismo nos Estados Unidos.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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