Roma, 30 de set de 2020 às 15:30
A relíquia de sangue de São João Paulo II que estava na catedral de Spoletto-Nursia foi a última de uma longa série de relíquias roubadas nos últimos anos na Itália. Na verdade, em 2014, já haviam roubado outra de um santuário dedicado ao Papa peregrino.
Nos últimos 30 anos, na Itália, pelo menos outras oito relíquias foram roubadas, um número que revela que esses eventos não são novos e que, infelizmente, estão aumentando.
As razões para esses roubos são diversas. Às vezes, são roubadas para serem vendidas na Internet, onde o tráfico desses objetos sagrados está crescendo apesar da proibição e do fato de muitos dos que são oferecidos online serem falsos. Às vezes são usados como resgate e às vezes o furto expressa uma espécie de “raiva”, e depois são devolvidas.
Em 1981, em Veneza, os restos mortais de Santa Luzia foram roubados. Em 1983 em Cosenza, um dente de São Francisco de Paula desapareceu. Em 1991, em Pádua, o queixo de Santo Antônio foi roubado, enquanto em 1999, em Cortona, roubaram um pedaço do hábito de São Francisco. Em 2003, em Terni, desapareceu um osso do crâneo de São Valentim.
Dois roubos tiveram relação com Dom Bosco, o santo fundador dos Salesianos. Em 2011, em Alasso, roubaram um osso de uma de suas mãos e, em 2017, em Asti, retiraram o cérebro do santo sacerdote.
Quando este foi roubado, os Salesianos emitiram um comunicado afirmando que podiam roubar-lhes uma relíquia, mas ninguém podia tirar Dom Bosco deles. Isso é verdade, e vale para todos os santos, mas este tipo de roubos certamente afeta fortemente os fiéis devotos.
O caso do roubo do queixo de Santo Antônio, em Pádua, em 1991, é curioso porque não estava relacionado ao tráfico de relíquias, nem a seitas satânicas ou a algum tipo de pedido. O queixo foi roubado pela máfia de Brenta, sob a liderança de Felice Maniero, que queria forçar o governo a aceitar a restituição, libertando seu primo Giulio Rampin e revogando a vigilância especial para si mesmo. Deve ter conseguido algo porque Rampin foi libertado e Maniero teve algumas permissões especiais. A relíquia foi devolvida 71 dias após o roubo.
Além disso, como Felice Maniero disse ao jornal Il Messaggero di Sant’Antonio, em 2011, o alvo do roubo não era o queixo de Santo Antônio, mas a sua língua, que os ladrões acreditavam que devia estar no queixo.
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Para que uma relíquia seja considerada autêntica, deve ser acompanhada de uma bula que reconheça sua autenticidade, a qual deve ter a assinatura do Bispo responsável. Além disso, o relicário deve ser lacrado. As que são oferecidas na Internet não possuem essas características.
As relíquias são objetos sagrados relacionados aos santos. Têm vários graus. As de primeiro grau são o corpo dos santos, as de segundo são seus pertences; e as de terceiro grau são outros objetos que foram tocados por relíquias de primeiro ou segundo grau.
Publicado originalmente em ACI Stampa.
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— ACI Digital (@acidigital) April 10, 2019