Vaticano, 5 de out de 2020 às 10:30
A funcionária do Vaticano, Francesca Di Giovanni, disse às Nações Unidas que as mulheres merecem algo melhor que "os chamados novos direitos" e lamentou que o dinheiro que deveria ir para melhorar a saúde e o bem-estar das mulheres, especialmente daquelas que sofrem a pobreza, é investido na “saúde sexual e reprodutiva”.
Por ocasião do 25º aniversário da IV Conferência Mundial sobre a Mulher realizada em Pequim (China), Di Giovanni enviou uma mensagem à ONU na qual afirmou que o Vaticano promove os direitos das mulheres e busca a dignidade de todo ser humano.
A Santa Sé “continua como firme promotora da dignidade da mulher, baseada, sobretudo, no reconhecimento de que a dignidade de cada ser humano, homem ou mulher, é o fundamento do conceito dos direitos humanos universais”, acrescentou.
A funcionária assinalou que o Papa Francisco destacou o profundo problema da "cultura do descarte", que " causou novas formas de pobreza e exploração de muitas mulheres, como também novas ameaças à sua vida e dignidade".
Di Giovanni destacou que entre as chaves para alcançar a igualdade das mulheres, o acesso aos cuidados médicos é primordial e destacou que "centenas de milhões de mulheres e crianças carecem de cuidados médicos básicos e de nutrição e saneamento adequados".
“Em vez de investir recursos para remediar essas deficiências e melhorar a saúde e o bem-estar gerais das mulheres, alguns deram muita ênfase a certos aspectos da saúde sexual e reprodutiva das mulheres, incluindo a supressão de sua capacidade para a maternidade”, lamentou.
A responsável indicou que “as mulheres merecem algo melhor” do que a luta constante pelo reconhecimento destes “novos direitos, que não se encontram no mandato da Quarta Conferência Mundial nem nos tratados internacionais de direitos humanos”.
“Deve-se cuidar da saúde de uma forma mais integral, principalmente nas situações de emergência, onde o que às vezes é considerada uma 'solução imediata' implica mais violência, isolamento e desespero”, acrescentou.
Outro ponto chave que a funcionária destacou é a pobreza e destacou que as mulheres não devem ser forçadas “a escolher entre o trabalho e o desejo de constituir uma família” para alcançar o seu progresso econômico.
“As mulheres devem ser reconhecidas como protagonistas dignas do seu desenvolvimento integral, que comporta sua plena participação cultural, social e política”, indicou.
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Além disso, enfatizou que o acesso à educação continua sendo a chave para a luta pela igualdade das mulheres e destacou a importância do trabalho da Igreja "para garantir que as meninas também recebam educação".
Por último, lamentou “a desumanização e a violência sofrida por muitas mulheres” e recordou que o Santo Padre assinalou que atualmente muitas mulheres “são continuamente insultadas, espancadas, violadas, obrigadas a prostituir-se e a suprimir a vida que levam no ventre”.
“As mulheres e as meninas continuam sofrendo com a cultura hedonista e comercial difundida, que as reduz a objetos sexuais e a produtos de uso e consumo, como acontece com a pornografia, a barriga de aluguel e o tráfico de pessoas”, indicou.
Di Giovanni pediu à ONU abordar esses desafios enfrentados pelas mulheres e enfatizou que cada uma tem "dons especiais, que podem reverter a cultura do descarte e remediar seus efeitos".
“Cada passo dado pelas mulheres representa um passo ulterior rumo a uma cultura e humanidade autênticas”, concluiu.
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