SANTIAGO, 23 de out de 2020 às 15:07
A brutalidade do atentado perpetrado contra a paróquia da Assunção em 18 de outubro em Santiago, no Chile, provocou a suspensão de um projeto de restauração do templo que deveria começar no dia 8 de novembro.
Esta igreja e a de São Francisco de Borja, localizada a cerca de dois quarteirões de distância e usada para o escritório dos Carabineiros, foram violentamente atacadas no dia 18 de outubro por uma multidão que participava das manifestações um ano após a rebelião social no Chile.
No caso da igreja da Assunção, os vândalos forçaram os acessos para destruir o escritório da paróquia, as salas contíguas e os escassos móveis e imagens religiosas remanescentes de ataques anteriores, o mais forte em novembro de 2019.
Em seguida, atearam fogo, destruindo o telhado e as estruturas de madeira.
Em conversa com ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, a diretora nacional da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre no Chile, Magdalena Lira, explicou que o projeto de reparação nasceu depois do atentado contra a paróquia em 8 de novembro de 2019.
A este projeto se somaram o Santuário Maria Auxiliadora em Talca e a igreja de São Francisco de Ancud, que também foram atacados em novembro de 2019 e janeiro de 2020, respectivamente.
O projeto que seria apresentado no dia 8 de novembro, início do Mês de Maria no Chile, contemplava melhorias na segurança externa da igreja por sua proximidade com a rua e com a Praça Itália, local onde se concentram manifestações de todos os tipos.
Além disso, contemplava o reforço de portas e vitrais, a restauração e compra de móveis, a reforma das paredes internas e de pinturas e imagens, e a melhoria do sistema elétrico e de iluminação.
Durante esses meses, Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) incentivou a campanha até alcançar um valor de cerca de 70 milhões de pesos.
Além de expressar sua dor pela situação, Lira explicou que, na situação atual, os escombros devem ser retirados primeiro do local, que os especialistas avaliem para descartar danos estruturais e possíveis intervenções.
"Depois de ver em terreno o estado da Igreja, estamos falando de centenas de milhões de pesos", assegurou.
Magdalena Lira, que conhece a realidade dessas comunidades que fazem parte das 57 igrejas e capelas que foram vandalizadas de alguma forma no Chile no ano passado, incentivou três ações que podem amenizar a dor e apoiar esta comunidade.
A primeira coisa é rezar pela comunidade e seu pároco, Pe. Pedro Narbona, porque “tudo foi destruído, não sobrou nada”, “é um golpe para a comunidade, porque não só entraram para destruir um templo, mas a comunidade viu como queimaram na rua sua história”.
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“A igreja recolhe a história da comunidade, a sua vida sacramental, os momentos de alegria, aí descansam a alma, encontram-se em comunidade com Deus e ver que isso é destruído não por uma catástrofe natural ou um defeito técnico é um golpe violento” acrescentou Lira.
A segunda coisa é nos perguntar “o que está acontecendo conosco como sociedade” e “condenar categoricamente a violência”, mas “por nenhum motivo cair em vingança. Queimar igrejas não vai resolver os legítimos problemas do povo”, garantiu.
Por último, compreendendo a difícil situação econômica do país, a diretora nacional da ACN Chile convidou "cada um a ajudar concretamente na medida de suas possibilidades" nos projetos de reconstrução.
Nesse sentido, Lira destacou as significativas doações de pessoas humildes assim como as de grupos e empresas.
A diretora nacional da ACN Chile explicou que, embora exista uma crise institucional no país que pode favorecer estes atos violentos, “é fundamental ver a dor que causam”.
Em uma “sociedade tão fraturada e como é importante trabalhar para nos reencontrar, para que haja diálogo entre nós, para que aprendamos a tolerar e respeitar os outros nas suas diferenças, na sua forma de pensar, na sua forma de acreditar, temos que nos sentir irmãos de novo”.
Da mesma forma, afirmou que “o ataque às igrejas afeta também a prática do direito humano fundamental da liberdade religiosa. Não podemos violar esse direito ou limitá-lo ”.
"Isso deve abalar todos nós porque a violência não nos leva a lugar nenhum, sabemos onde começa, mas não onde termina", disse Lira.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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