A revista jesuíta America Magazine publicou uma nota em 24 de outubro na qual indicava ter o contexto da frase do Papa Francisco sobre a "convivência civil" de homossexuais e que suscitou polêmica desde quarta-feira quando foi apesentado o documentário "Francesco”.

“O que devemos fazer é uma lei de convivência civil. Eles têm o direito de estar cobertos legalmente”, pode-se ver o Papa Francisco dizer em uma parte do documentário em que se refere à pastoral de pessoas que se identificam como LGBT. “Eu defendi isso”, acrescenta o Santo Padre.

O documentário "Francesco" deu a volta ao mundo devido ao aparente apoio do Papa às leis da união civil, algo que contrasta com a posição de seus antecessores.

Embora o diretor russo Evgeny Afineevsky tenha dito à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – e a outros jornalistas que os comentários sobre as leis de convivência ou união civil foram ditos a ele, foi posteriormente revelado que faziam parte de uma entrevista feita em 2019 por Valentina Alazraki, jornalista mexicana da Televisa.

Também se soube depois que as declarações do Santo Padre foram muito editadas para o documentário. Desde então, os jornalistas questionaram a natureza precisa das declarações do Pontífice sobre a união civil de homossexuais.

A declaração sobre a convivência civil não está presente na versão publicada da entrevista de Alazraki e não foi divulgada. No entanto, a revista jesuíta America Magazine publicou no sábado, 24 de outubro, o que seria o contexto das declarações do Papa sobre as uniões civis.

Em sua entrevista, Alazraki fez ao Santo Padre a seguinte pergunta: “O senhor travou toda uma batalha sobre os casamentos igualitários, de casais do mesmo sexo na Argentina. E depois, como disse, dizem que chegou aqui, elegeram-no Papa e parecia muito mais liberal do que era na Argentina. O senhor se reconhece nessa descrição feita por algumas pessoas que o conheceram antes, ou foi a graça do Espírito Santo que lhe deu mais (risos)”.

A resposta do Santo Padre, segundo indica America, foi a seguinte: “A graça do Espírito Santo certamente existe. Eu sempre defendi a doutrina. E é curioso, na lei do casamento homossexual, é uma incongruência falar de casamento homossexual. O que devemos fazer é uma lei de convivência civil. Eles têm o direito de estar cobertos legalmente”.

A novidade que a America apresenta é o contexto da frase que tem gerado polêmica e que não está na entrevista publicada por Televisa, que em 23 de outubro esclareceu que nunca teve aquele trecho do vídeo gravado e editado pelo Vaticano.

Do mesmo modo, não está claro quando o Papa disse "eu defendi isso" ou se esta frase se refere à declaração sobre a convivência civil. A revista jesuíta também não indicou como teve acesso às imagens omitidas na entrevista com Alazraki.

Uma análise feita por ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI – revelou ainda que as declarações do Papa apresentadas no documentário sobre as uniões civis foram muito editadas, com várias frases da entrevista de 2019 acomodadas para apresentá-las como um todo coerente.

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A tradução da frase do Papa “convivência civil” também foi fortemente contestada.

Alguns analistas sugeriram que não deveria ter sido traduzido como união civil (civil union, em inglês), que é como aparece no documentário "Francesco".

No entanto, o Arcebispo argentino Víctor Manuel Fernández, conselheiro teológico do Papa Francisco, publicou um comentário no Facebook no qual disse que os termos “convivência civil” e “união civil” são o mesmo reconhecimento legal para “uniões muito estreitas entre pessoas do mesmo sexo”.

A publicação foi apagada posteriormente, mas pode ser vista a seguir:

A sala de imprensa do Vaticano ainda não respondeu a um pedido de esclarecimento sobre as declarações do Papa.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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