PEQUIM, 6 de nov de 2020 às 10:30
Oito religiosas católicas da província chinesa de Shanxi deixaram seu convento após perseguições e intimidações cometidas por policiais locais, como a remoção da cruz principal, das cruzes dentro do prédio e uma dúzia de imagens religiosas.
Segundo a revista Bitter Winter, dedicada à liberdade religiosa e aos direitos humanos na China, as irmãs suportavam a vigilância constante até que a cruz principal do convento foi removida. “A cruz é um símbolo de salvação. Tirar foi como se tivessem tirado um pedaço de carne de nós”, disse uma das religiosas.
"Se nos opuséssemos, o governo teria demolido o convento", assinalou.
“Os policiais nos declararam ‘pessoas perigosas’ e repetidamente nos assediavam. Pediram que escrevêssemos o que havíamos feito na vida desde o jardim de infância e exigiram que revelássemos tudo o que fizemos nos últimos meses. Inclusive, queriam que lembrássemos os números das placas dos carros em que estivemos em nossas viagens”, contou.
Quatro câmeras de segurança foram instaladas no convento e planejavam colocar outras na sala de jantar, cozinha e lavanderia, mas as freiras conseguiram impedir.
Uma das irmãs disse que “três pessoas, um policial e duas autoridades locais, foram designadas para nos observar. Entravam no convento com frequência para perguntar sobre nossas atividades, às vezes à noite. O governo inclusive contratou alguns bandidos para nos assediar. Chegavam a entrar na cozinha para nos intimidar e atuar de forma indecente, e pediam para que comêssemos com eles”.
Os católicos na China sofrem perseguições constantes. A pressão e os ataques aumentaram desde antes da recente renovação do acordo do Vaticano com o regime chinês para a nomeação de bispos, em outubro passado.
No dia 13 de setembro, uma igreja católica na cidade de Shnezhou, na província de Hebei, foi fechada por se recusar a fazer parte da Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), braço do governo dedicado ao controle da Igreja Católica no país.
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“O Partido Comunista está exercendo uma repressão religiosa que é ainda mais severa do que na época da revolução cultural” de Mao Tse Tung, nas décadas de 1960 e 1970, disse um membro da comunidade local.
Outra igreja na cidade de Yotong, distrito de Luancheng, também na província de Hebei, foi fechada em setembro por se recusar a aderir à ACPC. Se ingressarmos na ACPC, seremos totalmente controlados pelo Partido Comunista, seremos arrancados de Deus. Não vamos desistir!”, disse um fiel local.
Um templo em Shijiazhuang foi fechado em maio e o sacerdote encarregado também foi obrigado a ingressar na ACPC. O presbítero se opôs, fugiu e agora faz algumas celebrações em segredo.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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