Em um acontecimento histórico, o ex-presidente da Nicarágua, Daniel Ortega (1979-90), líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) pediu perdão pelos atropelos que a revolução sandinista cometeu contra os bispos da Igreja Católica no marco dos 25 anos da revolução.

“Erramos, cometemos muitos erros e atropelamos  figuras tão respeitadas da Igreja”, disculpou-se Ortega, em um discurso na cidade de Jinotepe.

O ato, efetuado pelas celebrações de  25 aniversário da revolução, foi presidido por Dom Bismark Carballo, um dos bispos que foi humilhado pelo passado regime sandinista, ao ser exposto nú diante das câmaras de televisão.

“Passamos por cima de  figuras tão respeitadas como Dom Carballo, a quem agora lhe pedimos perdão em público para que não fique dúvida de nossa sincera aceitação desses desacertos”, manifestou Ortega.

Carballo, emocionado, aceitou as desculpas do líder sandinista, a quem deu as mãos em sinal de reconciliação.

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“Desde que nós celebramos o jubileu por convicção cristã, oferecemos o perdão e talvez hoje foi uma oportunidade pública de estender a mão sem nenhuma amargura e com o desejo sincero de que construamos uma Nicarágua nova”, afirmou o Bispo.

O religioso, reconheceu que há cicatrizes que não se esquecem facilmente, “mas nestes momentos o mais importante é que sim há perdão,  e isso supera qualquer outra realidade”.

Os partidos opositores acusaram Ortega  de que sua aproximação ao FSLN com a  Igreja Católica é uma estratégia política por causa das eleições municipais de novembro próximo e das presidenciais  de 2006, nas quais Ortega concorrerá pela quarta vez.

“É difícil poder ler as intenções no coração das pessoas,  o importante é que todos  construamos uma Nicarágua reconciliada”, comentou o  Prelado.

A aproximação entre o FSLN e a Igreja se evidenciou recentemente, quando o Cardeal Miguel Obando y Bravo, um férreo crítico do governo revolucionário dos anos 80, anunciou que oficiará uma Missa durante a celebração do 25 aniversário do triunfo sandinista, no próximo dia  19 de julho em Manágua.