VARSOVIA, 10 de nov de 2020 às 11:00
Em 9 de novembro, o Arcebispo de Varsóvia, Cardeal Kazimierz Nycz, inaugurou a fase diocesana da causa de beatificação da Irmã Wanda Boniszewska, uma religiosa polonesa que supostamente teve estigmas e que foi torturada pela polícia secreta de Joseph Stalin, o ditador da extinta União Soviética.
A celebração ocorreu na capela da Casa do Arcebispo de Varsóvia, capital da Polônia. Durante a cerimônia, o Cardeal conversou com os membros do tribunal para examinar como a Irmã Wanda viveu heroicamente as virtudes, um dos requisitos para sua beatificação.
Em 2 de outubro, o Purpurado emitiu um edital anunciando que a Arquidiocese de Varsóvia pretendia iniciar o processo de beatificação. O decreto descrevia o trabalho realizado até então e fazia um chamado para que os documentos, cartas e mensagens relativos à Irmã Wanda fossem enviados ao postulador de sua causa.
“Tudo isso deve ser feito para a maior glória de Deus”, escreveu o Cardeal Nycz. O edital também ofereceu um resumo da vida de Boniszewska.
Segundo o documento, a religiosa nasceu em 1907 em Kamionka, perto da cidade de Novogrudok, na atual Bielorrússia. Aos 16 anos, ingressou na Congregação das Irmãs dos Anjos, comunidade religiosa polonesa sem hábitos fundada em 1889, em Vilnius, atual capital da Lituânia.
Depois da primeira profissão, a Irmã Wanda disse que Jesus lhe pediu que oferecesse seus sofrimentos pela expiação dos pecados das “almas consagradas a Mim”. Em 1933, a freira fez a profissão completa e, posteriormente, presume-se que recebeu os estigmas de Cristo.
Seu "Diário Espiritual" publicado em 2016 descreve suas experiências místicas entre 1921 e 1980. Os comentaristas traçaram paralelos entre a obra e o "Diário" da santa polonesa Faustina Kowalska, que escreveu uma série de mensagens de Jesus sobre a devoção à Divina Misericórdia.
A espiritualidade da irmã Wanda se centrava em oferecer seus sofrimentos para expiar os pecados, especialmente dos sacerdotes. A abertura de sua causa coincide com uma série de casos de abuso clerical de alto perfil na Igreja polonesa.
Em 11 de abril de 1950, a irmã foi presa e torturada pelo NKVD, chamado Comissariado do Povo para Assuntos Internos, que era a polícia secreta soviética e precursora da KGB, o serviço secreto da União Soviética. Um ano depois, ela foi exilada na Sibéria e em 1956 foi libertada pelas autoridades soviéticas e retornou à Polônia.
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Irmã Wanda faleceu, aos 96 anos, em 2 de março de 2003, em Konstancin-Jeziorna, uma cidade ao sul de Varsóvia, após ter passado 76 anos como religiosa.
Durante a cerimônia, o postulador Pe. Michal Siennicki disse que “o processo que iniciamos hoje visa mostrar que o heroísmo é possível mesmo nas circunstâncias mais difíceis da vida”.
“Wanda Boniszewska, apesar da injusta condenação a anos na prisão soviética, permaneceu heroicamente diante de Cristo, sendo sua testemunha, carregando as feridas de Cristo no seu corpo e oferecendo os seus sofrimentos pelos sacerdotes”, concluiu.
Publicado originalmente em CNA.
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