ROMA, 27 de set de 2005 às 19:40
Ante as amostras de intolerância de alguns estudantes universitários contra as opiniões do Vigário para a diocese de Roma e Presidente da Conferência Episcopal italiana (CEI), Cardeal Camillo Ruini, o Secretário Geral desta entidade, Dom Giuseppe Betori, assegurou que "a Igreja não se deixará intimidar" e os "bispos seguirão falando serenamente, como nos pede o Evangelho".
"A Igreja não se deixará intimidar", continuará defendendo a família fundada só no matrimônio, disse o Prelado referindo-se aos assobios que recebeu o Cardeal no sábado passado por parte de um grupo de estudantes na Universidade de Siena logo que o Cardeal criticasse a possível legalização dos casais de fato.
Dom Betori, declarou que a Igreja tem direito a opinar e suas declarações "não têm que ser consideradas uma interferência ou ingerência na vida do país".
"Episódios de intolerância se registraram também no passado", acrescentou o secretário da CEI e afirmou que "a Igreja tem o dever de falar forte e claro para iluminar aos fiéis e a todos os homens de boa vontade tanto em matéria de fé como sobre os temas de grande relevância moral como a vida humana, a justiça e a solidariedade".
Alguns políticos qualificaram de “atos indignos” os assobios dos estudantes que interromperam a exposição do Cardeal. Entretanto, membros de partidos identificados com a esquerda radical e o partido Verde lançaram acusações de "ingerência" da Igreja em assuntos públicos comentando com sarcasmo que "quem faz política como Ruini corre o perigo de que de vez em quando lhe assobiem".
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Uniões de fato são inaceitáveis
Em meio de um debate público sobre a legalização na Itália das uniões de fato através do Pacto Civil de Solidariedade (PACS), o Episcopado recordou nessa terça-feira que a Igreja "considera inaceitável o reconhecimento jurídico das uniões de fato" e que sobre o particular o Conselho permanente da CEI se mostrou "unânime".
"Por isso os bispos pedem respeito da instituição familiar fundada sobre o matrimônio, no espírito da jurisprudência constitucional, pela que a convivência "more uxorio" não pode ser assimilada à família, por isso não necessita ser tratada da mesma maneira", afirmam os bispos no documento.
Por último, o órgão episcopal denunciou que este tema distrai a discussão de um problema mais importante como é "a falta de apoio da política à família, cujas conseqüências se refletem em particular no triste recorde italiano de escassa natalidade".