PARIS, 11 de nov de 2020 às 14:37
O ex-Núncio Apostólico na França, Dom Luigi Ventura, enfrenta um julgamento que iniciou na terça-feira, 10 de novembro, após ser acusado por vários homens de toques indevidos desde 2018, acusações que o Arcebispo nega.
Dom Ventura apresentou sua renúncia ao cargo em dezembro de 2019, ao completar 75 anos de idade, a idade de aposentadoria para os bispos. O Papa Francisco aceitou sua renúncia menos de dez dias depois.
Para permitir que o julgamento ocorresse nos tribunais franceses, o Vaticano já havia revogado a imunidade diplomática de Dom Ventura em julho de 2019.
"O bispo Ventura espera impacientemente por este julgamento para que possa se explicar e que sua inocência seja revelada e reconhecida", disse sua advogada, Solange Doumic, à Agence France Presse (AFP)
A advogada indicou que o próprio ex-anúncio solicitou "o levantamento da imunidade para que pudesse se explicar diante dos tribunais". No entanto, os advogados dos acusadores assinalam que esta ação foi tomada graças à pressão dos autores em fevereiro de 2019.
"Diante da negação do Sr. Ventura, meu cliente espera que o tribunal ouça suas palavras e reconheça sua condição de vítima", disse Elise Arfi, advogada de Mathieu de La Souchère. O cliente de Arfi foi o primeiro a acusar o Arcebispo, segundo a AFP.
A primeira acusação contra Dom Ventura veio em janeiro de 2019, quando foi acusado de tocar indevidamente um funcionário municipal em uma recepção de ano novo na prefeitura de Paris. A acusação foi investigada pelas autoridades parisienses durante vários meses.
Desde então, quatro outros homens na França relataram incidentes semelhantes. Segundo o jornal Le Figaro, em 15 de fevereiro outro homem acusou o ex-núncio de toque indevido em uma recepção realizada em dezembro de 2018. Em 18 de fevereiro, um terceiro homem, que também trabalha na prefeitura de Paris, acusou o Prelado de atos supostamente ocorridos em janeiro de 2018.
Outro funcionário informou os investigadores sobre os eventos que teriam ocorrido em dezembro de 2018 e depois em fevereiro de 2019.
Por fim, destaca Le Figaro, em 11 de março um seminarista apresentou uma denúncia por agressão sexual que teria ocorrido em 8 de dezembro de 2018, antes e durante uma Missa celebrada na igreja de Saint-Maur-les-Fossés.
Outro homem adulto no Canadá, onde Dom Ventura foi núncio entre 2001 e 2009, o acusou de má conduta sexual que teria ocorrido em 2008, acusação que o Arcebispo também nega.
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Na França, a má conduta de que o ex-núncio é acusado pode ser punida com até cinco anos de prisão e uma multa que pode chegar a 75 mil euros, cerca de 89 mil dólares.
Dom Ventura mora em Roma desde setembro de 2019, segundo a agência francesa I.Media. Por isso, sua advogada o representa perante o Tribunal Correcional de Paris, onde o processo é conduzido.
Dom Luigi Ventura foi ordenado sacerdote na diocese italiana de Brescia em 1969. Entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1978. Trabalhou no Brasil, Bolívia e Reino Unido.
Entre 1948 e 1995 trabalhou na Seção de Relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano.
Após a sua consagração episcopal em 1995, Dom Ventura serviu como Núncio Apostólico na Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Chile e Canadá; neste último país trabalhou desde 2009.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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