Roma, 2 de dez de 2020 às 06:00
O diretor do Coro da Diocese de Roma, Mons. Marco Frisina, ofereceu dez conselhos para que os coros cumpram bem a sua missão e não cometam erros na Missa.
O sacerdote e autor do livro "Mio Canto è il Signore" (Meu canto é o Senhor) deixou estas recomendações durante um diálogo com o jornal ‘Avvenire’, dos bispos italianos, no âmbito do terceiro encontro internacional de coros, realizado em 2018, em Roma.
1. O coro acompanha, não é o protagonista
O sacerdote recorda que, embora o coro seja uma realidade muito presente nas paróquias, “pode cair em algumas tentações que obscurecem a sua eficácia”, pois a sua missão principal é "acompanhar".
"O coro não é um elemento estranho à assembleia, mas faz parte do povo de Deus que vive a celebração. Sua tarefa é acompanhar a comunidade no louvor a Deus através do canto".
Levando isto em consideração, disse Mons. Frisina, o coro deve "estar acompanhado pela mesma comunidade, porque está a seu serviço e não pode ser autorreferencial".
2. A Missa não é um concerto
O canto litúrgico "não é uma exibição", sublinha o sacerdote. Por isso, na Missa, “deve-se evitar o ‘efeito concerto’, porque a liturgia não é um espetáculo, mas uma verdade".
"Se o coro é chamado a dar o melhor de si mesmo, tudo deve ocorrer de acordo com um espírito de serviço", indicou.
3. Escolher bem os cantos
Os cantos, explicou, devem ser escolhidas de forma adequada para que sejam relacionados ao tempo litúrgico: "Um canto de Quaresma é diferente de um do tempo pascal e os cantos do Advento não são comparáveis ao do Natal", disse.
"O Missal e a Liturgia das Horas indicam qual o conteúdo que deve estar nos cantos ou que coisas devem inspirar. O tema da escolha adequada é essencial porque o canto deve mover a oração dentro da Missa", destacou.
4. Cantos que não sejam complicados e tenham referências espirituais
Mons. Frisina incentiva a preferir "melodias não muito complexas nem complicadas, mas fáceis de aprender para a assembleia".
De preferência, que "sejam cantos com um texto de qualidade, possivelmente baseados na Bíblia ou com referências aos escritos dos Padres da Igreja ou as orações dos santos", acrescentou.
5. Que os cantos gregorianos tenham o seu espaço
O sacerdote também assinalou que se pode aproveitar o patrimônio musical da história da Igreja, especialmente o canto gregoriano que "pode ser indubitavelmente utilizado quando a comunidade incentiva o seu uso porque nem sempre é fácil".
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Certamente, sublinhou o diretor do Coro da Diocese de Roma, o canto gregoriano "é o modelo que nos mostra como deve ser um canto litúrgico além da relação com a Palavra".
6. Com ou sem violão?
Para o sacerdote, o violão é "um instrumento leve e delicado que dificilmente consegue se inserir em uma celebração numerosa onde esteja presente um grande coro. Nestes casos, é necessário um suporte harmônico mais sólido, ou seja, o órgão".
Entretanto, "em uma pequena comunidade onde não há órgão, o violão pode ser um substituto, mas por necessidade". Se for usado, "não deve ser tocado como na música pop", indicou.
7. Sem gravações
O sacerdote também mencionou que, quando não há coro em uma igreja ou quando a assembleia tenha dificuldades para cantar, é melhor permanecer em silêncio do que colocar alguma gravação.
"A música gravada é falsa porque são como as flores artificiais. O canto litúrgico é uma expressão de um povo verdadeiro e, portanto, não pode ser construído", disse o presbítero.
8. Não usar cantos que não sejam litúrgicos, especialmente em casamentos
Mons. Frisina também indicou que não se deve usar cantos que não sejam litúrgicos como aqueles de filmes conhecidos, especialmente nos casamentos.
Quando isso acontece, lamentou, "é fruto da ignorância e da superficialidade dos esposos que não conhecem o significado litúrgico do sacramento que celebram".
9. Preparar-se bem
Toda celebração exige do coro “sempre uma preparação adequada, inclusive se os cantos forem conhecidos e já tenham sido cantados em ocasiões anteriores".
10. Ensinar a cantar
"A música sagrada abre ao mistério, toca o coração, aproxima as pessoas que estão afastadas, não necessita de traduções. Une e eleva, daí seu poder extraordinário. Por isso, devemos aprender e ensinar a cantar, porque hoje se canta pouco em nossas igrejas e as assembleias não estão acostumadas a se expressar com o canto”, concluiu o sacerdote.
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— ACI Digital (@acidigital) 6 de março de 2017