MOSCOU, 26 de nov de 2020 às 15:23
O mosteiro cristão armênio de Dadivank, localizado em um dos 7 territórios da região montanhosa de Nagorno Karabakh, que a Armênia terá de entregar ao Azerbaijão em virtude do acordo entre estes dois países feito sob a mediação da Rússia, ficará totalmente sob o controle militar russo.
Este mosteiro histórico do século XII é um dos principais monumentos religiosos dos cristãos armênios e, segundo este acordo de cessar-fogo, deveria ter sido entregue ao Azerbaijão em 15 de novembro.
Inclusive, nos dias anteriores a esta data, numerosos peregrinos armênios foram ao mosteiro para rezar nele pela última vez, diante da certeza de que Azerbaijão ia lhes tirar este lugar sagrado.
No entanto, como explica a organização francesa de ajuda aos cristãos perseguidos, SOS Chretiens D'Orient, o exército russo finalmente ficará encarregado da segurança do mosteiro, bem como dos territórios de Nagorno Karabakh, por pelo menos cinco anos.
No entanto, não se sabe se esta situação será definitiva ou se, finalmente, o mosteiro será entregue à soberania do Azerbaijão conforme previsto no acordo.
De acordo com as condições do acordo, a Armênia deverá devolver os sete territórios que tomou do Azerbaijão na guerra de 1994 e que circundam Nagorno Karabakh, um território de maioria cristã-armênia dentro do território do Azerbaijão, um país de maioria muçulmana e cultura turca.
Além disso, os territórios do interior de Nagorno Karabakh, que o exército do Azerbaijão tomou da Armênia, também permanecerão sob soberania azerbaijana, como a emblemática cidade de Shusha, onde se encontra a Catedral de São Salvador, destruída em um bombardeio do Azerbaijão.
O resto do território de Nagorno Karabakh ficará sob controle militar russo, o que criará um corredor de cinco quilômetros de largura para ligar este enclave ao resto da Armênia.
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O conteúdo do acordo causou grande preocupação e indignação entre os armênios, que consideram que seu governo traiu o país e que temem um processo de destruição patrimonial nos territórios cedidos ao Azerbaijão e de perseguição religiosa contra os cristãos.
Nesse sentido, em entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre, o sacerdote argentino que está na Armênia há três anos, Bernardo de Nardo, assegurou que já estão ocorrendo ataques contra lugares cristãos nas áreas ocupadas pelo Azerbaijão.
Especificamente, assinalou que um cemitério cristão em Nakhchivan foi profanado. Por outro lado, as ruínas da Catedral de São Salvador, em Shusha, destruída pelo exército azerbaijano, apareceram com pichações em seus muros escurecidos pelo fogo.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— ACI Digital (@acidigital) November 17, 2020