Vaticano, 9 de dez de 2020 às 08:57
O Papa Francisco encorajou a não ter vergonha na oração para invocar a Deus e suplicar sua ajuda com a confiança de que o Senhor responde sempre.
“Às vezes parece que tudo desmorona, que a vida vivida até agora tenha sido em vão. Nestas situações aparentemente sem solução, existe uma única saída: o grito, a oração: ‘Ajuda-me, Senhor!’ A oração abre fendas de luz nas trevas mais escuras, abre o caminho”, advertiu o Papa na audiência geral de 9 de dezembro.
Ao continuar com sua série de catequeses sobre a oração, o Santo Padre destacou que “a oração cristã é plenamente humana” porque inclui louvor e súplica e acrescentou que “quando Jesus ensinou os seus discípulos a rezar, o fez com o ‘Pai-Nosso’, para que nos coloquemos com Deus na relação de confiança filial e dirijamos a ele todas as nossas necessidades”, já que “pedir, suplicar, é muito humano”.
“No 'Pai-Nosso' também pedimos os dons mais simples e diários, como o ‘pão de cada dia’, que também significa saúde, casa, trabalho, e também a Eucaristia, necessária para a vida em Cristo, assim como o perdão dos pecados e, portanto, a paz em nossas relações; e, por fim, que nos ajude nas tentações e nos liberte do mal”.
Nesse sentido, o Pontífice citou o Catecismo da Igreja Católica, que descreve que “através da oração de súplica manifestamos a consciência da nossa relação com Deus: por ser criaturas, não somos nem nossa própria origem, nem donos das nossas adversidades, nem nosso fim último; mas também, por ser pecadores, sabemos, como cristãos, que nos afastamos de nosso pai. A súplica é um retorno a Ele”.
“Às vezes acreditamos que não precisamos de nada, que nos bastamos e que vivemos na completa autossuficiência. Muitas vezes isso acontece! Mas cedo ou tarde esta ilusão se desvanece. O ser humano é uma invocação, que às vezes se torna um grito, muitas vezes retido”, advertiu o Papa.
Neste sentido, o Santo Padre sublinhou que “a Bíblia não se envergonha de mostrar a condição humana marcada pela doença, injustiça, traição de amigos ou ameaça de inimigos” e acrescentou que “a alma se assemelha a uma terra árida e sedenta, como diz o Salmo 63” porque "todos nós experimentamos, num momento ou outro de nossa existência, o tempo da melancolia, da solidão”.
“Assim, não devemos escandalizar-nos se sentirmos a necessidade de rezar, não ter vergonha, sobretudo quando estamos passando por dificuldades”, disse o Papa, que convidou a não reprimir “a súplica que surge espontaneamente em nós” já que “a oração de súplica caminha de mãos dadas com a aceitação do nosso limite e da nossa criaturalidade”.
Da mesma forma, o Santo Padre recordou que é necessário aprender a rezar “também nos momentos felizes; agradecer a Deus por tudo o que nos é dado, e não tomar nada por garantido ou devido: tudo é graça”.
“Não há orante no Livro dos Salmos que levante seu lamento e permaneça sem ser ouvido. Deus responde sempre, hoje, amanhã. Sempre responde. De uma maneira ou de outra. Responde sempre. A Bíblia o repete várias vezes: Deus escuta o clamor de quem o invoca. Até mesmo os nossos pedidos gaguejados, mesmo aqueles que permanecem no fundo do coração. O Pai quer nos dar o seu Espírito, que anima cada oração e transforma todas as coisas”, afirmou.
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Por isso, o Papa Francisco destacou que “a oração é uma questão de paciência, de aguentar a espera” e acrescentou que “agora estamos no tempo de Advento, um tempo de espera do Natal. Isso se vê bem. Mas também toda a nossa vida é uma espera. E a oração é espera sempre, porque sabemos que o Senhor responderá”.
“Até mesmo a morte recua, quando um cristão reza, porque sabe que cada orante tem um aliado mais forte do que ela: o Senhor Ressuscitado. A morte já foi derrotada em Cristo, e virá o dia em que tudo será definitivo, e ela não poderá mais fazer escárnio de nossa vida e de nossa felicidade”, explicou o Pontífice.
Deste modo, o Santo Padre convidou-nos a aprender a “a estar na expectativa, na espera do Senhor. O Senhor vem nos visitar, não somente nas grandes festas Natal, Páscoa, mas ele nos visita todos os dias na intimidade dos nossos corações, se estamos à sua espera. Muitas vezes não percebemos que o Senhor está próximo, que bate à nossa porta e o deixamos passar. ‘Tenho medo de Deus quando passa’, dizia Santo Agostinho. ‘Tenho medo que Ele passe e eu não perceba’. O Senhor passa. O Senhor vem, o Senhor bate, mas se você está com o ouvido cheio de outros barulhos, não irá ouvir o chamado do Senhor”.
“Irmãos e irmãs, estar à espera. Esta é a oração”, concluiu o Papa.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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