VARSOVIA, 9 de dez de 2020 às 11:11
Dom Stanislaw Gadecki, vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa e presidente da Conferência Episcopal Polonesa, destacou o papel histórico do Papa São João Paulo II no início do processo de prevenção do abuso sexual na Igreja Católica para defender os mais fracos e punir os responsáveis.
“Deve ficar claramente estabelecido que o atual estado de consciência sobre estes assuntos e os subsequentes guias e instruções para proceder são em grande parte o resultado das ações e decisões de São João Paulo II, inspiradas para proteger as crianças e os jovens, e a ajudar aqueles que foram prejudicados na Igreja”, disse o Prelado em um comunicado.
Dom Gadecki lembrou que, em 1993, o papa polonês disse aos bispos dos Estados Unidos que, no caso de crimes sexuais, as sanções, incluindo a expulsão do sacerdócio, eram plenamente justificadas.
Em uma carta que enviou um ano depois também aos bispos norte-americanos, São João Paulo II disse-lhes, recordando as palavras de Jesus, que “se alguém é motivo de escândalo, melhor seria que prendesse uma pedra no pescoço e se lançasse ao mar”. Em 1994, o Papa peregrino também recordou que não há lugar no sacerdócio para quem abusa de menores.
Em 2001, continuou o arcebispo polonês, o Papa João Paulo II estabeleceu as regras para denúncias de abusos contra menores, no motu proprio Sacramentorum sanctitatis tutela.
Este caminho de luta contra o abuso sexual foi desenvolvido mais tarde por Bento XVI e depois pelo Papa Francisco.
Sobre o Relatório McCarrick, publicado pelo Vaticano em 10 de novembro, o vice-presidente da CCEE disse que o Papa São João Paulo II não foi devidamente informado sobre as acusações de abuso do ex-cardeal Theodore McCarrick, e que ele foi até enganado.
“Hoje sabemos que não recebeu a informação completa. O próprio McCarrick mentiu - em carta enviada em 6 de agosto de 2000 ao secretário de João Paulo II - garantindo-lhe que não havia tido relações sexuais com ninguém”, lamentou o Arcebispo de Poznan.
"Só agora se soube que não apenas os papas foram vítimas dos enganos do ex-cardeal [Theodore McCarrick], que levou uma vida dupla, mas também os presidentes dos Estados Unidos e o Departamento de Estado, com os quais ele cooperou".
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Após uma investigação iniciada em 2018 com uma acusação credível de abuso contra ele, surgiu uma série de acusações de abuso de menores e seminaristas, bem como abusos de poder, levando McCarrick a ser expulso do estado clerical em 2019.
Dom Gadecki agradeceu ao Papa Francisco pela publicação do Relatório McCarrick e por seu reconhecimento pessoal ao Papa Wojtyla: "João Paulo II foi um homem moralmente rigoroso, de tão alta integridade moral que nunca teria permitido que um candidato corrupto fosse promovido".
Com a Igreja na Polônia e em comunhão com o Santo Padre, Dom Gadecki expressou sua solidariedade e proximidade com aqueles que foram afetados pelos abusos do clero.
“É necessário julgar com justiça e punir os perpetradores, e cuidar constantemente da segurança das crianças, jovens e adultos na Igreja e em todos os outros ambientes”.
“Na minha opinião, os ataques contra São João Paulo II são um ataque contra o ensinamento da Igreja, que este Papa pregou ao longo de seu pontificado”, concluiu o vice-presidente da CCEE.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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