Um total de 1700 professores assinou uma carta em defesa do Papa São João Paulo II, após as críticas contra o pontífice polonês devido ao relatório sobre o ex-cardeal Theodore McCarrick, expulso do sacerdócio em 2019 depois que foram comprovados os abusos sexuais que cometeu durante décadas contra menores e jovens adultos nos Estados Unidos.

O chamado “sem precedentes” foi assinado por professores de universidades e institutos de pesquisa poloneses. Os signatários incluem Hanna Suchocka, a primeira mulher primeira-ministra da Polônia, o ex-ministro das Relações Exteriores Adam Daniel Rotfeld, os físicos Andrzej Staruszkiewicz e Krzysztof Meissner e o diretor de cinema Krzysztof Zanussi.

"Uma lista impressionantemente longa de méritos e conquistas de João Paulo II está sendo questionada e riscada hoje (...) Para os jovens nascidos após sua morte, esta imagem falsa e degradada do Papa pode ser a única que eles virão a conhecer", disseram os professores.

“Fazemos um chamado a todas as pessoas de boa vontade que caiam em si. João Paulo II, como qualquer outra pessoa, merece que se fale dele com sinceridade. Ao difamar e rejeitar João Paulo II, prejudicamos muito a nós mesmos, não a ele”, acrescentaram.

Os professores assinalaram que estavam respondendo às acusações feitas contra João Paulo II, Papa de 1978 a 2005, após a publicação do Relatório McCarrick no mês passado. O papa polonês nomeou McCarrick Arcebispo de Washington em 2000 e o nomeou cardeal um ano depois.

Os professores disseram: “Nos últimos dias, testemunhamos uma onda de acusações dirigidas contra João Paulo II. Ele é acusado de encobrir atos de pedofilia entre sacerdotes católicos e há pedidos para que seus monumentos públicos sejam removidos. Esses atos visam transformar a imagem de uma pessoa digna da mais alta estima em cúmplice de crimes abomináveis”.

“Um pretexto para fazer exigências radicais foi a publicação do 'Relatório sobre o conhecimento institucional e a tomada de decisões da Santa Sé relacionados com o ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick' por parte da Santa Sé. No entanto, uma análise cuidadosa do relatório não aponta para nenhum fato que possa servir de base para nivelar as acusações antes mencionadas contra João Paulo II ”, explicaram.

Os professores continuaram: "Há uma grande lacuna entre promover uma das ofensas mais graves e tomar decisões erradas sobre a dotação de pessoal devido a um conhecimento inadequado ou informação completamente falsa”.

"Theodore McCarrick tinha a confiança de muitas pessoas eminentes, incluindo os presidentes dos Estados Unidos, enquanto podia ocultar profundamente o lado obscuro e criminoso de sua vida”.

“Tudo isto nos leva a assumir que as calúnias e ataques sem fundamento contra a memória de João Paulo II são motivados por uma teoria preconcebida que nos entristece e preocupa profundamente”, acrescentaram.

Os professores reconheceram a importância de investigar cuidadosamente a vida de figuras históricas importantes. Mas pediram uma "reflexão equilibrada e uma análise honesta", em vez de uma crítica "emocional" ou "motivada ideologicamente".

Sublinharam que São João Paulo II teve uma "influência positiva na história mundial." Citaram seu papel no colapso do Bloco Comunista, sua defesa da santidade da vida e seus "atos inovadores", como sua visita a uma sinagoga de Roma em 1986, sua cúpula inter-religiosa em Assis no mesmo ano e sua convocação, em 2000, ao perdão dos pecados cometidos em nome da Igreja.

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“Outro grande gesto, especialmente importante para nós, foi a reabilitação de Galileu, que o Papa havia antecipado já em 1979 durante uma solene lembrança de Albert Einstein no centenário de seu nascimento”, escreveram.

“Esta reabilitação, realizada a pedido de João Paulo II pela Pontifícia Academia das Ciências 13 anos depois, foi um reconhecimento simbólico da autonomia e da importância da investigação científica”.

O apelo dos professores segue uma declaração no início da semana passado do Arcebispo Stanisław Gądecki, presidente da conferência episcopal polonesa. Em um comunicado de 7 de dezembro, Dom Gądecki deplorou o que chamou de "ataques sem precedentes" contra São João Paulo II. Insistiu que a "prioridade máxima" do Papa era combater o abuso clerical e proteger os jovens.

No mês passado, o colégio reitor da Universidade Católica João Paulo II de Lublin também disse que as críticas não tinham base factual, lamentando as “acusações falaciosas, calúnias e difamações dirigidas recentemente contra nosso santo padroeiro”.

O reitor e os vice-reitores da universidade no leste da Polônia comentaram: “As teses subjetivas expressas por alguns círculos não são de forma alguma apoiadas por fatos e conclusões objetivas, por exemplo, apresentadas no relatório da Secretária de Estado da Santa Sé sobre Theodore McCarrick”.

Em seu chamado, os 1700 professores argumentaram que, se a difamação de João Paulo II não fosse questionada, uma imagem “fundamentalmente falsa” da história polonesa seria estabelecida nas mentes dos jovens poloneses.

Os organizadores da iniciativa descreveram o chamado como "um evento sem precedentes, que reuniu comunidades acadêmicas e superou nossas maiores expectativas".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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