O presidente do episcopado da Bielorrússia, Dom Tadeusz Andrusiewicz, exilado de seu país desde agosto, enviou uma mensagem aos fiéis e ao clero por ocasião do Natal, na qual pede que não cedam a nenhuma pressão política que os afaste ou “isolem” de Jesus.

Em sua carta pastoral para o Natal de 2020, o também Arcebispo de Minsk-Mohilev refletiu: “A palavra do ano é escolhida anualmente. Neste ano, durante a pandemia do coronavírus, a líder foi a palavra inglesa lockdown, que significa 'quarentena', ou seja, isolamento. Isso é necessário para curar e manter a saúde física. No entanto, ao mesmo tempo, não podemos nos isolar de Cristo e de Seu Evangelho”.

“Por isso, não devemos permitir a 'quarentena' espiritual, que significa o isolamento de Cristo, que nasce nos nossos corações pelo ministério da Igreja”, exortou o prelado.

Dom Andrusiewicz sublinhou que “devemos dar lugar a Jesus”, que “vem nas Sagradas Escrituras, na Eucaristia e em outros sacramentos e chama”.

“Ele se curva e nos pede para permitir que Ele entre nos lugares mais imorais deste mundo e de nossas vidas. O que o impede de entrar? O que te impede de reconhecer Jesus e abrir totalmente a porta para Ele? Hoje devemos responder a essas e outras questões semelhantes”, refletiu.

Caso já se tenha “aberto as portas de nosso coração durante o Advento”, pediu que “o glorifiquemos e lhe peçamos que nos ajude a abri-las ainda mais”.

“Vamos lhe dar um lugar em nossas almas para sermos filhos de Deus. Se aceitarmos este presente do Natal do Filho de Deus e lhe dermos mais espaço no nosso coração, Ele nos transformará e, através de nós, este mundo pecador”, garantiu.

Dom Andrusiewicz escreveu que “a festa do Natal é uma festa do dom de Deus de sermos filhos de Deus, que recebemos de um Deus humilde”. "Jesus chama, abra-lhe", sublinhou.

O prelado também usou a mensagem para recordar sua pátria, a Bielorrússia. Disse que é "muito importante" abrir as portas do coração a Jesus, porque o país "vive uma crise sócio-política sem precedentes que já dura cinco meses".

“Entre as tantas respostas oferecidas por políticos, economistas e personalidades públicas, é importante destacar que a principal causa da crise é a ausência em nosso coração de Jesus com sua lei de amar a Deus e ao próximo, de perdoar até mesmo seus inimigos, ser justos", acrescentou.

Neste contexto, exortou a “construir nossa Pátria como civilização da vida e do amor”. "Não podemos fazer isso com ódio e violência, mas com amor mútuo, porque não podemos abusar de nós mesmos”.

“Demos lugar a Jesus, para que, por sua graça, Ele nasça em nossos corações, para que se convertam em Belém do século XXI, e sejamos filhos de Deus, a quem Ele cuida e protege das epidemias de vírus tanto físicos como pecaminosos. Amor e respeito mútuos”, acrescentou o Arcebispo de Minsk.

Por fim, exclamou: “Queridos irmãos e irmãs! Felicitações pelo Natal! Felicitações aos meus companheiros católicos e outros cristãos que estão celebrando hoje! Felicitações aos irmãos e irmãs ortodoxos que em duas semanas experimentarão a alegria da verdade da Encarnação! Felicitações a todas as pessoas de boa vontade!”.

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“Alegre, cheio de graça e paz do recém-nascido Salvador das festas do Natal de Cristo e feliz Ano Novo!”, concluiu Dom Andrusiewicz.

Crise sócio-política na Bielorrússia

A crise na Bielorrússia começou em 9 de agosto, quando o presidente Aleksander Lukashenko foi eleito em uma eleição supostamente fraudada. Lukashenko é presidente da Bielorrússia desde 1994, três anos depois que o país declarou sua independência da ex-União Soviética.

Seu governo iniciou a repressão para restringir ainda mais as liberdades dos cidadãos e combater os grupos de protesto. Nessa estratégia, também iniciou uma campanha contra as autoridades religiosas e, em particular, a Igreja Católica no país.

Lukashenko chegou a ameaçar nacionalizar a Igreja Católica no país. Por enquanto, já afastou o presidente dos bispos.

Dom Andrusiewicz está no exílio desde 31 de agosto passado, depois que a polícia o impediu de retornar ao país após ter estado na Polônia para participar de uma celebração litúrgica. Antes de seu exílio, o prelado havia se pronunciado em defesa dos manifestantes que protestavam contra a nova reeleição de Lukashenko.

Desde o início da crise, a diplomacia vaticana não parou de realizar esforços para permitir o retorno de Dom Andrusiewicz, para garantir que o direito à liberdade religiosa e outros direitos humanos sejam respeitados e para favorecer o diálogo com a oposição.

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Em 17 de dezembro, o Papa Francisco deu um passo adiante e transmitiu sua "preocupação" com a situação no país diretamente a Lukashenko por meio de um emissário.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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