Frente à votação no Senado da Argentina para legalizar o aborto, que acontecerá na terça-feira, 29 de dezembro, brasileiros se somaram aos argentinos pró-vida para se manifestar contra esta aprovação, a qual pode ter reflexo em outros países da América Latina.

Em um recente vídeo, Padre Paulo Ricardo, da Arquidiocese de Cuiabá (MT), fez um pedido “aos senadores da Argentina”, para que “sigam a vontade do povo argentino que é contrário à legalização do aborto”.

Além disso, explicou que “existe uma pressão internacional extraordinária para que o aborto seja legalizado na Argentina e esta pressão internacional terá consequências também para os nossos países, terá consequências para o Brasil e para os países hispano-americanos”.

“Nós, que somos dessa América Latina, estamos muito preocupados com a situação da Argentina e acompanhando muito de perto, porque nós sabemos que, uma vez acontecido este genocídio na Argentina – que é a aprovação do aborto –, as consequências serão terríveis também para a soberania dos nossos países”, declarou o sacerdote.

Segundo ele, “esta pressão internacional quer tirar a autonomia e a autodeterminação dos nossos povos para seguirmos interesses que não são os interesses nem do povo argentino, nem do povo brasileiro, nem dos povos dos outros países da América Latina”.

Por isso, dirigindo-se aos senadores argentinos, Pe. Paulo Ricardo pediu que “digam não ao aborto” e “sim às duas vidas”, “pelo bem dessas crianças que estão por nascer e pelo bem também da soberania dos nossos povos e da autodeterminação, para que nossa democracia continue viva e não seja simplesmente um teatro, para que o povo seja verdadeiramente quem determina o futuro de nossas nações”.

Por sua vez, Pe. José Eduardo de Oliveira, da Diocese de Osasco (SP), fez um apelo aos brasileiros para que se somem às manifestações contrárias à legalização do aborto, inclusive enviando mensagens aos senadores argentinos e gravando vídeos para o site 24hsporlavida, o qual traz diversas expressões em contra o aborto.

“A aprovação do aborto na Argentina pode detonar uma verdadeira bomba que fará a cultura da morte avançar de um modo talvez irreversível. Resta-nos poucos dias para agir”, expressou o sacerdote em um vídeo publicado em 25 de dezembro.

Em outra ocasião, também por meio de vídeo, publicado em 21 de dezembro, Pe. José Eduardo explicou todo o contexto da votação do projeto de lei sobre o aborto na Argentina e seus reflexos para os demais países.

De acordo com o presbítero, “as consequências da sua aprovação podem ter impactos devastadores na difusão da cultura da morte por todo o mundo”.

Primeiramente, chamou atenção para o modo como o projeto está avançando na Argentina, tendo sido apresentado em 17 de novembro, discutido na Câmara dos Deputados em 1º de dezembro e votado nesta casa legislativa em 11 de dezembro, com a aprovação por 131 votos contra 117.

Explicou que, “talvez, o aspecto mais inovador desse projeto de lei seja o fato de que ele seja o primeiro projeto de lei que visa à descriminalização do aborto que incorpora no seu texto a perspectiva de gênero”.

Conforme pontuou, “por mais de 15 vezes as mulheres são apresentadas como ‘pessoas gestantes’” neste projeto e, quando usa o termo “mulher”, diz “mulheres e pessoas com outras identidades de gênero com capacidade de gestar”.

“Notem que, portanto, o que o projeto de lei está fazendo é incorporando no ordenamento jurídico da Argentina, através de uma lei de aborto, toda uma perspectiva de gênero”.

Um segundo ponto assinalado pelo sacerdote é que o projeto fala em “direito de realizar o aborto até a 14ª semana de gestação. No entanto, depois da 14ª semana, o aborto também será permitido sempre que estiver em perigo a saúde integral da pessoa gestante”, segundo definido por documentos da ONU.

Porém, sublinhou, um documento “da ONU, da Quinta Conferências das Mulheres em Pequim” define como saúde “não apenas a ausência de enfermidades ou doenças, mas um estado de pleno bem-estar físico, emocional e social, em que devem ser considerados também contextos sociais, políticos e econômicos e não apenas os fatores biológicos”.

“Estão percebendo que coisa maligna, como o jogo de palavras vai alargando tudo até que você tenha a completa legalização do aborto em qualquer fase, por qualquer argumento”, disse, acrescentando que “é algo absolutamente grave, é hediondo”.

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O sacerdote assinalou ainda que o projeto de lei afirma que “a pessoa gestante tem direito à informação, mas esse direito inclui o direito de não receber informação inadequada em relação ao pedido realizado”. Isto é, se uma mulher pedir o aborto, ela não poderá ser desaconselhada a realizá-lo.

Já em outro artigo do mesmo projeto, observou o sacerdote, “diz que haverá pena de uma não de prisão e até dois anos de desabilitação profissional para funcionários ou profissionais de saúde que obstaculizarem ou se negarem a praticar o aborto nos casos permitidos pela lei”.

“Desse modo – pontuou –, ser pró-vida é ser criminalizado pelo projeto de lei”.

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Além disso, citou que de acordo com este projeto, “a partir dos 13 anos de idade, a pessoa gestante pode realizar o aborto sem o consentimento e sem o conhecimento dos pais”. Trata-se, advertiu, da “violação do direito de família”, pois “os pais simplesmente já não têm mais nenhum tipo de autoridade sobre seus filhos, o Estado está se vendo no direito de atropelar a família e realizar um aborto em uma menina”.

Por fim, Pe. José Eduardo chamou a atenção para o fato de a votação no Senado da Argentina ter sido marcada para 29 de dezembro, “em plenas festas natalinas, aliás, um dia depois da festa dos Santos Inocentes, aqueles que a Igreja comemora como os primeiros mártires, os bebês que foram mortos por ordem de Herodes”.

“Que estratégia maligna, estão querendo fazer essa votação justamente em um período que inviabiliza a participação de boa parte dos cidadãos argentinos, os quais, neste momento, estão lutando bravamente”, declarou.

Por isso, exortou os brasileiros a também se unirem aos argentinos nessa luta contra o aborto. “Nós não podemos cruzar o braço, porque, se o aborto for aprovado na Argentina nestes termos, isso vai trazer impacto sobre toda a América Latina e sobre o Brasil também. Nós não podemos ficar parados”.

“A América Latina tem sido a grande trava contra a cultura da morte, tem resistido bravamente essas décadas para não deixar a cultura da morte prevalecer”, disse e exortou: “Agora é hora de reagir. Nossos irmãos argentinos estão precisando da nossa ajuda e nós precisamos nos mover para ajudar sim todos os nossos irmãos argentinos a imporem uma barreira contra o avanço da cultura da morte”.

Petição on-line

Uma das iniciativas de brasileiros para se somar à luta contra o aborto na Argentina é a petição on-line na plataforma CitizenGo, lançada em 23 de dezembro e que já conta com mais de 100 mil assinaturas.

“Muitos aqui no Brasil acompanham angustiados a difícil situação em que se encontra nosso país vizinho”, afirma o texto da petição, recordando que “os senadores argentinos poderão ‘legitimar’ o assassinato dos bebês nascituros”.

Indica ainda que, “como se não bastassem todos os problemas gerados pelo surto de Covid-19, os políticos argentinos querem também legalizar a morte de bebês nascituros, ignorando a própria Constituição do país e os tratados dos quais é signatário”.

Por isso, afirma, “decidimos nos solidarizar com nossos irmãos e aderir à campanha que eles já iniciaram para pedir que os senadores não aprovem o aborto”.

Para assinar a petição de CitizenGo, acesse AQUI.

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