O Papa convida os membros do Sínodo a "pensar e agir como Cristo" durante os trabalhos

VATICANO, 3 de out de 2005 às 15:47

Em um extenso e profundo comentário à leitura de São Paulo na Hora Terça da Liturgia das Horas, o Papa Bento XVI começou nesta segunda-feira o Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia convidando os 241 padres sinodais a "pensar e agir" como Jesus Cristo durante estes dias de trabalho.

O Pontífice assinalou que a leitura de São Paulo da Carta aos Coríntios: "Alegrai-vos, emendai-vos, animai-vos, tende um mesmo sentir e vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco", propunha "cinco imperativos e uma promessa"; que desenvolveu em sua reflexão, seguida de um intenso silêncio.

"Uma das funções da colegialidade é a de nos ajudar a conhecer as lacunas que não queremos ver: não é fácil ver os próprios defeitos e os outros os vêem melhor que nós"; disse o Pontífice, ao comentar o imperativo de "emendar-se mutuamente".

A correção fraterna "serve para que sejamos mais abertos, para que cada um possa encontrar a verdade, sua integridade como instrumento de Deus. Tudo isso exige humildade para não nos considerarmos superiores aos outros, mas sim para ajudarmos reciprocamente".

O Santo Padre disse que durante o Sínodo "podemos nos ajudar com um grande ato de amor, ato de afeto colegial verdadeiro. Quando uma pessoa está desesperada, não sabe como ir adiante, necessita de consolo, necessita que alguém esteja com ele, que o anime, que faça o papel do Espírito Santo consolador".

"Este é um convite a que nós mesmos realizemos a obra do Espírito Santo paráclito". "Como podemos fazê-lo, perguntou-se Bento XVI, se não compartilharmos a mesma fé que nenhum de nós inventou, mas sim é a fé da Igreja?".

"A fé –recordou o Papa– é o fundamento comum sobre o qual estamos trabalhando", e nas palavras de São Paulo, "há um convite a permanecer sempre neste fundamento que nos precede, a ter esta fé comum. Cada um deve viver a fé segundo sua característica original, mas sabendo sempre que esta fé nos precede".

O Santo Padre concluiu animando os participantes do Sínodo a serem "instrumentos de Cristo" e a "entrar nos pensamentos e nos sentimentos do Senhor".

"Este é o fundo da última advertência do Apóstolo", continuou o Papa: "pensar com o pensamento de Cristo"; e convidou os padres sinodais a "sentir nas Escrituras o pensamento de Cristo, aprender a pensar como Cristo, a pensar o pensamento de Cristo e assim ter os sentimentos de Cristo, ser capazes de dar aos outros também o pensamento de Cristo e os sentimentos de Cristo".

O Papa concluiu com um tom de otimismo cristão: "Deus nos precede. Ele já fez tudo. Deu-nos paz, perdão e amor. Está conosco. E só porque está conosco, porque no Batismo recebemos sua graça, na Confirmação ao Espírito Santo, no Sacramento da Ordem sacerdotal recebemos sua missão, podemos agora agir, cooperar com esta presença dela que nos precede. Toda nossa ação das que falam os cinco imperativos é uma cooperação, uma colaboração com o Deus da paz que está conosco".