Vaticano, 3 de jan de 2021 às 09:46
No Natal, Deus “não veio nos fazer uma visita e depois foi embora, veio para habitar conosco, para estar conosco”, assegurou o Papa Francisco durante a oração do Ângelus que presidiu neste domingo, 3 de janeiro, no Palácio Apostólico do Vaticano.
Na reflexão anterior ao Ângelus, o Pontífice comentou o início do Evangelho de São João e focou em duas expressões do evangelista: "No princípio era a Palavra"; "Ele se fez carne e habitou entre nós".
Sobre o primeiro, o Papa chamou a atenção para a expressão "no princípio", a mesma que se usa no início da narrativa bíblica da Criação. “Hoje o Evangelho diz que Aquele que contemplamos no seu Natal, Jesus, existia antes: antes do começo das coisas, antes do universo. Ele está antes do espaço e do tempo. ‘Nele estava a vida’ antes que a vida aparecesse”.
Explicou, então, o significado bíblico da expressão "Verbo, isto é, Palavra”.
“O que quer nos dizer? A Palavra serve para comunicar: não se fala sozinho, fala-se com alguém. Assim, o fato de Jesus ser desde o princípio a Palavra significa que desde o início Deus quer se comunicar conosco, quer falar conosco”.
Em seguida, o Papa se deteve nas palavras "se fez carne e habitou entre nós". “Por que São João usa esta expressão, ‘carne’? Não poderia dizer, de maneira mais elegante, que se fez homem? Não, usa a palavra carne porque ela indica a nossa condição humana em toda sua vulnerabilidade, em toda sua fragilidade”.
“Ele nos diz que Deus se fez fragilidade para tocar de perto as nossas fragilidades. Portanto, desde que o Senhor se fez carne, nada em nossa vida é estranho para Ele. Não há nada que Ele desdenhe; tudo podemos compartilhar com Ele, tudo”, sublinhou.
Na verdade, “Deus se fez carne para nos dizer, para dizer que lhe ama ali mesmo, que nos ama ali mesmo, nas nossas fragilidades, nas suas fragilidades; ali mesmo, onde a gente mais se envergonha, onde você mais se envergonha”.
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O Papa continuou: “Não pegou a nossa humanidade como uma roupa, que se veste e se tira. Não, nunca mais se desprendeu da nossa carne […]. E nunca mais vai se separar: agora e para sempre Ele está no céu com o seu corpo de carne humana. Ele se uniu para sempre à nossa humanidade; poderíamos dizer que se ‘casou’ com ela”.
“O Evangelho diz, na verdade, que veio habitar entre nós. Ele não veio nos fazer uma visita e depois foi embora, veio para habitar conosco, para estar conosco”, insistiu.
Em suma: “O que quer de nós então? Uma grande privacidade. Ele quer que compartilhemos com Ele alegrias e dores, desejos e medos, esperanças e tristezas, pessoas e situações”.
“Façamos isso, com confiança: abramos o coração a Ele, vamos contar tudo a Ele. Façamos uma pausa em silêncio diante do presépio para saborear a ternura de Deus feito próximo, feito carne. E, sem medo, convidemos Ele para a nossa casa, na nossa família e também – cada um conhece bem – vamos convidá-Lo nas nossas fragilidades. Vamos convidá-Lo para que veja as nossas feridas. Ele virá e a vida vai mudar”, concluiu o Papa Francisco.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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