MADRI, 5 de jan de 2021 às 09:16
Recentemente, o Bispo de San Sebastián (Espanha), Dom José Ignacio Munilla Aguirre, refletiu sobre os ensinamentos da vida de Jesus em Nazaré e afirmou que é "na vida cotidiana onde acontece nossa salvação".
Desde 2016, Dom Munilla Aguirre divulga conteúdos para a formação dos fiéis na fé por meio de seu canal no Youtube “En Ti Confío”. Uma das seções é intitulada "Compêndio do Catecismo".
Em seu vídeo de 19 de dezembro, o Prelado refletiu sobre a questão: “O que nos ensina a vida oculta de Jesus de Nazaré?”, contida no ponto 104 do Catecismo da Igreja Católica.
“Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio de uma vida normal. Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade de uma vida cotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam”, diz o Catecismo.
Dom Munilla explicou que “por vida oculta de Jesus entendemos esses 30 anos que Jesus permaneceu em Nazaré vivendo com Maria e José”.
“Não sabemos quantos anos Jesus tinha quando seu pai José faleceu. Talvez a morte de José fosse o estopim para o início da vida pública, não sabemos. Mas, há grandes ensinamentos na vida oculta de Jesus em Nazaré”, pontuou.
O Prelado recordou a homilia de São Paulo XVI quando visitou a Terra Santa em 1964. Ele observou que o Santo Padre visitou Nazaré para consagrar “a Basílica da Anunciação de Nazaré, que é a maior basílica da Igreja Católica na Terra Santa”, e pronunciou algumas palavras sobre a vida oculta de Jesus que estão contidas no Catecismo Maior da Igreja Católica.
Na sua mensagem, o Sumo Pontífice recordou principalmente o valor do silêncio, da vida familiar e do trabalho humano que Jesus ensinou junto com Maria e José durante a sua vida em Nazaré.
“Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus, a escola do Evangelho, uma lição de silêncio acima de tudo. Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito, uma lição de vida familiar”, disse o Papa Paulo VI.
“Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável. Uma lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do ‘filho do carpinteiro’! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano. Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão”, acrescentou.
Dom Munilla explicou que “São Paulo XVI quis dizer que há grandes lições em Nazaré. É a lição da vida ordinária. Jesus também salvou o mundo na vida cotidiana, fora dos olhos do mundo, fora das câmeras. Não está recolhido nos Evangelhos o que foi o dia a dia de Jesus na vida de Nazaré. Na vida cotidiana, nossa salvação acontece”.
O Prelado advertiu que "somos muito dados a buscar o extraordinário, a pensar que nossa vida se desenrola em circunstâncias extraordinárias, aquelas que se comentam, aquelas que depois te perguntam: 'Como foi? O que aconteceu com você?’" .
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No entanto, sublinhou que é “no ordinário da vida” onde “acontece o substancial, o principal. Na vida familiar vivida intensamente. Lá onde amamos e somos amados, onde aprendemos a servir, a nos esquecermos de nós mesmos. A ser feliz fazendo os outros felizes”.
Nesse sentido, lembrou que é "nessa carpintaria de Nazaré" onde também o trabalho é digno. “O filho de Deus trabalha com José, o carpinteiro, e é o Filho do carpinteiro que está dignificando o trabalho. O trabalho que nasceu como fruto do pecado original, um castigo, passa de castigo a vocação quando Jesus vive o trabalho e o resgata, o dignifica”.
O Prelado também destacou "o valor do silêncio" na mensagem de São Paulo VI. “Jesus ficou em silêncio por 30 anos [...] nesta homilia se está imaginando como seria a intimidade de Jesus na vida familiar. Além de se expressar com plena confiança com seu pai e sua mãe, trata com absoluta normalidade, [...] viveria também os momentos de silêncio, próprios daqueles que precisava para falar com seu Pai Deus”, disse.
O Bispo de San Sebastián disse que "o bem não faz ruído" e "o ruído não faz bem" e, como exemplo, recordou que ao visitar a "querida gruta de Nazaré, naquela Basílica da Anunciação, é também como viver esse mistério do silêncio de Nazaré”.
“O silêncio está nos ensinando que é um lugar onde Deus se manifesta não de forma ruidosa, não de forma espetacular. Mas, silenciosamente, Deus está agindo em nós e talvez é também um convite a aprender a viver em um silêncio interior que se torna um diálogo com Deus Pai, como Jesus vivia ali”, acrescentou.
Por fim, Dom Munilla recordou o Evangelho e disse que Jesus foi um exemplo de obediência em sua família e que, embora Maria e José não entendessem tudo o que estava acontecendo, guardavam em seus corações.
“Maria e José, possivelmente perceberiam muitas coisas que naquele Menino enviado por Deus à sua família estavam acontecendo naquela vida oculta. Muitas outras [coisas] talvez eles não entendessem completamente, mas ainda assim as guardavam e meditavam sobre elas em seus corações”, disse.
“Eles desceram a Jerusalém, Jesus vivia em obediência. A vida oculta de Jesus de Nazaré é uma vida de submissão em obediência a José e Maria [...] José e Maria não entendiam tudo, mas guardavam em seus corações e meditavam sobre isso e faziam disso a fonte de compreensão de como são os caminhos de Deus”, concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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— ACI Digital (@acidigital) December 27, 2020