WASHINGTON DC, 7 de jan de 2021 às 08:48
Os bispos católicos condenaram energicamente a invasão de manifestantes pró-Donald Trump ao edifício do Capitólio, enquanto o Congresso debatia na quarta-feira, 6 de janeiro, a certificação dos resultados das eleições presidenciais, o que levou à evacuação de legisladores e ao assassinato de uma manifestante por parte das forças da ordem.
“Uno-me às pessoas de boa vontade para condenar a violência de hoje no Capitólio dos Estados Unidos”, disse em 6 de janeiro o Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gomez, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB). “Isso não é o que somos como americanos. Rezo pelos membros do Congresso e do Capitólio, pela polícia e por todos aqueles que trabalham para restaurar a ordem e a segurança pública”, expressou.
“A transição pacífica de poder é uma das marcas desta grande nação”, acrescentou. "Neste momento preocupante, devemos nos comprometer novamente com os valores e princípios de nossa democracia e nos unir como uma nação sob Deus”, afirmou.
Por sua vez, o Arcebispo de San Francisco, Dom Salvatore Cordileone, assinalou que “atacar o Capitólio dos Estados Unidos para expressar seu medo de que a democracia tenha sido negada é errado e também contraproducente. As dúvidas sobre eleições livres e justas não podem ser sanadas com violência contra as instituições democráticas”.
“Às mortes causadas por uma pandemia e a destruição causada ao sustento das pessoas, não precisamos somar uma tentativa de guerra civil. Pedi o fim da violência nas ruas quando aconteceu neste verão. Faço um chamado a todos os americanos de boa vontade para que denunciem agora esta violência contra o Capitólio de nossa nação", expressou.
O Arcebispo pediu “que o Príncipe da Paz ponha fim a esta luta e traga cura e críticas construtivas no lugar da lei da multidão. E que Deus abençoe os Estados Unidos".
Por sua vez, Dom Gomez confiou a pátria ao coração da Santíssima Virgem Maria, para que “ela nos guie pelos caminhos da paz e obtenha para nós a sabedoria e a graça do verdadeiro patriotismo e do amor à pátria”.
A conta da USCCB no Twitter pediu: "Senhor Deus da paz, ouve nossa oração".
Também transmitiu uma oração do Santuário Nacional: “Rezemos pela paz em nossa nação. Maria Imaculada, rogai por nós”.
O Arcebispo de Baltimore, Dom William Lori, também se pronunciou, classificando os protestos de "impactantes e ilegais".
“Rezemos fervorosamente pela paz e proteção de Deus sobre nosso país, nossos legisladores e todos os que estão em perigo neste dia terrível. Que os americanos de boa vontade amantes da paz em todos os Estados Unidos se unam para gerar paz, reconciliação e cura para nossa nação ferida e quebrantada, que permanece e deve sempre ser una, sob Deus”.
Os protestos buscando anular os resultados das eleições presidenciais seguiram várias alegações de que os resultados em alguns estados foram fraudulentos. Alguns manifestantes pareciam pensar que ainda havia uma maneira de o presidente Donald Trump ganhar a presidência, apesar da vitória decisiva do presidente eleito Joe Biden no colégio eleitoral.
Mais de 150 legisladores republicanos tentaram questionar a legitimidade dos resultados eleitorais em alguns estados, mas o vice-presidente Mike Pence, que pode votar para romper os laços no Senado dos Estados Unidos, rejeitou qualquer sugestão de que atue para bloquear a certificação da eleição.
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O próprio Trump alimentou as afirmações de que a eleição foi fraudada e não cedeu, mesmo quando disse aos manifestantes para irem para casa. O Twitter começou a remover algumas de suas postagens e o Facebook removeu alguns de seus vídeos.
Em um comício na manhã de quarta-feira em frente à Casa Branca, Trump encorajou seus apoiadores a marcharem até o Capitólio. Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia, enquanto outros intimidaram os guardas do Capitólio para que se retirassem sem contato significativo.
Alguns usavam chapéus com o slogan "Make America Great" (Faça a América grande) ou outras expressões associadas à campanha Trump. Muitos carregavam bandeiras dos Estados Unidos ou de Donald Trump e alguns carregavam bandeiras da Confederação.
Alguns manifestantes atacaram os meios de comunicação, enquanto dezenas de outros avançaram em direção ao Capitólio desafiando a polícia, quebrando janelas e forçando portas.
Os legisladores buscaram refúgio, alguns em seus escritórios, e colocaram máscaras de gás, informou a Associated Press. Os manifestantes ocuparam o gabinete da presidente do Congresso, Nancy Pelosi, e outros gabinetes.
Os críticos do presidente, incluindo alguns republicanos, o culparam por incitar os manifestantes.
Pelo menos uma bomba foi encontrada na sede do Comitê Nacional Republicano em D.C., ao menos outro dispositivo foi descoberto no Capitólio e um pacote suspeito na sede do Comitê Nacional Democrata estava sob investigação, informou The New York Times.
O incidente no Capitólio segue importantes perturbações e distúrbios nos Estados Unidos que ocorreram no ano passado.
Em concreto, a morte de George Floyd, um homem negro, enquanto era detido pela polícia de Minneapolis, ajudou a desencadear protestos em todo o país por semanas. Os manifestantes frequentemente protestavam pacificamente contra a brutalidade policial e exigiam justiça racial sob o slogan "Black Lives Matter". No entanto, alguns desses protestos se tornaram violentos, causando bilhões de dólares em danos e várias mortes.
Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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