JERUSALÉM, 12 de jan de 2021 às 09:07
Os franciscanos da Custódia da Terra Santa celebraram a festa do Batismo do Senhor com a primeira Missa celebrada em 54 anos às margens do rio Jordão, onde Jesus foi batizado.
No domingo, 10 de janeiro, respeitando as disposições do governo para prevenir contágios por Covid-19, uma delegação de 50 fiéis, diplomatas e sacerdotes participou da Missa na Capela de São João Batista, localizada na Cisjordânia, a oeste de Rio Jordão.
A Eucaristia foi presidida pelo Custódio da Terra Santa, Pe. Francesco Patton, que estava acompanhado pelo Núncio Apostólico em Jerusalém, Dom Leopoldo Girelli, entre outros sacerdotes.
“Para nós, hoje é a festa do Batismo de Jesus. Comemoramos quando João Batista batizou Jesus no rio Jordão”, disse Pe. Patton a The Times of Israel.
“Hoje é uma festa especial, porque passados 54 anos e três dias, tivemos a oportunidade de celebrar pela primeira vez a nossa liturgia, a Santa Missa, dentro da nossa casa [a capela] e este é um dia muito importante para nós”, acrescentou.
Em sua homilia, Pe. Patton lembrou que a última Missa oferecida no Santuário foi em 7 de janeiro de 1967. “Estavam um sacerdote inglês, Pe. Robert Carson, e um sacerdote nigeriano, Pe. Silao Umah”, disse. Os presbíteros assinaram seu nome em um registro de santuários que foi recuperado em 2018.
“Hoje, 54 anos e 3 dias depois, poderíamos dizer que no início do ano 55 desde que se encerrou este registro, ao final desta celebração da Eucaristia, estaremos reabrindo esse mesmo registro, viraremos a página e em uma nova página poderemos escrever a data de hoje, 10 de janeiro de 2021, e assinar com os nossos nomes, para testemunhar que este lugar, que tinha se transformado em campo de batalha, campo minado, é mais uma vez um campo de paz, um campo de oração”, acrescentou.
Após a Missa, foi realizada a bênção do convento que custodia a capela de São João Batista. Posteriormente, os participantes seguiram em procissão até o rio Jordão, onde os frades leram uma passagem do Livro dos Reis e então Pe. Patton mergulhou seus pés descalços.
A celebração aconteceu 54 anos depois que terminaram de limpar o local das minas que restaram da guerra de 1967 entre Israel e Jordânia.
After 54 years and 3 days since the last time, the #Franciscan friars of the Custody of the #HolyLand returned to celebrate inside the Church of St. John the #Baptist at Qasr Al-Yahud, on the #Jordan River, the Christian site that commemorates the #Baptism of #Jesus. pic.twitter.com/lF1IuTq1t7
— Custodia Terrae Sanctae (@custodiaTS) January 10, 2021
Restauração do local do Batismo de Jesus
Em 1932, a Custódia da Terra Santa comprou o terreno “Qasr al-Yahud”, nome oficial do local do Batismo de Jesus no Vale do Rio Jordão, Cisjordânia. Este local era visitado por peregrinos desde 1641.
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Tempos depois, os franciscanos construíram um convento com uma pequena igreja chamada São João Batista que foi confiada aos frades de Jericó.
No entanto, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, os franciscanos tiveram que fugir e perderam aquele local de oração. Pouco depois, todo o terreno se tornou um campo minado, por isso, peregrinos e turistas foram proibidos de entrar por se tratar de uma zona militar.
No ano 2000, um pequeno acesso foi aberto por ocasião da viagem apostólica de São João Paulo II à Terra Santa durante o Jubileu, mas após a segunda intifada foi fechado novamente.
Desde 2011, uma longa operação de desminagem foi realizada em toda a área e pelo menos 4 mil minas foram removidas.
Em 2018, teve início um projeto de 1,15 milhão de dólares para a remoção de minas. Metade do projeto foi financiada pelo Ministério da Defesa de Israel e a outra metade por doadores privados. Há três meses, os franciscanos receberam novamente o convento.
De acordo com a revista israelense, Pe. Patton agradeceu ao presidente de Israel, Reuven Rivlin, por pressionar as autoridades israelenses para concluir a remoção das minas e reabilitar o local para a adoração dos cristãos.
“Agradecemos particularmente ao presidente [Reuven] Rivlin, foi ele quem pressionou para realizar este tipo de restituição dos lugares sagrados às igrejas e para desenvolver a área para os peregrinos”, disse Pe. Patton.
Oito igrejas estão espalhadas por quase 250 acres de terra que fazem fronteira com o local onde Jesus Cristo foi batizado. Infelizmente, as minas terrestres ainda estão espalhadas em muitas partes do território israelense conquistado durante a guerra.
Os funcionários israelenses afirmam que entre os 3 mil artefatos explosivos nas proximidades do local do batismo, também há armadilhas explosivas colocadas por militantes palestinos, bem como explosivos da época em que o território estava sob controle jordaniano.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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