LONDRES, 22 de jan de 2021 às 14:50
Os bispos da Inglaterra escreveram ao secretário de Saúde do Reino Unido para expressar sua oposição à ordem da Suprema Corte de retirar a alimentação e nutrição de um paciente católico polonês com lesão cerebral e solicitar sua transferência para a Polônia para receber cuidados básicos.
O Bispo auxiliar da Arquidiocese de Westminster, Dom John Sherrington, e o Bispo de Plymouth, Dom Mark O'Toole, enviaram uma carta a Matt Hancock, Secretário de Estado de Saúde e Assistência Social do Reino Unido, para se manifestar sobre o caso de um católico em risco de morrer por inanição por ordem do governo do Reino Unido de retirar-lhe o alimento e a hidratação.
Na carta, os bispos referem-se ao caso de um católico identificado como RS, natural da Polônia e residente na Grã-Bretanha há vários anos, que em novembro de 2020 sofreu um ataque cardíaco e consequente lesão cerebral. Desde então, precisa de um sistema de suporte vital para se alimentar e hidratar.
Agora RS está no Hospital Derriford, em Plymouth, Reino Unido, e sua mãe e irmãs continuam lutando para que a justiça britânica não o condene à morte, pois em dezembro, após o consentimento da esposa de RS e de seus filhos, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu desconectá-lo do sistema de suporte de vida, afirmando que "não é o melhor para ele".
Os bispos ingleses, em seu próprio nome e em nome do Arcebispo de Westminster, (Arquidiocese Primaz da Inglaterra e País de Gales), se opuseram à decisão da Suprema Corte e argumentaram que “fornecer comida e água a pacientes muito doentes, mesmo por meios assistidos, é um nível básico de atenção”, e não um “tratamento médico”.
Explicaram que “a Igreja Católica continua se opondo à definição de nutrição e hidratação assistida como tratamento médico, que agora se torna a base das decisões médicas e legais para retirar a nutrição e a hidratação assistida dos pacientes”.
Nesse sentido, afirmaram que a alimentação e a hidratação artificial ao paciente "devem ser fornecidas sempre que possível, a menos que haja indicação médica de que é muito oneroso ou que não atinge sua finalidade".
Os bispos disseram que o caso de RS demostra que o tema é polêmico, pois os juízes tomaram a decisão em um suposto "melhor interesse" do paciente. No entanto, “observamos que o senhor RS não se recusou a comer nem tomar líquidos, nem expressou sua opinião sobre não querer alimentos e líquidos nessas circunstâncias, e não havia provas de que considerasse a nutrição e a hidratação assistida como tratamento médico".
Do mesmo modo, os bispos também lembraram a Hancock que Dom Gadecki, presidente da Conferência Episcopal Polonesa, escreveu ao Cardeal Vincente Nichols, presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales, para expressar sua preocupação e solicitar sua intervenção neste caso.
Na carta enviada, Dom Gadecki destacou que a opinião pública na Polônia está abalada e lamenta a decisão da Suprema Corte Britânica, que “condenou RS à morte por inanição”. Além disso, recordou a oferta das autoridades polonesas de cobrir os custos de tratamento e transporte de RS para seu país natal, e lamentou que o Tribunal se oponha, “pois a viagem poderia colocar a sua vida em risco”.
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A este respeito, os bispos comunicaram o desejo do Arcebispo de que as autoridades do Reino Unido autorizem o cidadão polonês a ser transferido e tratado na Polônia.
"Em seu nome, escrevemos para expressar nossa oposição a esta definição de tratamento médico e para transmitir a oferta das autoridades polonesas de auxiliar na transferência do senhor RS para a Polônia para seu futuro atendimento", disseram.
“Aceitamos que o processo legal referente ao senhor RS tenha sido concluído. No entanto, rezamos por um acordo dentro da família sobre o tratamento e cuidados que serão fornecidos, e expressamos o desejo do Arcebispo de que o senhor RS seja transferido e cuidado na Polônia”, acrescentaram.
Finalmente, ofereceram suas orações pelo paciente e sua família. "Desejamos expressar nossas orações e compaixão pelo senhor RS e sua família na Inglaterra e na Polônia e reconhecer a condição de saúde profundamente trágica que enfrenta", concluíram.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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