Em um vídeo que se tornou viral no Brasil, o Bispo de Formosa (GO), Dom Adair José Guimarães, lamentou que, frente às medidas adotadas por causa da pandemia de Covid-19, “bispos, sacerdotes” estejam se “curvando diante” das autoridades civis que, com medidas arbitrárias vêm contrariando o direito de culto e a liberdade religiosa dos fiéis brasileiros.

O trecho da homilia do Prelado viralizou após ser compartilhado no Facebook no sábado, 23 de janeiro, por Prof. Felipe Aquino, intelectual católico, escritor e apresentador.

Ao comentar sobre a atual situação gerada pela pandemia de coronavírus, Dom Adair assinalou que “estamos sendo manipulados com tantas incertezas, com tantas besteiras que vão se fazendo em relação a esta peste, desde o fechamento das Igrejas, que foi um absurdo que clamará a Deus”.

Entre as medidas adotadas com a finalidade de se manter o distanciamento social para prevenir a propagação do vírus esteve o fechamento das igrejas em diversos lugares, com a suspensão das Missas com a presença dos fiéis.

Frente a estas ações, o Bispo de Formosa afirmou que, embora as autoridades busquem promover tais medidas, “o povo não vai abdicar de sua liberdade, de sua fé”. “Nós não podemos aceitar que nenhuma autoridade venha com essa lorota de fechar os nossos templos, de fechar as nossas igrejas, de privar a humanidade de dar a Deus o que é de direito de Deus, o louvor”, disse.

“Eu acho que nós estamos muito fracos, nós bispos, sacerdotes, curvando diante desses governadores e prefeitos. Nunca antes na história nós tivemos isso. E nós nos curvamos sem questionar”, lamentou.

Além disso, o Prelado observou que outras instituições, como bancos, continuam abertas, bem como a circulação de meios de transporte, como “os aviões estão cheios de pessoas”, ou mesmo no período eleitoral, que “os comícios aglomeraram tanto”. “Agora, querem fechar as igrejas”, pontuou.

“Não é aqui que o vírus está, o vírus não está no altar, na hóstia consagrada. E nós, cristãos, não somos filhos do medo, nós somos filhos da coragem. E se nós tivermos que morrer com a peste? Vamos morrer na fé?”, questionou.

Em seguida, Dom Adair lamentou que nem mesmo os doentes podem receber a assistência da Igreja. “Agora, o sacerdote não pode dar unção. Um padre nosso morreu com essa peste sem a unção dos enfermos, porque não pudemos dar a unção dos enfermos. É lamentável os direitos de Deus serem cerceados”.

Por fim, ressaltou que “nós não podemos nunca nos curvar diante dos homens. Nós somos chamados, como a Santíssima Virgem, a nos curvar diante de Cristo”.

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Dom Adair não é o primeiro bispo brasileiro a alertar sobre as medidas que restringem a participação dos fiéis na Missa.

Em dezembro do ano passado, o Bispo de Frederico Westphalen, Dom Antônio Carlos Rossi Keller, criticou medidas do governo do Rio Grande do Sul que restringiam a capacidade das igrejas a 10% ou 30 pessoas, além de proibir “distribuição de alimentos e bebidas”.

Conforme indicou o Prelado, essa medida poderia “significar a arbitrariedade de se impedir a distribuição da Sagrada Eucaristia”.

“As autoridades sanitárias pretendem culpar a Igreja pela situação em relação ao aumento de casos do Covid-19 no Estado”, afirmou na ocasião.

O Arcebispo de Juiz de Fora (MG), Dom Gil Antônio Moreira, também expressou sua perplexidade diante das medidas estabelecidas pela prefeitura local em dezembro devido à pandemia.

Na época, o Prelado disse que era “incompreensível por que praças comerciais de alimentos podem funcionar com 50% de sua capacidade de fregueses, sem restrição de horários, e as igrejas, que são lugares muito mais seguros, que cuidam com muito mais rigor do distanciamento, uso de máscara, higienização das mãos repetidas vezes numa única celebração, tapetes químicos e medição de temperatura, devem funcionar apenas com 20% do espaço e restringir suas celebrações em apenas 45 minutos”.

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