Vaticano, 9 de fev de 2021 às 10:30
O Papa Francisco fez um apelo para conservar as democracias frente à crise política aberta pela pandemia do coronavírus em todo o mundo.
O Pontífice disse, durante a audiência que concedeu no Vaticano nesta segunda-feira, 8 de fevereiro, ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, que “manter vivas as realidades democráticas é um desafio deste momento histórico, que toca de perto todos os Estados, sejam eles pequenos ou grandes, economicamente avançados ou em vias de desenvolvimento”.
O Pontífice destacou que “a democracia baseia-se no respeito mútuo, na possibilidade de todos concorrerem para o bem da sociedade e na consideração de que as opiniões diferentes não só não prejudicam o poder e a segurança dos Estados, mas, num confronto honesto, enriquecem-se mutuamente e permitem encontrar soluções mais adequadas para os problemas que se devem enfrentar”.
Acrescentou que “o processo democrático requer que se persiga um caminho de diálogo inclusivo, pacífico, construtivo e respeitoso entre todas as componentes da sociedade civil em cada cidade e nação”.
“Os acontecimentos que de Oriente a Ocidente, segundo formas e em contextos diversos, marcaram o último ano, mesmo – repito – em países de longa tradição democrática, mostram quão ineludível seja este desafio e como não possamos eximir-nos da obrigação moral e social de o enfrentar com uma atitude positiva”.
Além disso, lembrou que “o desenvolvimento duma consciência democrática exige que se superem os personalismos e prevaleça o respeito pelo estado de direito”.
Na verdade, “o direito é o pressuposto indispensável para o exercício de todo o poder e deve ser garantido pelos órgãos competentes, independentemente dos interesses políticos dominantes”.
O Santo Padre também lamentou que “a crise da política e dos valores democráticos faz-se sentir também a nível internacional, com repercussões em todo o sistema multilateral e a consequência evidente de Organizações pensadas para favorecer a paz e o desenvolvimento – com base no direito e não na «lei do mais forte» –, verem comprometida a sua eficácia”.
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“Sem dúvida, não se pode dissimular que o sistema multilateral também apresentou algumas limitações nos últimos anos”, reconheceu.
No entanto, afirmou que “a pandemia é uma ocasião que não se deve perder para pensar e implementar reformas orgânicas, para que as Organizações internacionais reencontrem a sua vocação essencial de servir a família humana para preservar a vida de cada pessoa e a paz”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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