FLORIDA, 11 de fev de 2021 às 10:00
Em 6 de fevereiro, o Arcebispo de Miami, Dom Thomas Wenski, fez uma homilia comovedora em honra a Laura Schwartzenberger, uma agente católica do FBI que foi assassinada no cumprimento do seu dever.
Em 2 de fevereiro, a agente especial do FBI, Laura Schwartzenberger, mãe de dois filhos pequenos e membro da paróquia “Mary, Help of Christians”, em Parkland, Flórida (Estados Unidos), foi assassinada a tiros junto com o agente Daniel Alfin, enquanto investigavam um caso de pornografia infantil.
O Prelado disse que a comunidade ficou chocada após a morte de Laura, uma mulher que não só se comprometeu com a segurança das crianças ao longo de sua carreira, mas também ensinou educação religiosa para crianças em sua paróquia local.
“Oferecemos nossas mais sinceras condolências ao marido de Laura, Jason, e aos seus dois filhos, Gavin e Damon. Nossas condolências também à família de Daniel Alfin. Compartilhamos a dor e a dor dos pais, irmãos e parentes consanguíneos desses servidores públicos que foram atacados no cumprimento do dever”, disse.
“Sua dor é real e toda a nossa comunidade aqui no sul da Flórida a compartilha com vocês, e esperamos que, ao compartilhá-la, possamos reduzir um pouco esta dor. E, embora não possamos fazer isso, queremos que saibam que não estão sozinhos. Toda a comunidade está ao seu lado e continuará a fazê-lo nos próximos dias”, acrescentou.
Os agentes Schwartzenberger e Alfin estavam cumprindo um mandado federal contra David Lee Huber, de 55 anos, suspeito de trocar imagens sexuais de crianças, informou a Fox News.
Quando os agentes do FBI se aproximaram da porta, Huber supostamente olhou pela doorbell câmera (campainha inteligente que tem uma câmera de vídeo) da porta de sua casa e depois atirou contra as autoridades. O agressor também atirou em outros três agentes, dois dos quais foram hospitalizados. Huber depois se suicidou.
Dom Wenski disse que a agente Laura lidou com o lado negro da natureza humana ao longo de sua carreira e protegeu os jovens e vulneráveis da maldade dos predadores sexuais. Dirigindo-se aos dois filhos de Laura, o Prelado disse que sua mãe era uma verdadeira heroína que estava firmemente comprometida com a caridade.
“Gavin e Damon, sua mãe foi uma heroína como todos os agentes, todos os membros das forças da ordem que usam um distintivo e se apresentam ao serviço. Eles não são celebridades; mas são heróis. As celebridades se exibem; os heróis aparecem”, disse.
“Mas ser um herói não significa não conhecer o medo, mas não deixar que ele oprima para não ajudar o próximo. Ela e todos aqueles que morrem no cumprimento do dever são heróis, porque diante do mal responderam com firmeza e resolução para proteger e servir o bem comum”.
Dom Wenski disse que a morte da agente Laura recorda a fragilidade da vida e levanta perguntas difíceis.
A este respeito, assinalou que a angustiada Marta de Betânia provavelmente enfrentou um encontro semelhante. Segundo o Evangelho, repreendeu Cristo por não ter estado lá para salvar seu irmão Lázaro da morte. No entanto, assim como foi para Lázaro e sua família, a ressurreição é uma luz de esperança em meio às trevas e à dor, acrescentou.
“Nossa fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos nos ilumina inclusive nas trevas deste dia; e nossa esperança n'Ele, que venceu a morte, nos conforta e nos fortalece em nossa dor; mas ainda assim choramos; choramos como Jesus chorou pela morte de seu amigo Lázaro”.
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“Dirigimo-nos à Mãe de Jesus, Maria Auxiliadora. A Mãe de Deus sem pecado conheceu a dor quando ficou ao pé da cruz enquanto Jesus morria. Como a Laura rezava -nesta igreja, na sua casa, com os seus alunos de religião, com os seus filhos-, também rezamos invocando àquela que é a nossa ajuda: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte”.
Em 6 de fevereiro, foi feita uma homenagem para a agente Laura em Miami Gardens. Durante o evento, o diretor do FBI, Christopher Wray, disse que, embora não tenha tido o prazer de conhecer Laura pessoalmente, as histórias dessa agente contam uma vida de "determinação, dedicação e coragem".
Disse que a agente Laura entrou para o FBI em 2005 e, após se formar em Quantico, assumiu seu primeiro trabalho de campo em Albuquerque. Em 2007, a agente católica tornou-se a primeira mulher a entrar para equipe SWAT do FBI, em Albuquerque. Três anos depois, mudou-se para Miami e se juntou ao Violent Crimes Against Children Squad (Esquadrão de Crimes Violentos contra Crianças).
Wray destacou que ela advogou zelosamente por uma maior proteção das crianças contra predadores on-line e fez apresentações sobre a extorsão sexual. Disse que em um de seus casos mais importantes, ajudou a prender um criminoso que enganou centenas de adolescentes para que compartilhassem suas imagens íntimas.
“Laura teve um impacto tão profundo nos pais de algumas das vítimas que, quando souberam que Laura havia sido assassinada no cumprimento do dever, imediatamente enviaram suas condolências ao escritório e perguntaram como poderiam ajudar os dois filhos de Laura. Isso diz muito sobre o que Laura significava para esta comunidade”, disse Wray.
O oficial também se referiu à fé católica de Laura como o motivo que a levou a realizar um serviço verdadeiro e comprometido até o final. “Entendo que Laura era uma mulher de fé, uma católica devota que frequentava a igreja de Maria Auxiliadora. Era uma parte importante de sua vida e parte de quem ela era em tudo o que fazia”, disse.
“Não importa o quão difícil foram os dias de Laura, não importa o quão difícil se tornou proteger as crianças do mal. Laura manteve essa fé. Assim como manteve sua fé no Estado de direito, na justiça e em fazer a coisa certa”, acrescentou.
“Um chamado ao serviço não está desenhado para oferecer comodidade e conveniência. O verdadeiro serviço é uma provação. É um ato de fé. E Laura tinha fé. Tinha fé nas pessoas. Tinha fé no trabalho que estava chamada a realizar. Ela alimentou esta fé. Ela a compartilhou e a viveu, todos os dias”, concluiu.
Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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