A Diocese de Yola (Nigéria) está concluindo a construção de casas para as vítimas do grupo terrorista Boko Haram que foram deslocadas de suas aldeias e há mais de cinco anos moram em acampamentos dentro da diocese.

Nesta segunda-feira, 8 de fevereiro, o Bispo de Yola, Dom Stephen Dami Mamza, disse à ACI África, agência do Grupo ACI, que a realocação está prevista para a primeira semana de março e que o projeto deverá fornecer uma solução mais sustentável para os desafios enfrentados por pessoas deslocadas internamente que tiveram de abandonar as suas aldeias e as suas casas devido aos ataques do grupo fundamentalista islâmico.

“Não tem sido fácil cuidar dos deslocados internos que vivem na nossa diocese há seis anos. As pessoas também estão cansadas e querem começar de novo a vida”, acrescentou.

Dom Mamza assinalou que os doadores que apoiaram os deslocados internos também estão experimentando o cansaço e tornou-se difícil para a Diocese manter a qualidade de vida nos acampamentos.

As vítimas dos ataques do Boko Haram, provenientes das aldeias vizinhas à Diocese de Yola, localizadas no estado Adamawa, começaram a migrar em 2014 depois que suas aldeias foram atacadas pelos terroristas.

Dom Mamza lembrou que durante esses anos as pessoas chegaram em grande número, ocupando o centro pastoral da diocese, o centro catequético e as instalações das escolas católicas.

O Prelado assinalou que entre 2015 e 2016 os militares assumiram o controle dos governos das aldeias locais tomadas pelos jihadistas, o que permitiu que muitos deslocados internos que haviam sido alojados na Catedral de Santa Teresa, da Diocese de Yola, voltassem para casa.

No entanto, assinalou que existem algumas aldeias que ainda experimentam níveis significativos de insegurança.

“Havia um grande número de deslocados internos aqui, mas muitos voltaram para suas casas depois que a segurança foi restaurada em suas aldeias. No entanto, ainda existem aldeias perto da floresta Sambisa onde os militantes do Boko Haram estão hospedados. As pessoas dessas aldeias não podem voltar para casa e ainda estão acolhidos por nós”, acrescentou.

No momento, cerca de 86 famílias ainda moram em barracas dentro da diocese e seus filhos estão matriculados em escolas católicas vizinhas.

Dom Mamza indicou que a vida dos deslocados na catedral não é fácil, onde as famílias numerosas são obrigadas a dividir um único cômodo individual nos acampamentos, situação que nega a privacidade das pessoas.

O Prelado destacou que, neste contexto, nasceu há dois anos a ideia da construção de casas permanentes para os deslocados.

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“Comecei a pensar na possibilidade de conseguir fundos para realocar os nossos deslocados internos e apresentei a ideia à Missio Alemanha, nossa principal organização financiadora, que nos deu toda a verba de que precisávamos. O governador de Adamawa também veio e doou um total de 10 hectares de terra para a instalação”, assinalou.

Hoje, o projeto habitacional da Diocese é composto por 43 apartamentos, que estão divididos em duas casas cada, para abrigar as 86 famílias. Cada uma das casas tem vários cômodos que incluem uma sala, uma cozinha e um banheiro.

Dom Mamza lembrou que cada apartamento está rodeado de espaço suficiente para ampliar a casa ou para se dedicar à agricultura.

Com o apoio da Missio Alemanha, a Diocese construiu também uma escola que acolherá os filhos dos deslocados internos que frequentam o ensino fundamental, bem como os menores das aldeias vizinhas.

Ao comentar sobre o desafio de realocar os deslocados pelos ataques jihadistas, Dom Mamza assinalou que "Boko Haram continua sendo um grande problema na Nigéria e há muitos lugares que ainda estão sob seu controle".

“Nossa região está melhor em termos de segurança, pois apenas algumas aldeias ainda têm militantes ocupando-as”, acrescentou.

Publicado originalmente por ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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