No dia 3 de março, as ruas do centro de Santiago (Chile) amanheceram com cartazes que mostram a realidade crua do aborto.

Os cartazes colocados no entorno do Palácio da Justiça e do prédio do antigo Congresso Nacional, mostravam imagens de fetos de 12 e 14 semanas de gestação que foram abortados acompanhados da hashtag #EstoEsUnAborto (em português, #IssoÉUmAborto).

ADVERTÊNCIA: As imagens a seguir podem ferir a sensibilidade do leitor.

Os cartazes continham frases que denunciam o eufemismo de "interrupção voluntária da gravidez", utilizado pelas organizações abortistas para promover a legalização dessa prática.

 

A campanha anônima coincidiu com o dia em que a Comissão de Mulher, Equidade e Gênero da Câmara dos Deputados do Chile retomou o debate do projeto para modificar o Código Penal e ampliar o acesso ao aborto até a 14ª semana de gravidez, sem estabelecer qualquer causa.

No Chile, desde setembro de 2017, existe uma lei de aborto sob a justificativa de inviabilidade fetal, risco de vida da mãe e por estupro até a 12ª semana de gestação. Neste último caso, quando se trata de uma menina com menos de 14 anos, o prazo é estendido para 14 semanas de gestação.

Ao iniciar o debate em janeiro de 2021, Maite Orsini, presidente da comissão de Mulher, Equidade e Gênero e integrante do partido da Revolução Democrática, pediu “cuidado com a linguagem e evitar chamar o feto ou zigoto de criança ou bebês".

“´Há muitas pessoas olhando e alguém poderia pensar que aqui estamos legislando para matar crianças e bebês e não é o caso”.

Organizações como ‘Mulheres Reivindica’ e ‘Frente de Defesa pela Vida’ qualificaram as declarações como uma “forte tentativa de censura” que afetará a discussão.

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Constanza Saavedra, porta-voz do Coletivo pelas Duas Vidas, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que “essa é a realidade do aborto, o que não se vê, o que não se diz”.

As organizações reunidas no Coletivo pelas Duas Vidas esperam que haja honestidade e transparência por parte dos políticos que discutem o tema.

“Quando começou a discussão sobre o aborto em três causas, a (então) presidente Michelle Bachelet começou a dizer que o aborto era chegar tarde e uma falha como sociedade. Mas, tentou-se fazer acreditar que em três situações bem concretas e pontuais o aborto seria despenalizado”.

“Hoje vemos que isso está muito longe da realidade porque não foi apenas despenalizado, mas também legalizado. Hoje o aborto em três causas é exigível a tal ponto que um médico ou uma instituição que se recuse a fazê-lo podem ser perseguidos judicialmente”.

Além disso, “pretende-se ampliar o aborto livre. Lembremos que estamos falando de mulheres saudáveis, com filhos saudáveis ​​e com relações sexuais consentidas e que desejam passar o aborto livre como um direito reprodutivo”.

Saavedra garantiu que para "realmente evitar o aborto" é urgente uma discussão sobre políticas educacionais para evitar a gravidez e "políticas públicas que apoiem ​​a maternidade e os filhos pequenos", desta forma se ajudará "as mulheres que por algum motivo têm alguma dificuldade em enfrentar a gravidez que já é uma realidade”.

“O aborto abandona a criança, ao eliminar a sua vida, e abandona a mulher ao não lhe oferecer nenhuma solução concreta que a ajude a sair da situação na qual se encontrava antes da gravidez”, afirmou Saavedra.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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