Durante a sua viagem apostólica ao Iraque, o Papa Francisco realizará uma visita à planície de Ur, um lugar significativo para a fé por ser a terra de Abraão, onde Deus falou com ele pela primeira vez.

A cidade de Ur é mencionada na Bíblia, especialmente no Gênesis, onde se indica que “Taré tomou seu filho Abrão, seu neto Ló, filho de Aram, e Sarai, sua nora, mulher de Abrão, seu filho, e partiu com eles de Ur da Caldeia, indo para a terra de Canaã. Chegados a Harã, estabeleceram-se ali".

São João Paulo II manifestou o desejo de visitar esta planície no dia 29 de junho de 1999, na sua "Carta sobre a peregrinação aos lugares relacionados com a história da salvação". Ele tinha esperança de poder visitar Ur no ano 2000, mas devido às guerras que atingiram o país naquela época, foi impossível.

De 5 a 8 de março, o Papa Francisco estará em visita apostólica ao Iraque, país de maioria muçulmana onde os católicos representam apenas 1,5% de uma população de 38,8 milhões de pessoas, segundo o Vaticano, e que há poucos anos sofreram perseguições por parte do grupo terrorista Estado Islâmico.

Durante o segundo dia de sua visita apostólica, o Santo Padre terá um encontro inter-religioso em Ur dos Caldeus, uma antiga cidade na baixa Mesopotâmia, 300 quilômetros ao sul da capital do Iraque, Bagdá.

Por isso, Dom Francis Kalabat, bispo caldeu que serve esta comunidade nos Estados Unidos, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a visita do Papa Francisco a Ur é significativa.

“Ser o primeiro Papa na história em visitar o Iraque e, especificamente, Ur é significativo. É no espírito da Fratelli tutti que o Papa visita o Iraque e, portanto, o logotipo oficial traz as palavras ‘Sois todos irmãos’”, assinalou.

Dom Kalabat, Bispo da Eparquia de São Tomé Apóstolo, em Detroit, indicou que a origem do Cristianismo no Iraque atual tem “suas raízes no Apóstolo São Tomé”.

“De caminho à Índia, São Tomé deixou para trás os santos Addai, Aggai e Mari. Os registros documentados revelam que, no final do século II, a Igreja era uma entidade organizada, com catedrais construídas e uma hierarquia em seu local”, assinalou.

O Prelado indicou que atualmente Ur "está em grande parte desprovida de cristãos", mas é um lugar importante porque é "a casa de nosso pai na fé Abraão".

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“Sempre foi revelada como o lugar da semente da fé”, frisou.

Finalmente, Dom Kalabat disse que o impacto da viagem apostólica do Papa ao Iraque será "uma maior compreensão da fraternidade" no país e uma oportunidade para "unir todos sob uma mesma humanidade".

As comunidades cristãs iraquianas estão marcadas pela perseguição, discriminação e martírio, o que forçou inúmeras famílias ao deslocamento interno e ao exílio, um fenômeno que se intensificou depois da queda de Sadam Hussein em 2003 e da ofensiva dos terroristas do Estado Islâmico (ISIS), em 2014.

Após a ocupação da planície de Nínive pelo ISIS, mais de 100 mil cristãos abandonaram as suas casas. Esta região, berço do cristianismo iraquiano, ficou quase sem cristãos. Aqueles que não conseguiram fugir tiveram que sofrer sob o regime do Estado Islâmico. Muitos lugares e igrejas cristãos foram destruídos e casas cristãs ocupadas.

Com a queda do ISIS em 2017, os cristãos começaram um retorno gradual.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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