Quando Vida Hanna (27) soube pelo Arcebispo de Erbil, Bashar Warda, que o Papa Francisco estava indo para o Iraque ela pensou consigo que era só mais um rumor.

Tendo crescido na pequena e unida comunidade Católica Caldeia de Erbil, ela era uma menininha quando houve rumores de o Papa João Paulo II planejava ir ao Iraque para o Jubileu 2000. “Mas assim que vi o anúncio oficial do Vaticano vi que, desta vez, era de verdade”, disse ela à CNA, agência em inglês do grupo ACI, de seu escritório na Universidade Católica de Erbil.

Hanna, que se formou em comunicações, na Universidade da Califórnia em San Diego, é diretora de relações públicas e internacionais da universidade Católica, e o Arcebispo Warda apontou-a como coordenadora da Missa que o Papa Francisco vai presidir no domingo, 7 de março, no estádio de futebol de Erbil.  

“A Covid-19 devastou a economia local, assim, organizar um evento dessa magnitude, mesmo para as autoridades autônomas curdas locais, era financeiramente impossível”, disse Hanna. Segundo ela, no entanto, os Cavaleiros de Colombo se apresentaram voluntariamente. “Com sua habitual generosidade e discrição, tornaram esse sonho possível para toda a comunidade”, acrescentou.

“Chamar esse evento de histórico é pouco para todas as minorias, especialmente cristãs, depois de séculos de massacres, perseguições e deslocamentos forçados.”

Assim que a verba foi garantida, Hanna convocou jovens voluntários para ajudar. Vieram muitos mais do que ela espera até porque “todos os garotos e garotas cristãos sabem que esta é uma oportunidade única na vida.”

Ela pôs então os administradores da informática da Universidade a trabalhar em um software que garantisse alto padrão de reconhecimento de identidade.

“Foi necessário um grande esforço, porque os padrões de segurança tinham que ser muito altos: precisamos rechecar documentos, soletração correta de nomes, assegurar que correspondem aos documentos de identificação e assim por diante,” disse ela à CNA.

Os voluntários foram treinados na Universidade Católica, coletaram informações de cristãos num raio de Católica. “A reserva dos 10.000 lugares disponíveis durou duas semanas, enquanto, simultaneamente, um grupo de voluntários com especialistas da Igreja do governo revistaram o estádio, estabeleceram perímetros de segurança e planos de contingência.

Ela disse à CNA que, com todos esses detalhes acertados, “o próximo desafio era o transporte.” “Nunca antes em Erbil 10.000 pessoas foram transportadas simultaneamente para um só lugar de modo organizado. Mas estamos muito confiantes que tudo está no lugar e vai funcionar direito.”

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Vida Hanna está especialmente satisfeita porque a Missa envolveu tantos jovens. Além dos 250 jovens voluntários, há outros 100 no coro que acompanhará a missa.

“Todos os jovens cristãos locais estão encantados que isso esteja acontecendo com eles e sua geração... e é tão necessário! Só o Santo Padre pode trazer a sensação de segurança, a paz interior, a esperança de uma sociedade que aceite a diversidade religiosa,” diz ela.

Autoridades muçulmanas locais assistirão à Missa e haverá lugres reservados para outras minorias como os Yazidis. A celebração incluirá passagens em aramaico, curdo, árabe, inglês e italiano. “Eu farei uma das leituras em aramaico, a língua de Jesus... então estou um pouco nervosa,” brinca Hanna.

“Mas o importante é que a Missa não vai ser só a celebração do sacrifício de Jesus, mas vai também ser uma poderosa mensagem para nossos jovens cristãos: vocês podem ficar, vocês não precisam ir embora, vocês podem construir um futuro aqui, na terra onde nós cristãos estivemos por quase dois milênios.” 

Publicado originalmente em CNA. 

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