Pe. Naim Shoshandy, sacerdote siro-católico iraquiano, estava na Espanha durante a visita papal a sua terra natal, mas afirmou que foi um “presente do Céu para os cristãos do Iraque” e “três dias emocionantes e inesquecíveis” para o Oriente Médio.

O Papa Francisco esteve no Iraque de 5 a 8 de março e visitou Bagdá; Ur, que é a "pátria de Abraão"; Mossul, terra do profeta Jonas; Qaraqosh, uma cidade com uma presença cristã importante na planície de Nínive; e Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano.

“São muitos lugares ligados à fé cristã e ao martírio dos moradores depois dos bombardeios e da repressão” cometidos pelo Estado Islâmico, indicou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Pe. Shoshandy, cujo irmão foi assassinado por terroristas do Estado Islâmico, e que agora serve na Diocese de Albacete (Espanha), comentou que foram “três dias emocionantes e inesquecíveis nos quais o Santo Padre percorreu este país que tanto sofreu”.

“Obrigado Santo Padre por sua visita e por suas palavras, foram um presente do Céu para todos os cristãos no Iraque, e também para todos aqueles que a vivemos à distância, mas com o coração em casa. Obrigado!”, expressou o sacerdote.

A visita do Papa ao Iraque foi "um evento há muito esperado para curar as feridas das pessoas que sofreram tantos anos de guerras, dificuldades e muitos problemas, mas que também precisam renascer e conquistar um futuro de paz", disse o padre à ACI Prensa.

“O Papa veio para defender os seus filhos nesta terra, filhos feridos por serem cristãos e professarem a fé em Jesus, filhos que não duvidaram em dar testemunho e proclamar a todo o mundo que o cristianismo está vivo”, continuou.

Com a sua presença, o Papa Francisco manifestou “aos cristãos e aos povos do Oriente, que vivem há algum tempo em estado de dúvida, medo e opressão, o seu apoio e incentivo, e também levou a eles a esperança de melhores condições de vida. Hoje chegou o momento para mudar a nossa mentalidade e a nossa cultura”.

“A visita do Papa Francisco foi uma visita histórica em todos os aspectos. Foi um momento poderoso para que ele revele a verdade. Um ato muito corajoso, principalmente nestes momentos difíceis que estamos vivendo” com “várias dificuldades como conflitos, guerras e migrações”, acrescentou.

O sacerdote assegurou que “os cristãos nesta situação precisam mais do que nunca de uma palavra de seu pai. O Papa é o pai e seus filhos precisavam de sua presença”.

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O sacerdote destacou também o encontro do Papa Francisco em 6 de março com o aiatolá Al-Sistani, líder dos muçulmanos xiitas, como um passo em direção à fraternidade, considerando que o Iraque é um país predominantemente muçulmano.

“Dizem que 'os olhos são o espelho da alma', tenho a certeza de que o Papa deve ter visto e sentido refletido nos olhos e nos rostos dos cristãos iraquianos essa tremenda ilusão e alegria por sua chegada: pessoas simples com um olhar de fé inabalável apesar do sofrimento, pessoas que não duvidam que Deus está sempre com eles e que a Virgem Maria, nossa mãe, os acompanha”.

Pe. Shoshandy assegurou que a visita do Papa Francisco “oferece e dá ao Iraque a esperança de um amanhã melhor, no qual exista tolerância, aceitação e defesa do princípio da igualdade dos cidadãos, longe dos chamados ao ódio e ao sectarismo”.

“Esperamos agora que as coisas melhorem um pouco no país, que tudo corra melhor”, concluiu o sacerdote.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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