O estado de Pernambuco começa nesta quinta-feira, 18 de março, uma quarentena decretada a fim de conter a disseminação da Covid-19, a qual inclui restrições às Missas, que só podem ser realizadas de forma virtual. Esta medida se dá após o governo não considerar atividades religiosas como essenciais, o que levou a manifestações de indignação.

As novas regras do governo de Pernambuco valem até o dia 28 de março. De acordo com o decreto nº 50.433, de 15 de março de 2021, “igrejas, templos ou outros locais apropriados” estão autorizados a funcionar de forma presencial apenas “para a realização de atividades administrativas e de preparação, gravação e transmissão de missas, cultos e demais celebrações religiosas pela internet ou por outros meios de comunicação”.

Esta mesma determinação já havia sido estabelecida pelo governo de Pernambuco no decreto nº 50.346, de 1º de março de 2021.

Após a publicação deste decreto do início de março, a Diocese de Caruaru manifestou a “indignação” com a determinação do governo. “Em que pese a reconhecida autoridade do governo do estado de Pernambuco e reconhecendo o princípio republicano que norteia a laicidade estatal, causa-nos tristeza a possibilidade de extrair do trecho em tela a mensagem Deus não é Essencial em tempos de pandemia”, expressou decreto assinado pelo Bispo diocesano, Dom José Ruy Gonçalves Lopes, em 10 de março.

“Manifesta-se assim, a mais explícita violação da Liberdade de Culto, art. 5º VI, cláusula pétrea da Constituição Federal. Restrição Sanitária não se confunde com Supressão de Direitos”, completou.

Neste mesmo decreto, em que deu as indicações de como deveriam ser realizadas as celebrações, Dom José Ruy concluiu anunciando “que quaisquer indicações futuras a respeito do funcionamento das igrejas durante a pandemia deverão ser consultadas diretamente nos decretos publicados pelo poder executivo estadual, tendo em vista que, submetendo e subjugando a Igreja Católica, restou aos Bispos, tão-somente, a prerrogativa de exalar decretos que apenas repetem o que já foi imposto pelas autoridades civis”.

Nesse sentido, após a publicação do novo decreto estadual de 15 de março, a Diocese de Caruaru publicou apenas algumas “orientações pastorais” assinadas pelo vigário episcopal para a pastoral, Pe. Zenilson Tibúrcio. Entre essas, estão, por exemplo, a celebração de Missas sem presença de fiéis, a suspensão de “procissões, Vias-sacras e atos de piedade popular que aglomerem pessoas”.

O Bispo de Caruaru é uma das vozes que em diferentes momentos se colocou para defender a importância da vida religiosa das pessoas, sobretudo neste tempo de pandemia. Em uma dessas ocasiões, na Missa de Quarta-feira de Cinzas deste ano, o Prelado defendeu que “o povo tem direito a Deus”.

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“Todos nós queremos viver, queremos vida e queremos vida em plenitude na eternidade. Todos nós queremos vida, queremos saúde e queremos vacina”, disse e ressaltou, porém, que “também queremos Deus”.

Dom José Ruy afirmou que “o Brasil é um país laico, mas o povo brasileiro é um povo religioso”, por isso, “não podemos confundir restrição sanitária com supressão de direitos”.

Dessa forma, sublinhou que o povo cristão “tem direito a prestar culto a Deus, porque Deus é essencial em nossa vida, sobretudo nos momentos difíceis e trágicos como este que vivemos”.

“O povo tem direito a Deus. O povo quer Deus, porque Deus é essencial, Deus é a essência da nossa vida, da nossa existência. Queremos Deus”, exclamou.

Em seguida, o Bispo de Caruaru advertiu que “daqui a dois anos”, em tempo de eleição, virão à Igreja, ao “mesmo templo que foi determinado que fosse fechado aos domingos”. “Nosso Senhor vai dar com o chicote de cordas para dizer: no tempo de eleição se vai ao templo, aí a Igreja é importante; aos domingos, fora das eleições, não”.

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