Por ocasião do 25º. aniversário da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata, de São João Paulo II, o dicastério encarregado dos consagrados no Vaticano, atualmente comandado pelo Cardeal brasileiro Dom João Braz de Aviz, enviou uma carta assinalando a vigência das reflexões deste documento magistral, e chamou os consagrados a darem testemunho da beleza pois “belo é o rosto de quem anunciamos”.

“Não gostaríamos que passasse despercebido o 25º. aniversário (25 de março de 1996) da publicação da Exortação Apostólica de São João Paulo II Vita Consecrata, fruto da reflexão da IX Assembleia do Sínodo dos Bispos, celebrada em outubro de 1994. Nela os Bispos confirmaram repetidamente que "a vida consagrada está colocada no coração da Igreja como elemento decisivo de sua missão. Um dom precioso e necessário também para o presente e o futuro do Povo de Deus", afirma a carta do dicastério para a vida consagrada publicada neste 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor.

Recordando que a” Exortação Apostólica Vita Consecrata foi publicada em tempos de grande incerteza e em uma sociedade líquida, com identidades confusas e laços de pertença enfraquecidos”, resulta “surpreendente notar a certeza com que se define a identidade da vida consagrada: "um ícone de Cristo transfigurado" que revela a glória e o rosto do Pai no esplendor radiante do Espírito. Vida consagrada, portanto, como confessio Trinitatis!”

“Nesta ocasião, fazemos nossa a invocação e a ação de graças expressas mediante as palavras do Papa Francisco: "Senhor, minha salvação vem de Ti, minhas mãos não estão vazias, mas cheias de Tua graça. Saber vera graça é o ponto de partida" (Homilia, 12 de fevereiro de 2019). Voltar-se para trás e reler a própria história não apenas com o nosso olhar, mas com "o Olhar dos fiéis" é ver nela o dom fiel de Deus, na plena consciência de que o mistério do Reino de Deus já está atuando em nossa história e aguarda sua plena realização no céu”, afirma o texto.

Segundo o prefeito para a vida consagrada no Vaticano, a Exortação de João Paulo II “é inteiramente construída em torno da ideia de relação, uma relação gerada no e pelo mistério de Deus comunhão trinitária. Uma salvação que passa pela vida de quem se encarrega do outro. Um testemunho que não é individual, mas que pertence a uma fraternidade que vive o que anuncia e celebra”.

Lembrando que ser consagrado não se opõe “à sede universal de felicidade”, o Cardeal Braz de Aviz afirma que “ser pobre, casto e obediente” tem um poder “humanizador”, e que a vida consagrada hoje é capaz de se transformar “numa verdadeira ecologia do ser humano, de dar sentido e equilíbrio para vida, e harmonia e liberdade para a relação com as coisas”.

Entretanto, o Cardeal reconhece que “hoje a vida consagrada sente-se "mais pobre" do que no passado”, mas que pela ação da graça também vive mais intensamente “a relação com a Igreja e o mundo, com quem crê e com quem não crê, com quem sofre e está só”.

O Cardeal Braz propôs ainda a reflexão sobre a necessidade de que os consagrados dêem testemunho da beleza de Deus.

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“Se Deus é belo e o Senhor Jesus "é o mais belo entre os filhos do homem", então, ser consagrado a Ele é belo. A pessoa consagrada é chamada a ser testemunha da beleza. Em um mundo que corre o risco de cair em uma inquietante brutalização, a via pulchritudinis parece Ser a única maneira para se chegar à verdade ou para torná-la credível e atraente.

“Os consagrados e consagradas devem despertar em si mesmos, mas sobretudo nos homens e mulheres de nosso tempo, a atração pelo Belo (...) porque belo é o rosto que anunciamos”, afirmou.

Dom Braz considerou ainda que a exortação Vita Consecrata “certamente marcou a experiência e a reflexão das pessoas consagradas nos últimos anos. Estamos convencidos que ela deve continuar sendo um ponto de referência também para os próximos anos”.

“Estamos convencidos, de fato, que a Exortação pode ainda alimentar nas pessoas consagradas aquela fidelidade criativa que é a espinha dorsal da vida consagrada no terceiro milénio. Responder aos desafios que vêm da Igreja e da sociedade atual implica crescer em significado evangélico: "Não podemos - exorta o Papa Francisco - ficar presos na nostalgia do passado ou limitar-nos a repetir as coisas de sempre”.

“Dirigimos com confiança nossa oração a Maria para que os consagrados e consagradas possam "dar testemunho de uma existência transfigurada, caminhando alegremente com todos os outros irmãos e irmãs rumo à pátria celestial e à luz que não conhece ocaso" (Vita consecrata, 112). Aproveitamos esta oportunidade para saudar-vos e desejar-vos todo bem no Senhor, Ele que é TUDO para nós, consagrados e consagradas”, concluiu o Cardeal.

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