Um sacerdote italiano se recusou a realizar a bênção dos ramos no Domingo de Ramos como “protesto” pelo veto do Vaticano às bênçãos a uniões homossexuais.

Entrevistado pelo jornal italiano La Repubblica, Pe. Giulio Mignani disse que “tomou a decisão de não abençoar porque no Domingo de Ramos há reuniões e a comunidade estava avisada”.

“Depois, o documento da Congregação me decepcionou e aqui está o protesto”, assinalou.

Pe. Mignani é pároco na cidade italiana de Bonassola, na Diocese de Spezia-Sarzana-Brugnato.

Apesar de reconhecer que o veto do Vaticano às bênçãos a uniões homossexuais foi aprovado pelo Papa Francisco e que o Santo Padre “pensa desta forma”, o sacerdote italiano disse que “não escondo a minha decepção”

O que o Vaticano disse sobre abençoar as uniões gay

Em 15 de março, a Congregação para a Doutrina da Fé declarou " ilícita toda forma de bênção que tenda a reconhecer” as uniões homossexuais.

“Não é lícito conceder uma bênção a relações, ou mesmo a parcerias estáveis, que implicam uma prática sexual fora do matrimônio (ou seja, fora da união indissolúvel de um homem e uma mulher, aberta por si à transmissão da vida), como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”, disse o dicastério do Vaticano.

A Congregação para a Doutrina da Fé especificou que a Igreja “não abençoa nem pode abençoar o pecado: abençoa o ser humano pecador, para que reconheça que é parte de seu desígnio de amor e se deixe transformar por Ele. De fato, Ele «aceita-nos como somos, mas nunca nos deixa como somos»”.

A Diocese de Spezia-Sarzana-Brugnato se pronuncia

Após as polêmicas declarações de Pe. Giulio Mignani, a Diocese de Spezia-Sarzana-Brugnato publicou uma declaração, em 29 de março, afirmando que “apesar das diversas intervenções já realizadas pessoalmente pelo Bispo nos últimos anos e das declarações emitidas para reiterar aos fiéis a posição oficial da Igreja, diante das declarações do Pe. Giulio Mignani sobre questões de fé e moral, com dor devemos verificar o que voltou a acontecer no Domingo de Ramos nas paróquias encomendadas a ele”.

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“Pe. Giulio, além de omitir a tradicional bênção dos ramos de oliveira - segundo ele por causa dos regulamentos anti-Covid - também expressou sua posição sobre o 'responsum' (resposta) da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a possibilidade de abençoar as uniões do mesmo sexo”, indicou a diocese italiana.

A Diocese de Spezia-Sarzana-Brugnato especificou que abençoar as palmas e ramos no Domingo de Ramos "não infringe nenhuma norma anti-Covid".

Além disso, afirmou que é “condenável omitir ou fazer um gesto litúrgico vinculando-o a uma intervenção de protesto pessoal”.

Especialmente, destacou, "trata-se de um pronunciamento da Congregação para a Doutrina da Fé, publicação da qual o Santo Padre deu o seu consentimento".

A diocese italiana destacou que o documento da Congregação para a Doutrina da Fé “expõe de forma compreensível, com respeito, serenidade e verdade porque a Igreja não tem, e não pode ter, o poder de abençoar tais uniões”.

Indicou ainda que “este acontecimento está sendo analisado pelos escritórios correspondentes, de acordo com a legislação canônica vigente”.

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