LONDRES, 8 de abr de 2021 às 07:00
O grupo pró-vida Sociedade para a Proteção do Nascituro (SPUC, na sigla em inglês) qualificou como “tragédia” a sentença da Suprema Corte do Reino Unido que ordena desconectar o suporte vital de Pippa Knight, uma menina de 5 anos que está em coma há três anos, cuja mãe não deixou de lutar por seu direito à vida.
O líder do grupo pró-vida, John Deighan, disse que Paula, a mãe de Pippa, “tem sido um exemplo heroico de mãe amorosa e queremos apoiá-la. Ela tem o direito de esperar que nossa sociedade valorize todas as pessoas, independentemente de suas condições de saúde".
SPUC indicou que a família estava pensando em buscar asilo no Canadá, “onde há possibilidade de continuar um tratamento”.
A batalha legal de Paula por sua filha Pippa terminou em Londres em 2 de abril, quando a Suprema Corte se recusou a atender o recurso da sentença que ordena desconectar o suporte vital da menina.
Pippa nasceu em 2015 e em dezembro de 2016 começou a ter convulsões. Os médicos diagnosticaram encefalopatia necrosante aguda, uma doença muito rara que afeta o cérebro.
Depois que especialistas do Evelina London Children’s Hospital disseram que o suporte de vida deveria ser retirado, o caso foi para a Corte Superior que emitiu a sua sentença em 8 de janeiro de 2021.
Em fevereiro, o Anscombe Bioethics Center, instituo acadêmico católico de Oxford, declarou que o raciocínio ético por trás da decisão da corte era "profundamente errado".
O diretor do centro, David Albert Jones, comentou que o caso se assemelha ao do pequeno Charlie Gard, que morreu em 2017, e de Alfie Evans, que morreu em 2018, cuja ventilação foi removida contra a vontade de seus pais.
Jones disse que a retirada do suporte vital só poderia ser justificada se este não servisse mais para o seu propósito ou se representasse uma “carga excessiva”.
No entanto, "retirar o suporte vital quando é benéfico e não um fardo indevido nada mais é do que abandono", lamentou.
“Mesmo que a retirada do tratamento fosse justificável, é importante que a decisão seja tomada pelos motivos certos. No caso de Pippa Knight, como nos outros dois anteriores, o raciocínio ético é profundamente errado”, disse Jones.
Em fevereiro, a mãe de Pippa pediu aos juízes de apelação que revogassem a sentença da Corte Superior e disse que sua filha deveria sair do hospital para ser atendida em casa com um respirador portátil.
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Os três juízes da Corte de Apelações ratificaram a sentença da Corte Superior em 19 de março.
Após a ratificação, Paula Parfitt disse que estava "novamente devastada como resultado da sentença da Corte de Apelações de manter a decisão de que não é do interesse de Pippa ter uma prova de duas semanas com ventilador portátil para averiguar se pode vir para casa”.
Paula disse que tentaria levar o caso até a Suprema Corte Federal porque quer que Pippa “tenha todas as possibilidades de vir para casa e estar com a sua família”. Em 2 de abril a corte rejeitou seu pedido.
Dom John Sherrington, bispo auxiliar de Westminster e porta-voz do episcopado inglês para questões pró-vida, disse que "Pippa vive em uma condição complexa devido à sua estranha condição médica".
“A Igreja Católica ensina que toda pessoa é digna e isso não depende de sua condição. A falta de consciência não diminui o valor da pessoa”, ressaltou o bispo.
Dom Sherrington disse que reza pela menina, por sua mãe e pelos profissionais de saúde que cuidam de Pippa.
"Temos que garantir que ela receba os cuidados adequados enquanto estiver viva, apesar da doença grave ou deficiência", ressaltou ele.
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