CARACAS, 16 de abr de 2021 às 13:22
A Cáritas Venezuela promove "Sentidos em Trânsito", campanha que oferece recomendações para ajudar psicologicamente e dar apoio e proteção aos venezuelanos durante seu processo migratório.
A migração dos venezuelanos para fugir da violência, da insegurança e da pobreza em seu país é considerada uma das maiores crises de deslocamento humano do mundo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Atualmente, existem mais de 5 milhões de venezuelanos vivendo fora da Venezuela, na esperança de ter uma melhor qualidade de vida, que começa com a obtenção de alimentos, remédios e serviços essenciais.
A ACNUR estima que há mais de 800 mil venezuelanos solicitando asilo no mundo, e mais de 140 mil pessoas são reconhecidas como refugiados venezuelanos. A maioria vive em países da América Latina e do Caribe e, além disso, costumam ser principalmente famílias com filhos, mulheres grávidas, idosos e pessoas com deficiência.
Cerca de 2,5 milhões vivem em condições jurídicas alternativas que facilitam a obtenção de permissões para trabalhar, educar-se e receber serviços sociais. No entanto, existem centenas de milhares de venezuelanos que permanecem sem documentos ou não têm permissão para permanecer nos países para os quais emigram. Este problema os torna particularmente vulneráveis à exploração sexual e laboral, tráfico de pessoas, violência, discriminação e xenofobia.
Estima-se que, desde 2014, tenha havido um aumento de 8 mil porcento no número de venezuelanos que buscam obter o status de refugiados, principalmente na América. Embora Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e o sudeste do Caribe sejam as nações que os acolheram mais generosamente, estão cada vez mais sobrecarregados.
Além disso, a pandemia da Covid-19 agravou a crise na Venezuela em vários níveis, obrigando um número crescente de crianças, mulheres e homens a partir para os países vizinhos.
O processo migratório costuma ser difícil, já que famílias inteiras costumam se deslocar a pé e cruzar as fronteiras, expondo-se a perigos durante a viagem. Muitos chegam assustados, cansados e com uma grande necessidade de ajuda.
“Caminhamos durante 11 dias e tivemos que dormir na rua. Saímos porque ameaçaram nos matar. Eles mataram meu irmão... Quase me mataram”, disse Ana, uma venezuelana que agora mora no Equador, à ACNUR.
Segundo a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), 30% das crianças venezuelanas sofrem de desnutrição e quase meio milhão sofre de doenças crônicas sem acesso a medicamentos.
"Sentidos em Trânsito"
Neste contexto, a Cáritas Venezuela está desenvolvendo e apoiando projetos para atender às necessidades mais urgentes dos venezuelanos deslocados. Entre eles está a campanha “Sentidos em Trânsito”, implantada no estado de Zulia, município de Maracaibo.
A meta da campanha é prestar primeiros socorros psicológicos às famílias venezuelanas que enfrentam o processo migratório e também conscientizar às “testemunhas do trânsito”; ou seja, às pessoas que os encontram ao longo do caminho, para que saibam como apoiá-los.
“Todo processo migratório implica mudanças e ajustes para quem migra e para sua família. Essas mudanças podem gerar um aumento transitório dos níveis de estresse, que costumam se autorregular conforme a pessoa se adapta aos novos ambientes, rotinas e modo de vida no país de destino”, indicou a assessoria de imprensa da Cáritas Venezuela à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
A crise de saúde aumenta "os níveis de estresse, tristeza, confusão, raiva e medo das pessoas", disse a Cáritas Venezuela em um comunicado. Isso “torna o trânsito e a adaptação muito mais complexos e pode trazer consequências psicossociais prejudiciais”, indicou.
“Através de 'Sentidos em Trânsito' oferecemos uma série de mensagens com dicas e apoio, que nos aproximem da situação dos migrantes na região, a fim de esclarecer e contribuir com ideias sobre como abordar situações concretas que podem afetá-los durante o trânsito. Em meio às dificuldades, é essencial sentir-se acompanhado: nem o que transita nem as testemunhas do trânsito estão sozinhos”, destacou Cáritas.
Algumas das ajudas psicológicas oferecidas aos migrantes são para identificar opções concretas de onde e como buscar ajuda; manter contato com os familiares e amigos, pois “está comprovado que é um reforço psicológico fundamental”; e se organizar para estar informados sobre a crise sanitária e “assim diminuir a ansiedade durante a viagem”.
Em relação às testemunhas do trânsito, a Cáritas chamou a “apoiar e alentar aqueles que viajam nestas circunstâncias a que identifiquem habilidades que utilizaram para superar as adversidades no passado, e estimulá-los a que as ponham em prática”.
Do mesmo modo, afirmou que “é importante oferecer apoio para que os migrantes possam manter contato com seus familiares e contextos próximos”, por exemplo, por meios virtuais.
“Se estiver ao seu alcance, facilite o acesso virtual dos migrantes aos profissionais de saúde mental e ajude-os a desenvolver um plano de onde e como buscar ajuda quando precisarem”, ressaltou. Além disso, pediu que as fontes de informação sejam no idioma dos migrantes.
Para saber mais sobre a campanha, pode visitar o Facebook, Instagram, e Twitter da Cáritas Venezuela.
Confira também:
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A migração dos venezuelanos para fugir da violência, da insegurança e da pobreza em seu país é considerada uma das maiores crises de deslocamento humano do mundo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) da Organização das Nações Unidas (ONU).
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Atualmente, existem mais de 5 milhões de venezuelanos vivendo fora da Venezuela, na esperança de ter uma melhor qualidade de vida, que começa com a obtenção de alimentos, remédios e serviços essenciais.
A ACNUR estima que há mais de 800 mil venezuelanos solicitando asilo no mundo, e mais de 140 mil pessoas são reconhecidas como refugiados venezuelanos. A maioria vive em países da América Latina e do Caribe e, além disso, costumam ser principalmente famílias com filhos, mulheres grávidas, idosos e pessoas com deficiência.
Cerca de 2,5 milhões vivem em condições jurídicas alternativas que facilitam a obtenção de permissões para trabalhar, educar-se e receber serviços sociais. No entanto, existem centenas de milhares de venezuelanos que permanecem sem documentos ou não têm permissão para permanecer nos países para os quais emigram. Este problema os torna particularmente vulneráveis à exploração sexual e laboral, tráfico de pessoas, violência, discriminação e xenofobia.
Estima-se que, desde 2014, tenha havido um aumento de 8 mil porcento no número de venezuelanos que buscam obter o status de refugiados, principalmente na América. Embora Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru e o sudeste do Caribe sejam as nações que os acolheram mais generosamente, estão cada vez mais sobrecarregados.
Além disso, a pandemia da Covid-19 agravou a crise na Venezuela em vários níveis, obrigando um número crescente de crianças, mulheres e homens a partir para os países vizinhos.
O processo migratório costuma ser difícil, já que famílias inteiras costumam se deslocar a pé e cruzar as fronteiras, expondo-se a perigos durante a viagem. Muitos chegam assustados, cansados e com uma grande necessidade de ajuda.
“Caminhamos durante 11 dias e tivemos que dormir na rua. Saímos porque ameaçaram nos matar. Eles mataram meu irmão... Quase me mataram”, disse Ana, uma venezuelana que agora mora no Equador, à ACNUR.
Segundo a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), 30% das crianças venezuelanas sofrem de desnutrição e quase meio milhão sofre de doenças crônicas sem acesso a medicamentos.
"Sentidos em Trânsito"
Neste contexto, a Cáritas Venezuela está desenvolvendo e apoiando projetos para atender às necessidades mais urgentes dos venezuelanos deslocados. Entre eles está a campanha “Sentidos em Trânsito”, implantada no estado de Zulia, município de Maracaibo.
A meta da campanha é prestar primeiros socorros psicológicos às famílias venezuelanas que enfrentam o processo migratório e também conscientizar às “testemunhas do trânsito”; ou seja, às pessoas que os encontram ao longo do caminho, para que saibam como apoiá-los.
“Todo processo migratório implica mudanças e ajustes para quem migra e para sua família. Essas mudanças podem gerar um aumento transitório dos níveis de estresse, que costumam se autorregular conforme a pessoa se adapta aos novos ambientes, rotinas e modo de vida no país de destino”, indicou a assessoria de imprensa da Cáritas Venezuela à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
A crise de saúde aumenta "os níveis de estresse, tristeza, confusão, raiva e medo das pessoas", disse a Cáritas Venezuela em um comunicado. Isso “torna o trânsito e a adaptação muito mais complexos e pode trazer consequências psicossociais prejudiciais”, indicou.
“Através de 'Sentidos em Trânsito' oferecemos uma série de mensagens com dicas e apoio, que nos aproximem da situação dos migrantes na região, a fim de esclarecer e contribuir com ideias sobre como abordar situações concretas que podem afetá-los durante o trânsito. Em meio às dificuldades, é essencial sentir-se acompanhado: nem o que transita nem as testemunhas do trânsito estão sozinhos”, destacou Cáritas.
Algumas das ajudas psicológicas oferecidas aos migrantes são para identificar opções concretas de onde e como buscar ajuda; manter contato com os familiares e amigos, pois “está comprovado que é um reforço psicológico fundamental”; e se organizar para estar informados sobre a crise sanitária e “assim diminuir a ansiedade durante a viagem”.
Em relação às testemunhas do trânsito, a Cáritas chamou a “apoiar e alentar aqueles que viajam nestas circunstâncias a que identifiquem habilidades que utilizaram para superar as adversidades no passado, e estimulá-los a que as ponham em prática”.
Do mesmo modo, afirmou que “é importante oferecer apoio para que os migrantes possam manter contato com seus familiares e contextos próximos”, por exemplo, por meios virtuais.
“Se estiver ao seu alcance, facilite o acesso virtual dos migrantes aos profissionais de saúde mental e ajude-os a desenvolver um plano de onde e como buscar ajuda quando precisarem”, ressaltou. Além disso, pediu que as fontes de informação sejam no idioma dos migrantes.
Para saber mais sobre a campanha, pode visitar o Facebook, Instagram, e Twitter da Cáritas Venezuela.
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— ACI Digital (@acidigital) February 15, 2020