O 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado será comemorado em 26 de setembro. A mensagem do Santo Padre para marcar a jornada, porém, foi publicada hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Na apresentação do texto, o Cardeal Michael Czerny, fez uma conexão entre as reflexões da mensagem do papa Francisco e a sua encíclica Fratelli Tutti. Para Czerny “superar o egoísmo e cuidar de todos é essencial para a sobrevivência” neste período da pandemia de covid-19.

Presentes na Sala de Imprensa para a apresentação do texto aos jornalistas estiveram, além do Cardeal Czerny, sub-secretário da Seção para Migrantes e Refugiados do Dicastério para Desenvolvimento Humano Integral, o padre Fábio Baggio, que trabalha na mesma seção e a irmã Alessandra Smerilli, sub secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, comandado pelo Cardeal Peter Turkson.  

Segundo Padre Baggio, o título escolhido para a Mensagem deste ano é um apelo para garantir que "no final não haja mais "outros", mas apenas um "nós".

E este "nós" universal deve se tornar uma realidade antes de tudo dentro da Igreja, que é “chamada a criar comunhão na diversidade”, disse o sacerdote.

“A fim de facilitar a preparação adequada para a celebração deste dia, a Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral preparou uma campanha de comunicação através da qual serão elaborados os seis pontos propostos pela mensagem. Nos próximos meses, auxílios multimídia, material informativo e teológico reflexões de teólogos e especialistas ajudarão a aprofundar a mensagem do Santo Padre”, disse o padre.

Em seguida foi apresentada a vídeo-mensagem do papa sobre o tema deste ano, na qual o pontífice defende a necessidade de acolher o migrante a partir da ideia de que, como humanidade, “formamos todos um grande ‘nós’”.

A mensagem trouxe o testemunho de dom Mark J. Seitz, bispo de El Paso, nos Estados Unidos, cujo ministério se desenvolve entre migrantes que relatam seus dramas ao entrar no país.

“Eu cresci numa casa onde éramos 10 irmãos, e não tínhamos muito, mas sempre que alguém aparecia com fome para o jantar, nossa mãe nos pedia fazer espaço para alguém mais à mesa e dividir o que tínhamos”, disse o bispo.

“Sempre há espaço para alguém mais à mesa”, afirmou Dom Seitz referindo-se aos migrantes e refugiados.

Encerrando a apresentação o cardeal Michael Czerny focou no vínculo entre o pensamento do papa Francisco expresso na encíclica Fratelli Tutti e o texto apresentado hoje no Vaticano.

“Na Fratelli Tutti o Santo Padre expressou claramente sua preocupação com o futuro após a emergência sanitária”, disse o cardeal. “E se o individualismo egoísta e o isolacionismo se tornarem ainda mais arraigados, deixando os vulneráveis e terrivelmente marginalizados ainda mais para trás?”

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“Como ele diz, podemos sair da pandemia, melhor ou pior. Podemos aprender a ser melhores

irmãos e irmãs, ou podemos afundar-nos em uma preocupação obsessiva só para nós mesmos".

Tomando a parábola do Bom Samaritano, o cardeal fez uma crítica ao egoísmo e à autoabsorção que fecha o cristão em si próprio.

“Esta autoabsorção é o que tornou os dois primeiros transeuntes diferentes do Bom Samaritano. Cada um deles tinha ‘boas desculpas’ para evitar que seus olhos se desviassem da vítima semimorta”.

“O samaritano, no entanto, atravessou a típica lacuna do ‘nós’ contra ‘eles’. Nada a ganhar, talvez só a perder, mas ajudou por compaixão pelo outro que foi vítima de um assalto. (...) O alargamento, a atitude do Bom Samaritano – aquela de superar o egoísmo e cuidar de todos - é essencial para a sobrevivência”, disse o Cardeal.

“Vamos reconstruir a família humana em toda sua beleza, reconhecendo o outro como riqueza, como carregado daqueles talentos que fazem os outros serem únicos e diferentes de mim”, pediu Dom Czerny.

Ao agir assim, “a chegada de pessoas diferentes, vindas de um contexto vital e cultural diferente, torna-se um dom", disse. “Somente a aceitação deste ‘dom’ torna possível construir "um nós cada vez maior" que, em última análise, atinge toda a humanidade”.

“A história do Bom Samaritano é central na Fratelli tutti e guia a Igreja e toda a humanidade "em direção a um nós cada vez mais amplo" em nossa única casa comum”, concluiu.

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