O Vaticano apresentará amanhã o Motu proprio "Antiquum ministerium", por meio do qual o Papa Francisco estabelecerá o ministério do catequista. Trata-se de “um marco muito importante na história da catequese na nossa Igreja”, indicou o padre Jânison de Sá Santos, assessor da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Amanhã 11 de maio o motu proprio será apresentado durante coletiva de imprensa com a presença do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, dom Rino Fisichella, e do delegado para a catequese do dicastério, dom Franz-Peter Tebartz-van Elst.

Para o padre Jânison de Sá, essa medida do Santo Padre “reconheceu uma vocação importante na Igreja e a grandeza do ministério, do serviço que os catequistas realizam”.

“É um marco fundamental na história da Igreja, consequentemente, da catequese. Representa uma maior valorização do catequista como educador da fé, alguém que tem uma missão muito importante na Igreja que é educar na fé em Cristo Jesus as novas gerações”, considerou o assessor.

“No período pós-Conciliar tem crescido muito a reflexão, a valorização dos ministérios leigos na Igreja e o catequista é um vocacionado, realiza a missão de ensinar, de transmitir a fé, porque se sente chamado por Deus para esta missão”, diz padre Jânison.

Para ele é fundamental que o catequista se sinta “chamado por Deus”, faça “a experiência do encontro com Cristo ressuscitado”, torne-se discípulo-missionário e viva “em comunhão com o Senhor” e “a partir dessa vocação”, desempenhe seu serviço “na comunidade com alegria, amor, dedicação, generosidade”, declarou o assessor, ressaltando que “os catequistas são voluntários, fazem o trabalho na gratuidade”.

Assim, considerou a criação do ministério de catequista como algo “muito importante”, pois o que “já existia como serviço na comunidade eclesial”, passará a contar “com rito, com a instituição, com a oficialização”. “Agora, ele será instituído ministro da catequese”, frisou.

Alexandre Varela, catequista há 20 anos na Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e criador do site ‘O Catequista’, sublinhou que, “na verdade, sempre houve o ministério de catequista: o Leitorado”, pois “os que recebem este ministério são chamados também de catequistas”.

Entretanto, considerou que “esse movimento de criar um ministério exclusivo para a função de catequista parece uma forma de chamar atenção para uma das grandes deficiências do nosso tempo: a catequese e a formação dos catequistas”.

“Como ministério, a função vai ganhar muito mais visibilidade. Provavelmente surgirão formações preparatórias nas dioceses e teremos uma maior cobrança sobre os responsáveis pela catequese. Isso, com o tempo, certamente vai elevar o nível da catequese e torná-la ainda mais central na missão de toda a Igreja”, declarou.

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Nessa mesma linha, padre Jânison de Sá afirmou que este ministério “não será instituído de qualquer forma”, pois “os catequistas receberão uma formação adequada” e, “consequentemente, os catequizandos vão se beneficiar em ter catequistas melhor formados, conscientes de sua missão e valorizados”.

Conforme recordou o assessor da CNBB, “a catequese não é simplesmente transmissão, não é simplesmente informação de conceitos”. Trata-se de “educação na fé de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos”.

Por isso, pontuou três aspectos fundamentais nessa missão. “Primeiro, como lembra o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, a importância de uma catequese querigmática, que anuncia a centralidade de Jesus Cristo; uma catequese mistagógica, que introduz o catequizando no mistério cristão; e toda ela uma catequese hoje – a partir do Concílio e particularmente nos últimos 50 anos – de inspiração catecumenal”. Assim, reforçou a necessidade dessa formação dos catequistas.

Segundo o padre Jânison, no Brasil, a proposta de instituição do ministério de catequista já vinha sendo pensada. “Desde o Diretório Nacional de Catequese, em 2006, já se pedia o ministério instituído do catequista. Em 2007, a CNBB publicou um estudo chamado ‘Ministério do catequista’ e lá apresenta o ministério instituído e a proposta de instituição desse ministério”, recordou.

Entretanto, “agora é diferente porque é o Motu proprio do Papa que pede que toda Igreja oficialize, possa instituir esse ministério nas igrejas particulares”.

“Assim que tivermos esse Motu proprio nas mãos”, as dioceses começarão a pensar, se organizar e se preparar para a instituição do ministério de catequista, conforme as indicações da Santa Sé completou.

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