Roma, 12 de mai de 2021 às 13:30
O Terceiro Rosário Mundial organizado pelo Movimento Mater Fátima, que acontecerá no próximo dia 13 de maio, pedirá a intercessão de Nossa Senhora pelo fim da pandemia do coronavírus Covid-19, mas também pretende comemorar os 450 anos da batalha de Lepanto. Qual é a relação?
Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Ivette Valle Konstantopoulou, coordenadora de Mater Fátima na Grécia, explicou que “temos interesse em comemorar este acontecimento para enfrentar o desafio da Igreja em relação à nova evangelização”.
"Queremos que a oração faça parte da vida cotidiana dos católicos e a oração do Santo Rosário é uma 'arma' poderosa hoje, assim como foi na época da batalha de Lepanto", disse ela.
Além disso, ressaltou, “interessa-nos que cada católico formado saiba que, por causa da vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto em 7 de outubro de 1571, foi estabelecida a festa da Virgem das Vitórias, chamada assim em alusão a esta vitória”.
"Depois, a festa se chamou de Nossa Senhora do Rosário, por atribuir a vitória à intercessão da Virgem Maria através da oração do Santo Rosário”.
Ivette Valle Konstantopoulou é arquiteta com mestrado em Planejamento para a Preservação Histórica pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos.
A coordenadora de Mater Fátima na Grécia lembrou que “o papa da época, São Pio V, havia convocado a oração do Santo Rosário, algo que acontece também em nosso tempo, com o convite do papa Francisco para fazer uma maratona de rosários ao longo deste mês de maio dedicado à Virgem”.
Durante o pontificado de São Pio V, os muçulmanos ameaçaram estender sua área de influência na Europa para além da península hispânica e, assim, acabar com a religião católica.
Os muçulmanos até ameaçaram transformar a Basílica de São Pedro em estábulos.
Apesar do medo dos europeus de enfrentar os muçulmanos, São Pio V organizou a Santa Liga, formada por espanhóis, territórios que hoje compõem a Itália e a Ordem de Malta.
O então papa pediu que os combatentes cristãos se confessassem, participassem da missa e comungassem antes da batalha de Lepanto. Além disso, exortou-os, assim como aos cristãos do resto do mundo, a rezar com fervor o Santo Rosário.
Embora inicialmente parecesse que os muçulmanos, em maior número, iriam vencer a batalha, milagrosamente as condições meteorológicas mudaram e os cristãos levaram a vitória.
A especialista lembrou que inclusive Miguel de Cervantes, em "Dom Quixote de la Mancha", incluiu uma memória da batalha de Lepanto, no capítulo 39: "naquele dia tão venturoso para a cristandade, porque nele se desenganaram as nações de que os turcos eram invencíveis no mar, como até então geralmente se pensava”.
Onde foi realizada a batalha de Lepanto?
A coordenadora de Mater Fátima na Grécia destacou que o ponto geográfico onde ocorreu a batalha de Lepanto, no Golfo de Patras, na atual Grécia, “é interessante, porque ainda hoje parece haver dificuldade em localizar o local onde a batalha ocorreu, mesmo para os locais”.
Ivette Valle Konstantopoulou destacou que sua especialidade em planejamento para a preservação histórica “me facilitou para poder armar as peças do quebra-cabeça”.
“Existe um porto chamado 'Lepanto' na Grécia continental, que em grego se chama Nafpaktos (Ναύπακτος), que era onde ficava o quartel otomano”, disse ela, e destacou que “devido ao nome semelhante ao da batalha, costuma-se assumir que esta ocorreu lá”.
"A batalha ocorreu no local conhecido como ‘Ejinades’ no golfo de Patras, que na Idade Média era chamado de golfo de Lepanto", acrescentou.
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A especialista disse que "é a noroeste do Peloponeso, no mar Jônico que se junta ao Mediterrâneo em uma Europa que no século XVI era composta por reinos".
“O papa estava 'no centro' na Itália de hoje, e 'no lado esquerdo' no mapa da Europa tinha a 'ameaça' do protestantismo, que, favorecido pela imprensa, difundia suas ideias, enquanto que 'à direita' tinha a ameaça do Império Otomano que pressionava para se expandir”, disse ele.
Isso, destacou, levou o Santo Padre "a pedir ajuda ao rei Felipe II da Espanha e, após negociações, a Santa Liga foi fundada em 25 de maio de 1571".
“Esta é uma explicação simplificada. Claro que também há questões de proteção de rotas comerciais, estratégicas e econômicas que motivaram aqueles que aceitaram participar dessa façanha”, detalhou.
O Terceiro Rosário Mundial de Mater Fátima
Ivette Valle Konstantopoulou destacou que o Terceiro Rosário Mundial convocado para o dia 13 de maio deste ano “é um apelo muito atual que nos convida a pedir pela santificação da Igreja, sob a custódia de São José, e em reparação pelas ofensas do mundo cometidas contra o coração de Jesus e de Maria”.
Além disso, afirmou, há "uma série de intenções complementares: pela família e pela vida, pela paz e pela liberdade dos países, “pelo fim da pandemia, pelos doentes de Covid-19, pelos falecidos e as suas famílias".
“Estas intenções são uma espécie de ‘radiografia’ da situação atual e nós, como católicos, não podemos permanecer como observadores”, sublinhou.
“A história mostra que a oração comunitária tem força”, acrescentou.
A coordenadora de Mater Fátima na Grécia destacou que “num dia que recordaremos a primeira aparição da Virgem neste lugar, ao fazer parte do elenco de santuários convocados pelo papa Francisco, pediremos também pelos presos, que é a intenção para esse dia”.
“Sem dúvida o impacto será maior do que o previsto, já que milhões de rosários serão rezados naquele dia”, afirmou.
“Que a nossa Mãe, a Santíssima Virgem do Rosário, ouça as nossas orações e, como em Lepanto, nos traga a vitória”, concluiu.
A transmissão do Terceiro Rosário Mundial pode ser acompanhada ao vivo nas redes sociais da Mater Fátima.
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— ACI Digital (@acidigital) May 12, 2021