O Departamento de Migração da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) enviou um comunicado no qual expressa “sua preocupação” pela situação vivida nas cidades espanholas de Ceuta e Melilla, localizadas no Norte de África.

Nas últimas segunda e terça-feira, mais de 8 mil marroquinos, muitos deles menores de idade, entraram em Ceuta a pé, a nado ou em pequenos barcos, devido ao relaxamento dos controles na fronteira do Marrocos. Ceuta é um encrave espanhol na África.

O afrouxamento do controle marroquino é uma retaliação pelo fato de que, em abril passado, o líder da Frente Polisario, Brahim Ghali, foi recebido na Espanha por “motivos humanitários”, segundo o Ministério das Relações Exteriores espanhol. Ghali recebe tratamentos contra covid-19 e um câncer avançado. A Frente Polisario é o movimento de libertação nacional do Saara Ocidental, que ser independente do Marrocos.

Dom José Cobo, responsável pelo departamento de migração da CEE, fez um comunicado “apelando para o valor supremo da vida e da dignidade humana”. Na mensagem, o bispo auxiliar de Madri, “recorda que o desespero e o empobrecimento de muitas famílias e menores não pode e não deve ser utilizado por nenhum Estado para instrumentalizar com interesses políticos as aspirações legítimas dessas pessoas”.

Por isso, manifestou a sua “solidariedade com as dioceses de Cádiz e Ceuta, de Málaga e de Melilla, de reconhecida trajetória no atendimento e acolhimento aos migrantes, bem como com as iniciativas necessárias em ambas as cidades autônomas, para acolher integralmente e proteger os direitos dos migrantes, especialmente os menores”.

Convidou também a “manter atitudes de convivência pacífica e exigir a todos os níveis a melhor política posta ao serviço do bem comum”.

O Bispo de Vitória, Dom Juan Carlos Elizalde, e presidente da Subcomissão sobre Migração e Mobilidade Humana da CEE, insistiu que “o desespero e a busca de uma vida digna por famílias pobres e menores não devem ser usados ​​como um instrumento político”.

 

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A acolhida de Ghali pela Espanha desagradou o governo do Marrocos. O embaixador espanhol foi chamado para dar explicações. O Marrocos quer que Ghali seja julgado por “crimes de lesa-humanidade”.

Ao não receber uma resposta da Espanha, Marrocos deixou claro que haveria “consequências”. Desde o dia 26 de abril, o país flexibilizou o controle migratório e cerca de 100 pessoas entraram na Espanha, mas foram logo repatriadas.

O governo espanhol pediu explicações à embaixada do Marrocos. A embaixadora assegurou que a consequência de certos atos “devem ser assumidas”.

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