O Caminho Sinodal chegará a uma fase de decisões que serão aplicadas à Igreja alemã, disseram o bispo Georg Bätzing, presidente da conferência episcopal alemã e o presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK, na sigla em alemão), Thomas Sternberg, em entrevista durante a 3ª edição da Jornada Ecumênica da Igreja no último sábado, dia 15 de maio.

A Jornada Ecumênica da Igreja, evento anual que reúne católicos e protestantes para rezar e dialogar sobre temas de interesse dos cristãos na Alemanha, ocorreu em Frankfurt entre os dias 13 e 16 de maio.

No decorrer das entrevistas, realizadas por videoconferência Bätzing, bispo de Limburgo, e Sternberg, responderam principalmente sobre o Caminho Sinodal Alemão, processo que envolve bispos e leigos em debates sobre futuro da igreja no país e tem levantado temas como fim do celibato dos padres, ordenação de mulheres e mudança da moral sexual da Igreja inclusive sobre o homossexualismo.

“Quando chegarmos à fase das decisões", respondeu Bätzing, "e nós iremos chegar a ela, vamos desenvolver uma dinâmica que conduzirá a resultados", disse em resposta a uma pergunta sobre a real capacidade de decisão do Caminho Sinodal Alemão.

Houve uma pergunta sobre a conferência episcopal alemã ter tomado distância da iniciativa #liebegewinnt (O Amor vence) de bênçãos a uniões homossexuais ocorrida no último 10 de maio em 100 igrejas do país. O ato foi um protesto contra o Responsum ad dubium (resposta a uma pergunta), da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), que vetou bênçãos a  uniões homossexuais porque “a Igreja não abençoa o pecado”. Em nota oficial da conferência episcopal, Bätzing classificou a #liebegewinnt como "inútil". Durante a entrevista, porém, o bispo disse que sua crítica era só contra “utilizar a cerimônia de bênção como um instrumento político” e não contra as bênçãos a uniões homossexuais em si.

“Eu queria reagir contra esse aspecto, não contra o fato de que estamos dando passos nessa direção", declarou. Bätzing disse compreender o desejo dessas pessoas de querer "sair do ocultamento" através da bênção. Os bispos do caminho sinodal desejam ser capazes de "dar a bênção de Deus às uniões que vivem juntas em fidelidade e confiança, que moldam suas vidas no fundamento de sua fé cristã e assim dão um testemunho de fé", disse o presidente da conferência episcopal.

Bätzing disse ter ficado surpreso com o veto da Congregação para a Doutrina da Fé, do qual tomou conhecimento 15 minutos antes de ser publicado e imediatamente compreendeu que o recado era para a Alemanha. "A resposta ao Dubium não foi útil, ela reflete apenas o estado da doutrina, mas isso não ajuda”, disse Bätzing, “o cuidado pastoral há muito tempo foi além da doutrina”. “Precisamos de um desenvolvimento doutrinal. A pergunta não pode ser respondida simplesmente com um 'sim' ou um 'não', nem mesmo na Igreja universal", disse.

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Sobre o papel da mulher na Igreja, o bispo disse aos jornalistas em Frankfurt que é "irrealista" pensar que a curto prazo as mulheres possam se tornar sacerdotes, mas, não vê “argumentos teológicos” para negar às mulheres certos cargos na Igreja.

Sternberg, o presidente da ZdK foi mais longe. “Com a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis”, disse Sternberg, “o papa João Paulo II tentou abafar a questão do sacerdócio das mulheres, pensando que todos os fiéis obedeceriam a essa decisão". Segundo Sternberg, “a questão não foi mais tratada pela Igreja, e agora irrompe em toda a sua força".

Stenrberg, que também é o presidente católico da Jornada Ecumênica acha que os temas do caminho sinodal são relevantes para a Igreja universal, já que iniciativas semelhantes ocorrem também na Áustria, Irlanda, Austrália, França e Itália. "O Caminho Sinodal se tornará uma rede de caminhos", disse.

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