REDAÇÃO CENTRAL, 25 de mai de 2021 às 09:54
O exército de Myanmar atingiu igreja católica e matou, pelo menos, quatro civis durante um bombardeio contra grupos rebeldes suspeitos no vilarejo de Kayan Tharyar na noite de domingo, 23 de maio. As balas de morteiros que atingiram a aldeia a 7km de Loikaw, capital do estado de Kayah, feriram várias pessoas.
In Loikaw, Kayah State, four people were killed when artillery shelled a church in Kayan Thar Yar (South) village, where elder people and children were sheltering, at around 1 am this morning.#HelpKayah#May24Coup#WhatsHappeningInMyanmar pic.twitter.com/LoBJvWQdSQ
— Jarkoh (@T_Jlor31) May 24, 2021
Moradores do vilarejo acreditaram que a paróquia seria um “lugar onde poderiam se refugiar com segurança dos acidentes e tiroteios na região, mas tragicamente não foi assim”, disseram os jesuítas de Myanmar, em nota enviada à agência Fides, órgão de informação das Obras Missionárias Pontifícias. A catedral do Sagrado Coração em Pekhon, a cerca de 16km de Loikaw, também foi danificada pelo bombardeio. Outros edifícios foram reduzidos a escombros.
Os jesuítas condenaram os “crimes hediondos da forma mais veemente” e pediram explicações e responsabilização dos militares. “Os militares devem parar imediatamente os ataques contra civis e igrejas. As bombas destruíram edifícios, reduzindo-os a escombros. As imagens mostram um claro cenário de guerra”.
O estado de Kayah, onde 75% dos habitantes pertencem a minorias étnicas, tem a maior porcentagem de cristãos em Myanmar, segundo Vatican News, o serviço de informações da Santa Sé. A presença católica na região começou no final do século XIX com a chegada dos primeiros missionários italianos do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras (PIME). Hoje são mais de 90 mil católicos entre os 355 mil habitantes da província, pouco mais de 25% da população.
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Desde o dia 1º de fevereiro, Myanmar vem experimentando confrontos sangrentos entre forças de segurança e manifestantes que protestam contra o golpe militar que derrubou a líder Aung San Suu Kyi. Mais de 800 pessoas já morreram desde o início da crise. Os piores atos de violência têm acontecido na capital de Kachin, Myitkyina.
O padre Maurice Moe Haung, sacerdote birmanês dos Missionários da Caridade, disse à Fides que “hoje a tarefa dos fiéis católicos em Mianmar é cada vez mais difícil”. Segundo ele, “existem inocentes indefesos vivendo uma tragédia sem precedentes e as pessoas tentam se defender com armas caseiras. Há um uso desproporcional de força armada que alimenta a espiral de violência. Hoje, nos unimos ao papa para dizer mais uma vez: chega de violência”.
O Papa Francisco pediu repetidamente a pacificação de Myanmar. Em 2017, Franciaco tornou-se o primeiro papa da história a visitar o país, que tem uma população de 54 milhões de pessoas e faz fronteira com Bangladesh, Índia, China, Laos e Tailândia.
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— ACI Digital (@acidigital) May 17, 2021