REDAÇÃO CENTRAL, 11 de jun de 2021 às 10:43
Três católicos da diocese de Essen enviaram um “dubium” à Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano pedindo uma resposta formal à questão: a Igreja na Alemanha está em cisma. Um dubium, "dúvida" em latim, é uma pergunta dirigida à Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) que deve ser respondida com “sim” ou “não”.
A congregação responde com um Responsum ad dubium, como fez em março, quando, questionada se a Igreja tem autoridade para abençoar casais do mesmo sexo, disse: Não.
O dubium foi apresentado por André Wichmann, um cidadão católico de Bochum, no oeste da Alemanha, e outras duas pessoas que se uniram a ele. Em declarações à CNA Deutsch, agência alemã do grupo ACI, em 9 de junho, Wichmann afirmou que seu motivo é a “grande preocupação pela unidade” da Igreja na Alemanha.
“Do meu ponto de vista, a divisão já ocorreu”, disse Wichmann. “Esse é um processo que já dura muitos anos, experimentamos uma polarização crescente nas congregações locais”.
“Nem sempre foi fácil professar o Catecismo da Igreja Católica. Nem sempre foi fácil defender uma liturgia celebrada segundo os livros da Igreja”, acrescentou. Em relação ao dubium, ele diz que o grupo é consciente de não ter direito a uma resposta de Roma, mas o simbolismo de enviar a pergunta é importante.
A Igreja na Alemanha vem realizando seu Caminho Sinodal, um processo de vários anos, que reúne bispos e leigos para discutir quatro temas principais: a forma como o poder é exercido na Igreja, a moral sexual, o sacerdócio e o papel das mulheres. Propostas de aceitação da ordenação de mulheres, e mudanças da doutrina em relação ao homossexuaismo estão em debate. No dia 10 de maio, em protesto contra decisão da CDF, padres deram bênçãos a uniões homossexuais em cem paróquias da Alemanha. Houve também intercomunhão entre católicos e protestantes e mulheres pregando em missas, função reservada aos padres.
Wichmann mencionou as críticas feitas pelo influente teólogo cardeal Walter Kasper ao “caminho sinodal” da Igreja na Alemanha. O cardeal alemão, de 88 anos, afirmou: “Ainda não perdi a esperança de que as orações de muitos fiéis católicos ajudem a orientar o Caminho Sinodal na Alemanha por vias católicas”.
Para Wichmann, o Caminho Sinodal também causará frustração entre os “católicos voltados para a reforma”, uma vez que as decisões da iniciativa não serão vinculantes e, assim, as expectativas de uma mudança doutrinária são irrealistas.
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Disse também que, mesmo para os católicos fiéis ao Magistério, o Caminho Sinodal corre o risco de criar uma “polarização e divisão” mais profundas.
“As discussões aqui na Igreja Católica na Alemanha acontecem separadamente da Igreja universal. Muitas das questões levantadas devem ser decididas na Igreja universal, com base no Magistério”, disse ele.
“Ao lidar com questões que contradizem o Magistério e, portanto, enveredar por um caminho idiossincrático, o Caminho Sinodal também decepciona inevitavelmente as expectativas dos católicos para os quais o Catecismo e o Magistério constituem uma base”, acrescentou.
Para os três autores do dubium, “somente com base no esclarecimento pode ser encontrada novamente a unidade na fé, no amor e na esperança”, disse Wichmann. “Por isso, aguardamos muito uma resposta de Roma, também para eliminar as dúvidas de muitos fiéis e, assim, promover a confiança”, concluiu.
Confira também:
O que São Tomás More diria ao Caminho Sinodal alemão https://t.co/9QnrfJiKlm
— ACI Digital (@acidigital) May 11, 2021