O papa Francisco nomeou o bispo Lazzaro You Heung-sik prefeito da Congregação para o Clero, nesta sexta-feira, 11 de junho. Heung-sik é bispo de Daejeon, na Coreia do Sul. Ele substitui o cardeal Beniamino Stella, que completará 80 anos de idade no próximo 18 de agosto. A posse do novo prefeito ainda não tem data.

A Congregação para o Clero é o dicastério da cúria romana que cuida dos assuntos relacionados aos sacerdotes diocesanos e a formação nos seminários das dioceses. O órgão surgiu da Sacra Congregatio Cardinalium Concilii Tridentini interpretum (Sagrada Congregação de Cardeais Intérpretes o Concílio Tridenino), instituída pelo papa Pio IV em 1564 que teve como primeiro prefeito São Carlos Borromeu.

Dom Lazzaro You Heung-sik será o segundo asiático a comandar a Congregação para o Clero, depois do filipino José Tomás Sánchez, que foi prefeito entre os anos de 1991 a 1996, durante o pontificado de João Paulo II. Ele também é o segundo asiático nomeado por Francisco como prefeito de um dicastério, depois do filipino Luis Antonio Tagle, que comanda a Congregação para a Evangelização dos Povos.

A nomeação de Heung-sik foi publicada dias depois da notícia de que o papa Francisco confiou uma visita à Congregação para o Clero a dom Egidio Miragoli, Bispo de Mondovì, na Itália. O próprio Dom Miragoli anunciou o pedido do papa em uma carta aos padres da diocese de Mondovì.

Lazzaro You Heung-sik nasceu em 1951 em Nonsan, Chungnam, na Coreia do Norte. Foi batizado aos 16 anos de idade e aos 18 ingressou no seminário maior de Daejon, onde estudou de 1969 a 1976. Depois, mudou-se para Roma, onde fez o doutorado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma.

Em 1979 Heung-sik foi ordenado sacerdote e serviu na diocese de Daejeon na Coréia do Sul como reitor do Seminário local. Em 2003, foi nomeado bispo-auxiliar de Daejeon. Em 2005 ele a dom Joseph Kyeong Kap-ryong, bispo de Daejeon desde 1984.

Atualmente é presidente do Comitê para a Pastoral dos Migrantes e Residentes Estrangeiros que vivem na Coréia e do subcomitê para a Pastoral das Peregrinações e Santuários da Conferência Episcopal da Coreia (CBCK). Em Roma, o prelado é membro do Pontifício Conselho Cor Unum, um órgão que dedicado à caridade, desde 24 de abril de 2007.

O bispo coreano participou do Sínodo dos bispos sobre os jovens em 2018, o primeiro que contou com bispos vindo da China. Poucos dias antes da realização da Assembleia Sinodal, afirmou em uma entrevista à Agência Sir, no dia 2 de outubro de 2018, que acolhia com “alegria” o acordo provisório entre a Santa Sé e Pequim sobre a nomeação de bispos.

O texto do acordo entre o governo chinês e a Santa Sé, assinado em 2018 e renovado por outros dois anos em junho de 2020, jamais foi divulgado. Supostamente o acordo permitiria que a Associação Patriótica Chinesa (APC), a Igreja “aprovada” pelo governo, pudesse indicar candidatos ao episcopado para a aprovação ou veto do Vaticano.

Respondendo à pergunta sobre a participação dos bispos chineses e a abertura de Roma à Igreja na China o prelado disse: “Rezei muito pela realização deste meu profundo desejo, a saber, que a China e a Santa Sé estabeleçam uma relação mútua e justa”.

“João Paulo II, Bento XVI e agora o Papa Francisco, todos dedicaram seu profundo compromisso para alcançar esse objetivo. Estamos muito satisfeitos com a notícia”.

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“Sendo coreano, li a carta do Papa Francisco ao povo da China e acolho com alegria a notícia do Acordo assinado em Pequim”, afirmou.

O bispo foi um dos anfitriões da viagem do papa Francisco à Coréia do Sul em 2014.

Em entrevista ao site de notícias VaticanNews, em 14 de agosto de 202, o bispo expressou seu apreço por um tema caro ao papa Francisco: a Sinodalidade.

Ao recordar as palavras do papa aos jovens em Seoul, ocasião em que o Santo Padre pediu-lhes ser " guardiães da memória e da esperança", o bispo afirmou: “a fim de convidar o povo de Deus presente na diocese que me foi confiada a refletir sobre esta exortação, iniciei o Sínodo diocesano, que durou três anos e cinco meses, com dois temas principais: seguir o exemplo dos mártires e a Gaudium et spes”.

“Foi realmente um caminho de graça especial para todos nós. Agora somos chamados a colocar em prática os resultados do discernimento sinodal. Em modo particular, em face da atual crise de saúde, penso que devemos fazer o nosso melhor para tornar nossa Igreja cada vez mais sinodal”, disse.

“A este respeito, creio que o Papa com a sua visita tenha deixado no meu coração a coragem de seguir constantemente o itinerário para a construção da Igreja sinodal”, acrescentou.

Como chefe do Comitê da Paz da Conferência Episcopal Coreana ele visitou quatro vezes a Coréia do Norte.

Em abril deste ano, o bispo Heung-sik, disse à agência coreana de notícias Yonhap, depois de uma visita ao papa Francisco no Vaticano, que o pontífice “deseja visitar a Coréia do Norte para expressar sua proximidade com todo o povo coreano que se encontra dividido desde a Guerra da Coréia”.

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