REDAÇÃO CENTRAL, 11 de jun de 2021 às 16:33
Há 301 anos, uma devastadora epidemia na França motivou a realização do que talvez tenha sido a primeira consagração e veneração pública do Sagrado Coração de Jesus.
A peste, que por dois anos chegou a matar cerca de mil pessoas na região de Marselha, na França, terminou definitivamente em 1722 depois que o bispo e as autoridades municipais da época concordaram em participar de uma procissão para celebrar a recém-criada festa do Sagrado Coração, acolhendo as mensagens de Jesus Cristo reveladas à freira Anne-Madeleine Remuzat, agora venerável.
A irmã Anne-Madeleine nasceu em Marselha em 1696. Aos nove anos de idade, recebeu permissão dos pais para entrar no mosteiro de Grandes Maries, da Ordem da Visitação.
A freira deu continuidade à missão de Santa Margarita Maria Alacoque, iniciadora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. O próprio Senhor lhe apareceu através de visões para pedir-lhe que promovesse a devoção ao seu Sagrado Coração em reparação pelos pecados, a indiferença e os abusos cometidos contra o Santíssimo Sacramento.
A irmã Anne-Madeleine fundou uma associação dedicada ao Sagrado Coração de Jesus para agradecer ao Senhor pelo seu amor pelos homens e para reparar as afrontas que Cristo sofreu durante a sua vida terrena e que ainda recebe na Eucaristia. A associação recebeu a aprovação do Vaticano em 1717. No ano seguinte, cerca de 60 pessoas que se reuniram para adorar em uma igreja local viram o rosto de Cristo no sacerdote por mais de meia hora.
Naquela ocasião, Deus revelou à irmã Anne-Madeleine que a cidade de Marselha seria punida caso não se arrependesse da sua imoralidade.
Além do relaxamento moral dos cidadãos de Marselha, a heresia do jansenismo havia se enraizado na França. Para aqueles hereges, o livre arbítrio do homem seria incapaz de qualquer bondade moral. Eles defendiam a ideia de que Cristo morreu apenas por uma pequena fração das pessoas, e que a graça divina teria sido concedida a elas desde o nascimento.
Em 1713, o papa Clemente XI condenou os erros jansenistas. No entanto, algumas pessoas na França não aceitaram a condenação.
Em maio de 1720, um navio vindo do Oriente Médio trouxe a peste bubônica para a França, iniciando a epidemia conhecida como a “Grande peste de Marselha”. Os casos da peste aumentaram naquele verão e foi decretada uma quarentena de toda a cidade. As igrejas foram fechadas. O mosteiro da irmã Anne-Madeleine se salvou e sua comunidade realizou muitos atos de caridade durante aquele tempo.
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Foi então que a irmã Anne-Madeleine pediu a Deus que a ensinasse como queria que Seu Sagrado Coração fosse honrado para que a peste de Marselha acabasse. O Senhor disse-lhe que ele queria uma festa solene em homenagem ao seu Sagrado Coração, conforme indicado pela abadia de Clairval.
O bispo de Marselha, dom Henri De Belsunce, instituiu a festa na diocese e consagrou a cidade no dia 1 ° de novembro de 1720. Provavelmente aquela foi a primeira consagração e adoração pública ao Sagrado Coração de Jesus.
A abadia de Clairval observou que, a partir daquele dia, a doença diminuiu gradativamente. Mas o povo não mudou seus hábitos de vida e, em 1722, a praga reapareceu. O bispo De Belsunce determinou que houvesse procissões para a festa do Corpus Christi e para a nova festa do Sagrado Coração.
O site Visitation Spiritu conta que os vereadores da cidade de Marselha que não haviam assistido à consagração e à missa em 1720 participaram nas procissões de 1722. Em setembro daquele ano a epidemia oficialmente terminou.
A venerável Anne-Madeleine Remuzat morreu em 1730. Sua causa de canonização está aberta.
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— ACI Digital (@acidigital) June 7, 2018