Um grupo de jornalistas da Argentina, financiado pela maior multinacional do aborto do mundo, a International Planned Parenthood Federation (IPPF), publicou uma suposta investigação que incluía pessoas, partidos e organizações, na sua maioria pró-vida, em uma “lista negra”.

Com o título de “Reação conservadora”, o grupo de jornalistas publicou, em seu site oficial, fotos, biografias e links políticos de cada um dos quase 400 nomes que compõem a lista, muitos dos quais rejeitam a nova lei do aborto na Argentina e a ideologia de gênero.

A busca poderia ser realizada por atividade (funcionário público, jovem influenciador, legislador, líder religioso, meios de comunicação, ONG, partido político, think tanks, porta-voz), por local (província argentina) ou pelo nome.

O DiarioAR, que anunciou que a investigação seria publicada em várias edições, informou que a International Planned Parenthood Federation/Western Hemisphere Region (IPPF WHR) “se comprometeu a cobrir os custos por cinco meses, além da programação e desenvolvimento da página web”. Segundo o jornal, o trabalho foi pensado para “ver como se move esta articulação conservadora na Argentina a partir de diferentes espaços: a formação de quadros jovens, o lobby parlamentar, o do litígio estratégico, as redes sociais, o poder evangélico, o da direita católica, mais ou menos mascarada em organizações laicas e centros acadêmicos, e a obstrução dos direitos sexuais e reprodutivos ou o combate à 'ideologia de gênero' como frente comum”.

Há vários indivíduos e organizações como Advogados pela Vida, Médicos pela Vida, Frente Jovem, Aliança em Defesa da Liberdade, Conferência Episcopal Argentina, senadora Silvia Elías de Pérez, Faro Films, Unidad Provida, deputada Dina Rezinovsky na lista negra. O site foi habilitado no domingo, mas na segunda-feira, 14 de junho, ficou inacessível.

A queda do site coincide com a rejeição massiva nas redes sociais e na opinião pública. No Twitter, começou a se tornar viral a hashtag #LaGestapoArgentina, que comparava a criação dessa “lista negra” com o trabalho de monitoramento e perseguição realizado pela polícia secreta da Alemanha nazista, a Gestapo. Os jornalistas que criaram a “lista negra”, Ingrid Beck, Flor Alcaraz, Paula Hernández, Paula Rodríguez, Juan Elman e Soledad Vallejos restringiram o acesso a seus perfis e comentários no Twitter.

A elaboração dessa “lista negra” também foi rejeitada por vários legisladores argentinos, principalmente do partido Juntos por el Cambio, cujos nomes foram incluídos.

A deputada Dina Rezinovsky apresentou na segunda-feira, 14 de junho, um projeto de declaração, assinado por mais de 20 legisladores, para expressar “sua mais profunda preocupação e repúdio à criação do site reaccionconservadora.net”.

“Entre os nomes que figuram nas listas, estão quase todos os deputados e senadores do Juntos por el Cambio que votaram contra a lei da interrupção voluntária da gravidez. No detalhamento dos perfis, elas são acusadas de serem ‘antidireitos’ e de apresentarem projetos ‘contrários à agenda dos direitos das mulheres e à perspectiva de gênero”, disse a deputada.

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Ela também denunciou que, na “lista negra”, há também “nomes de tuiteiros que têm entre 18 e 20 anos, a maioria chamados de influenciadores por terem alguns milhares de seguidores. “Existem também alguns pastores e igrejas, médicos, advogados, cientistas políticos, escolas confessionais, veículos de comunicação, jornalistas e partidos políticos”, acrescentou.

Rezinovsky disse que a Argentina vive “numa democracia e essas práticas nos levam a tempos sombrios de nossa história que não devemos permitir que se repitam”.

Os deputados da província de Santa Fé, Walter Ghione, Nicolás F. Mayoraz, Juan Arganaraz e Natalia Armas Be lavi também se manifestaram. Eles expressaram “seu mais enérgico repúdio e preocupação pela publicação de uma lista negra de pessoas e organizações que trabalham pela defesa da dignidade do nascituro, publicada através do site reaccionconservadora.net, e financiada pela empresa multinacional de clínicas de aborto IPPF-WHR ”.

O ex-ministro da defesa e da economia e ex-candidato à presidência, Rechazo firmemente la aparición de un sitio web cuyo único objetivo es perseguir a quienes piensan distinto. Lo que más me preocupa es que su autoría corra por cuenta de periodistas. La libertad de expresión es otra cosa y debe ser defendida siempre. #LaGestapoArgentina

— Ricardo López Murphy (@rlopezmurphy) June 14, 2021 " target="_blank">Ricardo López Murphy, também se pronunciou contra a “lista negra” dizendo que “rejeitou veementemente o surgimento de um site cujo único objetivo é perseguir quem pensa diferente”.

 

“O que mais me preocupa é que a sua autoria seja responsabilidade de jornalistas. Liberdade de expressão é outra coisa e deve ser sempre defendida. #LaGestapoArgentina ”, acrescentou.

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