MADRI, 19 de out de 2005 às 13:45
O Bispo de Málaga, da qual forma parte a cidade de Melilla (África), Dom Antonio Dourado, considerou que a devolução às autoridades de Marrocos dos imigrantes subsaarianos que cruzaram ilegalmente a fronteira faz umas semanas é um engano, “pois é uma maneira fácil de passar aos vizinhos marroquinos uma situação de emergência que corresponde a todos”.
Assim o fez saber o Prelado da cidade autônoma de Melilla (divisa com Marrocos) durante uma Vigília de oração celebrada na segunda-feira.
“Antes que congoleses, nigerianos ou espanhóis, somos pessoas, filhos de Deus e temos uma dignidade inviolável”, afirmou Dom Dourado.
Ante a “pressão migratória”, advertiu o Bispo, “Europa já não pode seguir olhando, por mais tempo, para o outro lado”, assinalando que “se não procurar respostas movida pela solidariedade, terá que fazê-lo por egoísmo”.
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O Prelado assinalou, do mesmo modo, que a resposta adequada à pobreza na África “não consiste em privar a estes povos de seus filhos mais audazes e melhor preparados, como revestem ser muitos imigrantes”.
“O futuro da África não consiste em que seus melhores filhos a abandonem, senão em alcançar um melhor desenvolvimento econômico, social e político de seus povos. É uma questão de vida ou morte para todos, também para os povos mais ricos, em que se devem envolver a União Européia, as Nações Unidas e aqueles organismos internacionais”, acrescentou o Bispo de Málaga.
Mais adiante, Dom Dourado reiterou seu chamado às autoridades espanholas para que dêem uma “saída digna e humanitária” a quantos estão já em território espanhol e insistiu aos organismos internacionais a se encarregar dos que esperam cruzar as fronteiras entre Espanha e Marrocos. “Embora tenham chegado por caminhos que não estão de acordo com as leis, terá que lhes oferecer uma saída humana”, insistiu.
Depois de denunciar o “indigno tráfico de pessoas que realizam as máfias que transportam a imigrantes, com o consentimento de algum guardião da lei, e que recorda os piores tempos do tráfico de escravos que assolou as costas africanas”, o Bispo pediu “nos aproximar com amor solidário aos que estão já entre nós e nos enriquecem com sua presença e com sua rebeldia”.