Morreu o bispo emérito da diocese do Alto Solimões (AM), dom Alcimar Caldas Magalhães no domingo, 20 de junho. Nascido em Benjamin Constant (AM), seu trabalho foi reconhecido em diversas ocasiões pela dimensão social. Em uma entrevista em 2008 para a revista ‘Vida Pastoral’, dom Alcimar afirmou que “sendo filho da terra e com família em todo o Alto Solimões”, ele tinha “mais condições de conhecer a realidade e os mecanismos que atuam em seu empobrecimento”.

O bispo emérito estava internado em um hospital em Manaus (AM) para um procedimento cirúrgico e, segundo a diocese do Alto Solimões, sofreu uma parada cardíaca na manhã de domingo.

Dom Alcimar nasceu na comunidade de Ourique, em Benjamin Constant, em 2 de fevereiro de 1940. Era filho de seringueiros. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e foi ordenado sacerdote em 9 de julho de 1967. Formou-se em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Lateranense e em Jornalismo pela Universidade Internacional Pro Deo, em Roma.

No Brasil, desempenhou diversas funções em sua congregação, até ser nomeado bispo da diocese de Carolina (MA), em 3 de setembro de 1981. Recebeu a ordenação episcopal em 25 de outubro do mesmo ano. Mais tarde, em 18 de novembro de 1990, foi transferido para a então Prelazia do Alto Solimões, a qual foi instituída diocese de 1992 e dom Alcimar nomeado bispo diocesano. Ocupou este cargo até 20 de maio de 2015, quando o papa Francisco aceitou seu pedido de renúncia por ter atingido a idade limite de 75 anos.

Durante os anos em que esteve à frente da diocese do Alto Solimões, dom Alcimar desenvolveu diversos trabalhos voltados para a dimensão social, estabelecendo parcerias com entidades estrangeiras, governamentais, não governamentais e sociedade civil organizada.

Entre os projetos que desenvolveu estão, por exemplo: o zoneamento ecológico, econômico participativo na Região do Alto Solimões, em 2002; a implantação de sistemas de energia fotovoltaica, potabilização de água e educação socioambiental e sanitária, com a entidade italiana Sipec, de 2003 a 2006; a validação de Tecnologia de produção de óleo de dendê, para Biodiesel por agricultores familiares no Amazonas, em 2006.

Além disso, promoveu o desenvolvimento de agronegócios em comunidades do Alto Solimões, as flores tropicais em Tabatinga e o desenvolvimento sustentável de territórios rurais, em 2008; o desenvolvimento sustentável da Amazônia Fronteira de Brasil (Alto Solimões em Benjamin Constant), com a entidade italiana Iscos, de 2010 a 2015; a melhora da saúde e das condições de vida de comunidades indígenas da Amazônia, Rio Javari, de 2010 a 2016.

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Ao comentar sobre sua atuação social, o prelado disse que “parecia ser esse o clamor mais forte, mais urgente, mais cristão, mais humanitário que estávamos percebendo”. Nesse sentido, afirmou acreditar que “a Igreja tenha de fazer as duas coisas”, a evangelização e a ação social.

“Veja as canoas da nossa região. Nós remamos de um lado; quando a canoa toma a direção, remamos do outro. Acho que assim deve ser: no momento estamos remando de um lado, talvez aparentemente mais do lado do social, com essas preocupações, porque estamos vendo nosso povo migrar para as grandes cidades. Nossa diocese vai ficando deserta. Daqui a pouco será melhor transferir o bispo e a diocese para a periferia de Manaus. Enquanto houver gente aqui, será preciso que os acompanhemos, lendo os sinais do tempo, remando a canoa, ora de um lado, ora de outro ou, às vezes, com ambas as mãos, para que a evangelização seja confirmada pela solidariedade, pela preocupação com a vida humana, e esta seja iluminada pela palavra de Deus, pela catequese”, declarou na entrevista.

Por seu trabalho social, recebeu diversos reconhecimentos e, em 2009, foi indicado para concorrer ao Prêmio Brasileiro Imortal promovido pela Companhia Vale do Rio Doce, cujo objetivo era a eleição de seis brasileiros com atividades na área socioambiental e que tivesse real importância, apresentando benefícios e resultados comprováveis às comunidades, cidades, estados ou regiões em que atuam.

Também foi eleito Conselheiro do Estado do Amazonas para o Setor Primário, sendo condecorado pelo Governo do Amazonas com a medalha Marechal Cândido Rondon, em 1999. E, em 31 de agosto de 2008, recebeu o título de Cavaleiro da Paz, por suas ações em favor da Vida e da Paz na região do Alto Solimões e em outros lugares por onde esteve.

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