BELO HORIZONTE, 28 de jun de 2021 às 15:13
O bispo de Divinópolis, dom José Carlos de Souza Campos mandou o padre Chrystian Shankar se retratar de homilia proferida no dia 18 de junho em que denunciou, sem nomear, uma escola da cidade por estar ensinando sobre “poliamor” para crianças e adolescentes. Padre Shankar gravou um vídeo de retratação aos profissionais de educação e psicologia que se sentiram desrespeitados com a suposta generalização da crítica feita na homilia.
“Dom José conversou comigo, sempre muito ponderado, um pai, um amigo. Ele fez a seguinte colocação: o que o senhor disse, está coberto de razão, é um assunto sério, que acontece, esta família que te procurou trouxe um problema real”, disse o sacerdote. Entretanto, afirmou que “talvez a maneira como foi dito isso causou mal-estar em certos profissionais”. Por isso, pediu desculpas e se retratou pelo modo como falou, e não sobre o conteúdo da pregação.
Durante a homilia no dia 18 de junho, no Santuário Diocesano de Frei Galvão, em Divinópolis, padre Shankar contou que tinha sido procurado em sigilo por uma mãe que ouviu o filho em um telefonema sendo convidado por uma amiga para viver com ela e seu namorado uma relação a três. A mãe do adolescente entregou ao padre uma folha que teria sido usada na escola por uma psicóloga para discutir em sala de aula “novas modalidades de amor e de família”.
O sacerdote leu o conteúdo do material entregue pela mãe e comentou o caso. Alertou para o fato de acontecer em muitas escolas e buscar destruir a família e perverter as crianças. “Pegam as crianças que não têm valor ainda. Ensinando os pequenininhos que é assim, eles vão viver assim. A criança é uma tábua rasa. O plano deles é este”, disse.
O vídeo da homilia repercutiu nas redes sociais e, principalmente, na cidade de Divinópolis. Pessoas e entidades ligadas aos professores e psicólogos acusaram o sacerdote de ter ofendido essas duas classes profissionais.
Segundo nota divulgada pela assessoria de comunicação da diocese mineira ficou estabelecida a necessidade de que o padre “se retrate do modo universalizado, irreverente e pouco respeitoso com que falou dos profissionais da educação e da psicologia, mesmo que tenham suas pedagogias e abordagens próprias para seus trabalhos específicos”. A nota afirma ainda que o problema “fica localizado no modo de falar, nas referências aos sujeitos envolvidos, e não no assunto tratado, mesmo que o tema mereça muitos aprofundamentos ainda”.
Nesse sentido, durante uma live em seu Instagram no sábado, 26 de junho, o padre Shankar se retratou e pediu desculpas “por aqueles profissionais sérios, os bons profissionais que se sentiram injustamente atingidos pela minha fala”. “É lógico e claro que não foi a minha intenção. Mas, aqui a intenção não conta. Conta que me foi pedido que fizesse a retratação porque muitos entenderam que eu estava falando de todos os professores e todos os psicólogos, apesar de que o assunto era bem situado, aquela situação, aquela psicóloga, aquele professor, mas deu a entender, por interpretações diversas, que eu estava generalizando”, afirmou.
O sacerdote também falou sobre a nota da diocese de Divinópolis e afirmou que muitos, ao comentá-la, prenderam-se apenas na retratação. Porém, chamou a atenção para o fato de que o mesmo documento diz que o tema abordado na homilia “toca a compreensão doutrinal da Igreja Católica acerca do amor, do relacionamento, do matrimônio, da sexualidade, da vida” e que “há um direito institucional, constitucional e democrático de trazer a público e anunciar a verdade acerca desta matéria na ótica da fé cristã”.
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“A Igreja, a partir da Palavra de Deus, da sagrada tradição e do magistério eclesiástico, tem uma palavra sim”, disse Shankar. “Nós que somos cristãos católicos temos uma palavra e temos uma opinião sobre amor, relacionamento, matrimônio, sexualidade e vida. E a nossa opinião é através da ótica cristã”.
Segundo ele, disso se pressupõe “que é minha obrigação, é um dever que se me impõem como sacerdote” falar sobre o assunto. “Não posso abrir mão daquilo que é meu dever de orientar o povo de Deus naquilo que tange à nossa fé cristã católica, baseada na Bíblia, no magistério da Igreja e na sagrada tradição”.
Em seguida, o sacerdote disse considerar que, embora tenha feito a retratação, não era necessária, pois não foi sua intenção falar de todos os profissionais de educação e psicologia. Para ele, o que aconteceu foi “um jogo muito bem orquestrado”, no qual “conseguiram com muita maestria e inteligência desviar o foco do assunto, desviar a problemática”. “Eu assisti a alguns vídeos e ninguém toca na gravidade da matéria, ninguém toca na gravidade do que foi pregado”, afirmou. De acordo com ele, “tentaram puxar para a classe” e, assim, atrair os professores e psicólogos, desviando o foco “para o lado ideológico e político”.
“Essa questão da classe dos professores e psicólogos não confere com a verdade. Um grupo se sentiu atingido e esse grupo estendeu para a classe. E qual foi o grupo que mais se sentiu atingiu? São os que defendem essa ideologia, são os que defendem este tipo de ensino escolar”, afirmou.
No entanto, o sacerdote disse que teve apoio de profissionais da educação e da psicologia. “Eu recebi o telefone de quatro diretoras, mensagens de inúmeros professores louvando a atitude. Muitos psicólogos amigos que têm parceria comigo no Frei Galvão, essas pessoas não se sentiram atingidas”. Além disso, padre Chrystian Shankar falou de inúmeras parcerias que tem com professores e psicólogos em Divinópolis, apoiando o trabalho realizado por esses profissionais.
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— ACI Digital (@acidigital) June 25, 2021