Islamabad, 30 de jun de 2021 às 12:49
Samia, Ashia, Shazia e Nasreen (nomes fictícios) são jovens cristãs paquistanesas que tiveram que abandonar seus sonhos para o futuro por causa da pobreza e da discriminação que sofrem. No Paquistão, os cristãos são uma minoria relegada às classes mais pobres da sociedade por serem vítimas de exclusão social. As mulheres são ainda mais vulneráveis nesse cenário.
“Como pertenço a uma família cristã, meus pais sempre me alertaram para nunca falar sobre diferenças religiosas com outras pessoas. Eles nos ensinaram a simplesmente suportar qualquer tipo de discriminação, uma vez que não temos influência”, contou Samia à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
As jovens fazem parte de um programa da Fundação ACN que visa capacitar jovens cristãs. Segundo a fundação pontifícia, o apoio moral e o incentivo que os cursos proporcionam são essenciais para essas jovens cristãs, que muitas vezes se sentem sobrecarregadas e abandonadas.
Samia, Ashia, Shazia e Nasreen são nomes fictícios. Pela segurança das jovens e dos parceiros locais da ACN, a fundação de caridade não revelou os nomes verdadeiros nem as cidades onde vivem.
Samia, de 20 anos, disse à ACN que tem “medo de ser discriminada pelas leis”. “Somos uma minoria e não temos apoio no Paquistão. Vivemos com ansiedade e pressão constante. Acreditamos que se tentarmos defender nossos direitos, seremos acusados de blasfêmia como já ocorreu no passado”, afirmou.
Segundo ela, sua participação do programa de avanço das mulheres promovido pela ACN fez com que fosse “mais fortalecida” em sua fé. “O programa nos ajuda a estar mais conscientes de nossas responsabilidades e nossos direitos. Eles estão nos encorajando a nos mantermos fortes e a lutar contra a discriminação e a conversão forçada, assédio e violência e a defender nossos direitos”, afirmou.
Ashia, de 17 anos, contou que sofreu discriminação na universidade, por parte de professores e estudantes. Por isso, “não conseguia me concentrar nos estudos”. Ela compartilhou suas dificuldades com uma amiga, que a encorajou a participar do programa da ACN. “Eu ouvi as sessões de aconselhamento e eles me deram uma nova esperança de poder lidar com minhas circunstâncias. Prometi a mim mesma que não daria outra oportunidade de destruírem meu futuro. Vou estudar muito e mostrar às pessoas que o Senhor está sempre conosco, que Ele nos dá força, nos guia e nos protege”, afirmou.
Shazia, de 19 anos, precisou deixar de lado seu sonho de se formar na universidade para ajudar no sustento da família. Seu pai é motorista de riquixá, um meio de transporte em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas com um ou dois passageiros, e era a única pessoa que sustentava a família.
Com muito esforço por parte de sua família, ela conseguiu estudar engenharia de software na universidade. Mas, por causa da crise financeira, teve que abandonar os estudos e começou a trabalhar em uma fábrica para ajudar seu pai. “Eu ganhava entre oito e dez mil rúpias paquistanesas por mês (cerca de 300 reais). Achei que esse era o meu destino e esse seria o meu futuro”, contou.
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Ao conhecer o programa de apoio da Fundação ACN, “isso acendeu a centelha de esperança de que era possível fazer algo diferente em nossas vidas e conseguir trazer mudanças positivas para tantos jovens desesperados como eu”. A jovem disse que foi inspirada pela palestra motivacional e percebeu “que a educação é a única ferramenta e a chave para o sucesso”. “Tudo é possível se nos comprometermos de todo coração e enfrentarmos as dificuldades da vida com coragem”, disse.
Uma das participantes mais jovens do programa é Nasreen, de 15 anos. Ela estava no nono ano de um curso de escola estadual quando teve início a pandemia de Covid-19 e o confinamento gerou problemas financeiros para sua família.
Como sua família não tinha condições de continuar pagando os estudos, a menina precisou abandonar a escola. “Fiquei muito magoada e chateada, mas não pude falar sobre isso com meus pais porque eles já estavam sofrendo muito por conta da situação financeira difícil da família”, disse.
Na escola, Nasreen era a única jovem cristã na sala de aula e seus colegas a “submetiam a constante discriminação e preconceito”. “Eu estava completamente perdida e desesperada por causa do que estava acontecendo comigo”, contou. Foi quando conheceu o programa da ACN, onde lhe “explicaram que a formação era vital para poder crescer pessoal e espiritualmente”.
“Sou muito grata à ACN por ter sido a fonte de uma mudança tão grande na minha vida. Por enquanto, a chama de fé e esperança está iluminando meu caminho e não vou deixá-la ser extinta por qualquer tipo de discriminação”, disse.
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— ACI Digital (@acidigital) April 12, 2021